De 0 a 10, índice do governo dá nota 5,4 à saúde pública no Brasil
Só 1,9% vivem em cidades com nota acima de 7,0, meta a ser alcançada.
Índice de Desempenho do SUS foi lançado nesta quinta pelo ministério.
Índice elaborado pelo governo revela que somente 1,9% da população  brasileira vive em municípios cujos serviços públicos de saúde têm notas  que alcançam a meta estipulada pelo Ministério da Saúde.  São, no total, 3,6 milhões de pessoas residentes nas 347 cidades com  nota acima de 7,0 no Índice de Desempenho do SUS (IDSUS), lançado nesta  quinta (1) pelo ministério.
  Trata-se de uma parcela menor que a dos 5,7 milhões de brasileiros que  vivem nas 132 cidades com os piores serviços do Sistema Único de Saúde  (SUS), isto é, com notas inferiores a 3,9. A média nacional resultante  do índice é 5,4.
  "O país passou raspando, na nossa avaliação", disse Paulo de Tarso  Ribeiro de Oliveira, diretor do Departamento de Monitoramento e  Avaliação do SUS.
  Segundo o Ministério da Saúde, o índice, que será atualizado a cada  três anos, pretende avaliar o desempenho dos serviços oferecidos pelo  SUS nos municípios.
  O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, classificou o lançamento do  novo índice como parte de uma "obsessão" do governo em avaliar seus  serviços e atribuiu à presidente Dilma Rousseff essa cobrança. "O SUS  não pode forma alguma temer o processo de avaliação. [...] Muito pelo  contrário: tem que ser algo visto como fundamental para que a gente dê  conta de avançar no SUS", declarou.
  Com pontuação que vai de 0 a 10, as aferições levaram em conta dados  sobre saúde básica, ambulatorial, hospitalar e de emergência repassados  pelos municípios a bases de dados nacionais (IBGE, Ipea, entre outros)  entre 2008 e 2010 (veja aqui a lista dos indicadores que integram o índice).
  Ao gerar a nota, o ministério leva em conta o acesso aos serviços do  SUS e se esses serviços são prestados em sua totalidade. Esses  critérios, ponderados, resultam na nota final.

A maior parte da população (46,5%, ou 88.673.765), segundo os dados da  Saúde, vive em municípios com índices de 5 a 5,9 - notas consideradas  regulares; 24,5% dos brasileiros, ou 46,6 milhões vivem em localidades  com notas entre 6 e 6,9; e 45,9 milhões (24,1%) estão em localidades  cuja nota está entre 4 e 4,9.
  A região com maior pontuação foi o Sul, com 6,12. O Sudeste teve nota  5,56; o Nordeste, 5,28; e o Centro-Oeste, 5,26. Por último ficou a  região Norte, com 4,67.
  Maiores e menores 
Ao ranquear os municípios, o  ministério os dividiu em seis grupos, de acordo com perfis  socioeconômico e de estrutura de saúde. De acordo com o critério adotado  pelo ministério, nos grupos 1 (29 municípios) e 2 (94 municípios),  estão as cidades mais ricas, com estruturas de saúde pública mais  complexas; nos grupos 3 (632 municípios) e 4 (587 municípios), estão as  cidades com pouca estrutura de média e alta complexidade; e, nos grupos 5  (2.038 cidades) e 6 (2.183), as cidades menores, com pouco ou nenhum  atendimento especializado.
  Dos seis mais bem colocados por grupo, cinco são do Sudeste e um do  Sul. Segundo o IDSUS 2012, os municípios com as maiores notas por grupo  são Vitória (ES), com 7,08, no Grupo 1; Barueri (SP), com 8,22, no Grupo  2; Rosana (SP), com 8,12, no Grupo 3; Turmalina (MG), com 7,31, no  Grupo 4; Arco-Íris (SP), com 8,38, no Grupo 5; e Fernandes Pinheiro  (PR), com 7,76, no Grupo 6.
  Entre os piores índices por grupo, há duas cidades do Sudeste, três do  Norte e uma do Nordeste: Rio de Janeiro, no Grupo 1, com nota 4,33; São  Gonçalo (RJ), no Grupo 2, com 4,18; Colorado do Oeste (RO), no Grupo 3,  com 3,65; Novo Repartimento (PA), no Grupo 4, com 2,56; Cujubim (RO), no  Grupo 5, com 3,20; e Pilão Arcado (BA), no Grupo 6, com 2,50.
  Embora evite fazer comparação entre grupos, na avaliação do coordenador  geral do Sistema de Monitoramento e Avaliação do ministério, Afonso  Teixeira dos Reis, é possível dizer que o último colocado do Grupo 1  pode ser considerado pior do que o último no ranking do Grupo 6.
  Segundo ele, a complexidade dos serviços de saúde de uma cidade como o  Rio de Janeiro coloca a capital fluminense em posição de vantagem. Mas,  segundo ele, no caso das grandes cidades, o acesso ao serviço, que tem  peso maior na nota final do IDSUS, é um problema - filas e áreas  isoladas pela violência urbana são fatores comuns. Em contrapartida,  diz, é mais fácil administrar os serviços de saúde de uma cidade com  poucos habitantes.
  Distorções
O ministério considera a criação do IDSUS a primeira etapa para o desenvolvimento de um programa regular de avaliação do SUS - aos moldes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), usado pelo Ministério da Educação para avaliar os ensinos fundamental e médio públicos do país. O índice da saúde é calculado com base em informações oferecidas pelos municípios, agregadas em vários bancos de dados nacionais (IBGE, Ipea, entre outros), e deve ser divulgado a cada três anos.
  Os próprios técnicos do governo reconhecem que existem melhorias a  serem feitas para que o índice ofereça um recorte mais próximo da  realidade. Ele não contempla, por exemplo, o nível de satisfação do  usuário do SUS ou mesmo o tempo que um usuário leva para ser atendido -  queixas comuns no serviço.
  Questionados sobre a confiabilidade dos dados repassados pelas  administrações municipais, técnicos do ministério afirmaram que os  bancos de dados disponíveis atualmente são confiáveis. Disseram, porém,  que eventuais distorções nas notas devem ser sanadas com a divulgação  regular dos índices.
  "Não é de interesse do município, por exemplo, aparecer mal no ranking  de seu grupo na próxima avaliação por não preencher corretamente os  protocolos com, por exemplo, a quantidade de atendimentos realizados",  disse Paulo de Tarso.
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