sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Revalida 2017



Participantes da 2ª Etapa do Revalida já podem consultar a versão preliminar do Padrões Esperados de Procedimentos


O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou as versões preliminares dos Padrões Esperados de Procedimentos (PEP) do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira (Revalida) 2017. Os padrões são referentes à Prova de Habilidades Clínicas que configura a 2ª Etapa do Exame. O Revalida foi aplicado no último fim de semana, em 17 e 18 de novembro, em cinco capitais: Brasília (DF), Curitiba (PR), São Luís (MA), Manaus (AM) e Belo Horizonte (MG).

A segunda etapa do Revalida é uma Prova de Habilidades Clínicas na qual o participante percorre dez estações para resolução de tarefas sobre investigação de história clínica, interpretação de exames complementares, formulação de hipóteses diagnósticas, demonstração de procedimentos médicos e aconselhamento a pacientes ou familiares. No Sistema Revalida estão disponíveis os padrões das dez estações, com a descrição do que os avaliadores esperavam dos médicos em cada situação. Os padrões estão divididos por estação de prova. Também são disponibilizadas as instruções e materiais que deram suporte à resolução das tarefas.

Recursos – A interposição de recurso frente às versões preliminares dos Padrões Esperados de Procedimentos (PEP) estará disponível no Sistema Revalida das 10h do dia 26 de novembro até 23h59min do dia 28 de novembro, conforme previsto no Edital. 

Deve ser considerado o Horário de Brasília.

Revalida – O Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira (Revalida) subsidia os processos de revalidação, feito por determinadas universidades públicas, dos diplomas de médicos que se formaram no exterior. O Revalida é direcionado aos médicos estrangeiros e brasileiros que se graduaram em outro país e querem exercer a profissão no Brasil. Para participar é preciso ser brasileiro ou estrangeiro em situação legal de residência no Brasil, e ter diploma médico expedido por instituição de ensino superior estrangeira, reconhecida no país de origem pelo seu ministério da educação ou órgão equivalente, e autenticado pela autoridade consular brasileira.

Astana



Astana: uma conferência para se ler de trás para frente

‘É hora de agir!’, conclamam os integrantes da delegação brasileira, que apresentam aqui suas impressões sobre o evento


Todos nós estávamos preparados para ir para casa depois de três dias de debates intensos e produtivos e de ter desfrutado da atmosfera especial criada pelo povo do Cazaquistão. Durante os dias da Conferência Global sobre Atenção Primária à Saúde, na capital do país, Astana, ficamos embevecidos pelo espírito de Alma Ata nas palavras, ideias e compromissos, mas nada sintetizou mais o momento do que a fala final apaixonada, articulada e visionária da diretora regional para as Américas da OMS, Carissa Etienne. Ela trouxe à tona o profundo compromisso com a justiça social que, em 1978, encantou toda a comunidade de saúde pública do mundo – e continua a fazê-lo. De forma enfática, iniciou seu discurso afirmando que saúde não é mercadoria, é direito de todos e responsabilidade governamental. Clamou por uma nova “saúde para todos", que fosse não só sobre o acesso a serviços de qualidade em saúde, mas além, uma força para impulsionar o desenvolvimento sustentável, convocando outros setores a também se comprometerem a contribuir para um mundo melhor e saudável.

A grande ovação que a dra. Etienne recebeu de uma multidão de cerca de 2 mil participantes, autoridades, acadêmicas(os), trabalhadoras(es) da saúde, sociedade civil e representantes do setor privado, deve ser a imagem que, novamente, vai inspirar a saúde pública nas décadas futuras. Pode ser que tenha sido o Cazaquistão, terra gentil e de povo solidário e audacioso, que promoveu momentos especiais para a saúde pública, no passado e no presente. O que é certo é que todos nós esperamos que a Declaração de Astana inspire os líderes atuais e de gerações futuras. Ali estiveram jovens que, pela primeira vez, participaram ativamente desse tipo de conferência, contribuindo, às vezes, de forma mais clara e precisa que outros expositores tradicionais.


A grande ovação que a dra. Etienne recebeu de uma multidão de cerca de 2 mil participantes, autoridades, acadêmicas(os), trabalhadoras(es) da saúde, sociedade civil e representantes do setor privado, deve ser a imagem que, novamente, vai inspirar a saúde pública nas décadas futuras.


Durante os três dias, as(os) participantes examinaram a atenção primária à saúde no contexto da Agenda 2030. Saúde é ao mesmo tempo um tema central, um indicador e a melhor evidência do sucesso na implementação da Agenda.

A atenção primária à saúde é o fundamento de sistemas de saúde sustentáveis, primeiro ponto de entrada efetivo e eficiente nos sistemas de saúde e marco conceitual do que deve ser feito para avançar na saúde e no bem-estar. A Declaração de Astana propõe que:

- Governos e sociedades devem priorizar, promover e proteger a saúde e o bem-estar das pessoas, tanto no plano da população, quanto nos níveis individuais, por meio de sistemas de saúde fortalecidos;
- Cuidados primários de saúde e serviços de saúde devem ser de alta qualidade, seguros, abrangentes, integrados, acessíveis, disponíveis e alcançáveis para todos e em todos os lugares, propiciados com compaixão, respeito e dignidade, por profissionais de saúde bem treinados, qualificados, motivados e comprometidos;
- Garantia de ambientes que propiciem a boa saúde de indivíduos e comunidades engajados em manter e aprimorar sua saúde e o bem-estar;
- Parceiros e interessados devem estar alinhados no fornecimento de apoio efetivo às políticas nacionais de saúde, estratégias e planos.

A apresentação do desenvolvimento do Plano de ação global para a vida saudável e bem-estar para todos, em uma sessão de Alto Nível, serviu para promover o engajamento dos países, das organizações internacionais, da sociedade civil e do setor privado. O plano de ação, iniciativa de líderes globais, marca o início de um esforço para apoiar a implementação da Agenda 2030 por meio de: alinhar ações, acelerar a implementação e prestar contas:

Alinhar: alinhar e coordenar para reduzir duplicidades e ineficiências;
Acelerar: abordar as sete áreas transversais, nas quais esforços mais inovadores e sinergísticos podem acelerar significativamente o progresso na saúde global;
Prestar contas: desenvolver um esquema para avaliar os resultados e vincular os investimentos e os resultados.

Tratar os temas da Agenda 2030 e da atenção primária juntos é uma abordagem inovadora e promissora para a saúde pública em suas diversas dimensões, como os determinantes sociais, comerciais e ambientais da saúde; o acesso a serviços de saúde de qualidade; pesquisa, desenvolvimento e inovação para disponibilizar novas tecnologias para a saúde e para enfrentar grandes desafios (segurança humana, saúde mental, resistência antimicrobiana e uso adequado da tecnologia da informação e das tecnologias sociais, entre outros).

"Não será fácil" era uma frase comum ouvida em muitas sessões, quando se tratava de discutir a saúde vis-à-vis os grandes desafios econômicos, sociais, políticos e do ambiente físico que o mundo enfrenta hoje. Todas essas áreas estão em crise e dando sinais de que são necessárias mudanças profundas para poder ajustar o desenvolvimento às novas dimensões da população e da crise planetária. Muitos disseram que a saúde não é um problema ou fonte de gasto, mas essencialmente a melhor solução para inspirar e promover as mudanças necessárias e construir a equidade social. Tudo depende de como a saúde será posicionada e como atenção primária terá oportunidade de ser ator principal nesse jogo difícil.

Tratar os temas da Agenda 2030 e da atenção primária juntos é uma abordagem inovadora e promissora para a saúde pública em suas diversas dimensões

Todos trazemos mensagens claras e inspiradoras para casa. O Brasil, com seu sistema universal de saúde, o SUS, e a Estratégia Saúde da Família, foi mencionado várias vezes como exemplo por seu impacto positivo no acesso e na melhoria da saúde da população, e todos nós esperamos que, no futuro, continue sendo assim, inspirando a garantia dos direitos humanos, da equidade e da democracia.

Na página da conferência é possível conferir vídeos das várias sessões plenárias e paralelas sobre temas específicos como Força de trabalho, Saúde mental, Resistência antimicrobiana (com a participação da diretora assistente da OMS, a brasileira Mariângela Simão) e Acesso a vacinas, medicamentos e produtos (com a participação do diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz, Paulo Buss).

O documento preparado e apresentado pela Fiocruz e Conselho Nacional de Saúde [em português, espanhol e inglês], que afirma a atenção primária à saúde e os sistemas universais de saúde como compromissos indissociáveis e direito humano fundamental, foi compartilhado com todos os participantes do evento. Ele sintetiza a história, os desafios e perspectivas para continuar a perseguir uma melhor saúde para todos. A presidente da Fiocruz, Nisia Trindade, tem liderado esforços para organizar a capacidade técnica da Fiocruz de modo a continuar apoiando a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

A Declaração de Astana foi submetida a consultas públicas e a processo negociador com os Estados-membros da OMS. Foram mais de 60 horas de negociação do texto, com participação ativa do Brasil. Entre as pautas prioritárias apresentadas pelo país destacam-se: reafirmação da Declaração de Alma Ata, direitos humanos e direito à saúde, fortalecimento dos sistemas universais de saúde, responsabilidade primordial dos governos na garantia do direito à saúde, justiça social, equidade e financiamento adequado e sustentável.

Os três primeiros artigos da Declaração de Astana reafirmam o compromisso com Alma Ata e reconhecem a importância da APS e os desafios a enfrentar:

I - Afirmamos enfaticamente nosso compromisso com o direito fundamental de todo ser humano para o gozo do mais elevado padrão de saúde possível de atingir, sem distinção de qualquer tipo. Na comemoração do 40º aniversário da Declaração de Alma Ata, reafirmamos nosso compromisso com todos os seus valores e princípios, em particular, com a justiça e a solidariedade, e salientamos a importância da saúde para a paz, a segurança e o desenvolvimento socioeconômico e a sua interdependência.
II – Estamos convencidos de que o fortalecimento da atenção primária à saúde (APS) é a abordagem mais inclusiva, eficaz e eficiente para melhorar a saúde física e mental das pessoas, bem como o bem-estar social, e que a APS é a pedra angular de um sistema de saúde sustentável para a cobertura universal de saúde (UHC) e Agenda 2030 e seus objetivos de desenvolvimento sustentável relacionados à saúde [...].
III – Em todas as partes do mundo ainda existem necessidades de saúde insatisfeitas.

Os artigos IV a VII falam sobre os compromissos:
IV – Fazer escolhas políticas ousadas para a saúde em todos os setores
V – Desenvolver uma atenção primária à saúde sustentável
VI – Empoderar indivíduos e comunidades
VII – Alinhar o apoio das partes interessadas às políticas, estratégias e planos nacionais

A Declaração também reconhece que todo sucesso da atenção primária à saúde será dependente de: Conhecimento e capacidades; Recursos humanos para a saúde; Tecnologia; e Financiamento.

Temos o que precisamos para cobrar de governos, setor privado e organizações da sociedade civil, suas responsibilidades para promover melhor saúde e bem-estar para todos até 2030. A trajetória a ser percorrida pela Declaração, a partir de Astana, será: 1) exame por parte do Comitê Executivo da OMS (Genebra, janeiro de 2019), presidido pela embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo, do Brasil, que a colocará como parte de uma Resolução da OMS sobre APS; 2) submissão dessa Resolução, que contém a Declaração, à Assembleia Mundial da Saúde (Genebra, maio de 2019); e 3) finalmente, num momento importante e singular, o tema da atenção primária à saúde será examinado pela própria Assembleia Geral das Nações Unidas – corpo maior de decisão da ONU – durante a Reunião de Alto-nível sobre Cobertura Universal de Saúde (UHC), em setembro de 2019. Em qualquer desses momentos, haverá possibilidade de os Estados-membros incidirem com aperfeiçoamentos na Declaração, não no seu texto que, desde Astana, fica imutável, mas por meio de recomendações às agências das Nações Unidas, aos governos dos Estados-membros e à própria sociedade civil nacional e global, para adequadamente implementarem os princípios aprovados.

Conclamamos todos os interessados a acompanhar esse processo simultâneo de reafirmação e renovação da APS, nos planos global e nacional. Que acompanhem cada fase e participem dos eventos que, ao menos no Brasil, serão desenvolvidos pela Fiocruz, para difundir e debater o tema da APS, no momento de incertezas que temos pela frente.

É hora de agir!

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Habilidades de Comunicação



 

Comunicação de Notícias Difíceis 

em Cuidados Paliativos


O Projeto de Educação Médica Continuada e a Câmara Técnica de Cuidados Paliativos do CRM-PR promovem, no dia 28 de novembro, evento com o tema "Comunicação de Notícias Difíceis em Cuidados Paliativos". Podem participar médicos, estudantes de Medicina e demais interessados.

Para se inscrever, clique aqui e informe o tipo de participação (presencial ou online). A transmissão online é disponibilizada no site do CRM-PR no dia do evento e a sala virtual abre 1h antes do início da aula. O participante deverá acessar a página inicial do site e clicar no botão (quadro laranja) da "Transmissão Online", quando será direcionado para a sala virtual. Confira os pré-requisitos técnicos para garantir uma boa conexão.


Programação:

20h00 | Abertura
20h10 | Palestra: Comunicação de Notícias Difíceis em Cuidados Paliativos
Palestrante: Dra. Ursula Bueno do Prado Guirro (CRM-PR 25.634)
21h00 | Perguntas e Respostas 
22h00 | Encerramento 


Conheça a palestrante

Dra. Ursula Bueno do Prado Guirro (CRM-PR 25.634)
Conselheira do CRM-PR. Formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-MG), em 2003, é especialista em Anestesiologia (RQE 513). É mestre e doutora em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atua como professora de Bioética e Cuidados Paliativos do curso de Medicina da UFPR e trabalha também com Humanização e Cuidados na Terminalidade da Vida.

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Certificados

Todos os certificados de Educação Médica Continuada são disponibilizados no site do CRM-PR em até 30 dias após a realização do evento.
 
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Serviço:

Comunicação de Notícias Difíceis em Cuidados Paliativos
Data: 28 de novembro de 2018
Hora: das 20h às 22h
Local: Auditório Raquele Rotta Burkiewicz, Sede do CRM-PR (Rua Victório Viezzer, 84 – Vista Alegre – Curitiba, PR)
Informações: eventos@crmpr.org.br | (41) 3240-4045




 FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO 

 

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Scopus na Capes



Capes disponibiliza plataforma científica com mais de 60 milhões de registros

Ferramenta Scopus inclui cerca de 130 mil livros, além de periódicos revisados, publicações e artigos de editoras internacionais


 Visitantes encontram no acervo a plataforma multidisciplinar Scopus
  Foto: Arquivo/ Agência Brasil 


O acervo da biblioteca virtual do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) disponibiliza a plataforma Scopus. O ambiente abrange pesquisas e trabalhos científicos.

A Scopus trata das Ciências Sociais, Exatas, Humanas e Biológicas, com resumos e citações de diversos tipos de arquivos. O conteúdo inclui cerca de 130 mil livros (10 mil títulos incluídos por ano), e mais de 60 milhões de registros, que incluem periódicos revisados, publicações comerciais e articles-in-press de editoras internacionais, como Cambridge University Press, Springer Nature e Wiley.

Mais de quatro mil publicações de acesso aberto, anais de conferências, páginas da web com conteúdos científicos e patentes de escritórios podem ser encontrados na plataforma.

O usuário pode ainda utilizar ferramentas de apoio à análise de resultados (bibliometria), como identificação de autores e filiações, análise de citações, análise de publicações e índice H. Atualizada diariamente, a plataforma conta com recursos que auxiliam o pesquisador nas buscas, tais como criação de alertas e listas para armazenar documentos durante a sessão de busca.

A área de Materiais didáticos do Portal de Periódicos abriga dois documentos sobre a Scopus para que os usuários esclareçam dúvidas. Os arquivos oferecem informações sobre tipos de busca, forma de selecionar alertas e feeds, opções de exportação dos resultados, quantidade e tipos de publicações disponíveis, diferenciais do conteúdo, entre outros pontos.

Para explorar os recursos da plataforma Scopus, acesse a opção Buscar base do Portal de Periódicos.

Fonte: Portal Brasil, com informações da Capes

Multiple choice questions



Analysis of MCQ and distractor use in a large first year Health Faculty Foundation Program: assessing the effects of changing from five to four options

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BMC Medical Education 2018, 18:252

Abstract

Background

Multiple choice questions are commonly used in summative assessment. It is still common practice for tertiary institutions and accrediting bodies to use five-option single best answer multiple choice questions, despite a substantial body of evidence showing that multiple choice questions with only three or four options provide effective and discriminatory assessment.

Methods

In this study we investigated the distribution of distractor efficacy in exams from four large first-year undergraduate courses in chemistry and in anatomy and physiology in a Health Faculty; assessed the impact on overall student score after changing from five-option to four-option single best answer multiple choice questions; and assessed the impact of changing from five options to four options on item difficulty and discrimination.

Results

For the five-option questions analysed, 19% had four effective distractors, which is higher than previous studies, but still a minority of questions. After changing from five to four options, the overall student performance on all multiple choice questions was slightly lower in the second offering of one course, slightly higher in the second offering of another course, and similar in the second offering for two courses. For a subset of questions that were used in both offerings, there were negligible differences in item difficulty and item discrimination between offerings.

Conclusions

These results provide further evidence that five-option questions are not superior to four-option questions, with reduction to four options making little if any difference to overall performance, particularly when MCQ is used in conjunction with other assessment types (including short answer questions, and practical or laboratory assessment). Further areas of study that arise from these findings are: to investigate the reasons for resistance to changing established assessment practice within institutions and by accrediting bodies; and to analyse student perceptions of the impact of a reduced number of options in MCQ-based assessment.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Sigilo de dados de saúde



Médicos denunciam acesso irrestrito a dados de pacientes

“Estes dados clínicos devem ser absolutamente confidenciais, são protegidos por normas legais e pelo segredo profissional médico” - reforçam os médicos na denúncia.


Roberto Henrique






A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), entidade responsável pela fiscalização do novo Regulamento de Proteção de Dados  da União Europeia (GDPR – General Data Protection Regulation) acaba de aplicar uma multa de 400 mil euros ao Centro Hospitalar Barreiro Montijo, localizado em Portugal, por permitir o acesso indiscriminado de dados clínicos de pacientes por funcionários não autorizados, entre outras violações previstas na GDPR.

O processo iniciou-se com a denúncia realizada por médicos que trabalham no hospital e que constataram as falhas de segurança no sistema que registra os dados pessoais e de tratamento dos pacientes. Segundo o sindicato que representa os profissionais, o conselho administrativo do hospital estava ciente das vulnerabilidades no sistema.



 Imagens: Pixabay



Uma das vulnerabilidades constatadas pela auditoria da CNPD, permitia que funcionários do setor de Serviços Sociais tivessem usuários cadastrados no sistema com os mesmo privilégios de acesso dos usuários médicos, violando assim, não somente os princípios da GDPR, mas também normas que regulamentam o segredo profissional entre médico e paciente, por exemplo.

Também foram constatadas deficiências na gestão de usuários, pois o hospital possui em seu quadro de médicos apenas 296 profissionais, porém no sistema foram localizados 985 usuários ativos. Segundo o hospital, estes outros 689 usuários ativos são de profissionais que tiveram passagem temporária pela instituição, mas que em um ambiente devidamente monitorado, jamais poderia ser permitido.

Por fim , o hospital não dispunha de regras internas para a criação de contas (que eram criadas depois do envio de e-mails pelos diferentes diretores dos serviços) ou seja, se não havia controle na gestão dos usuários e nem um processo de autorização padronizado para conceder acessos a novos usuários, quanto menos deveria ter para remover acessos de quem estivesse se desligando do hospital, o que ficou evidente na lista de 689 médicos excedentes.

Para o cenário brasileiro, fica o alerta com a aplicação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), pois erros como os citados acima são mais do que rotineiros nas organizações que passam por eventuais auditorias, só que agora, mais do que uma não conformidade, o descumprimento de requisitos similares a estes, poderá significar prejuízo financeiro imediato, se houver o mesmo rigor na aplicação de multas.

Isso é algo que ainda não está muito claro no Brasil, pelo fato de não termos a definição de como irá funcionar na prática a entidade que será responsável pela fiscalização e aplicação das penalidades a todas as empresas que descumprirem os requisitos previstos na lei. Por isso, é bom aproveitar o momento e botar a casa em ordem, pois faltam apenas 16 meses para que todos se adaptem a esta nova realidade.