segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Universidade Federal da Integração Latino-amaricana

Governo Federal cria a UNILA



Agência FAPESP – 15/01/2010

A cidade de Foz do Iguaçu (PR) sediará a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) que foi criada oficialmente na terça-feira (12/1).
A nova universidade pretende manter um quadro de 10 mil alunos até 2015 e um quadro docente formado metade por brasileiros e a outra metade por professores de outros países latino-americanos.
As aulas serão ministradas em português e espanhol e a Unila usará as instalações da usina hidrelétrica de Itaipu, localizada próxima à tríplice fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai.
O cronograma de implantação prevê a conclusão do projeto pedagógico até o fim deste mês e a abertura de concurso para a contratação de professores e técnicos. O primeiro vestibular da Unila deverá ocorrer no segundo semestre deste ano.

Mais informações: www.unila.ufpr.br

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Revalidação de diplomas estrangeiros de Medicina

Novo edital do Projeto Piloto para Revalidação de Diplomas Médicos

Fonte: SGTES/MS


A Secretária de Educação Superior do Ministério da Educação e a Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde publicam portaria  interministerial de abertura de inscrições para o Projeto Piloto de Revalidação de Diplomas de Médico Obtidos no Exterior. 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Plano Nacional de Educação


País deverá manter políticas que deram certo

Autor(es): Luciano Máximo
Valor Econômico - 11/01/2010
 
Em maio deste ano, educadores e autoridades se reunirão em em Brasília para definir o Plano Nacional de Educação, documento que vai renovar as diretrizes da política pública de educação para os próximos dez anos. O químico Mozart Neves Ramos, presidente-executivo do Todos pela Educação, movimento educacional patrocinado, entre outras empresas, por Banco Real, Itaú Unibanco, Gerdau, Suzano e Odebrecht, elegeu a Conferência Nacional de Educação (Conae) como um dos acontecimentos mais relevantes do ano para o setor, porque o resultado do evento deverá "enterrar de vez o mal da descontinuidade" na área, justamente em um período eleitoral.
"É importante considerar os avanços, a sociedade não comporta mais descontinuidade", afirma Mozart, que, entre 1996 e 2003, foi reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e secretário de Educação do Estado nordestino. Além de defender a manutenção dos avanços, como os modelos de financiamento e de avaliação, Mozart espera que o plano dê prioridade a grandes metas, como a universalização do ensino médio e a melhor formação no fundamental. Ele diz ainda que o investimento brasileiro em educação é baixo e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu a chance de liderar uma transformação do setor. "Uma lacuna do governo Lula foi ele não ter, como o grande líder que é, conclamado a sociedade para a causa da educação", lamenta. A seguir, a entrevista com o dirigente do Todos pela Educação:
Valor: Como o sr. avalia o que tem sido feito na área educacional?
Mozart Neves Ramos: Primeiro, a introdução da cultura de metas. O discurso e as políticas saíram do foco do professor e entraram no foco do aluno, o que valoriza o aprendizado. O financiamento público melhorou e os investimentos avançaram.
Valor: Por que é importante ter metas na educação?
Mozart: Isso nos permite aferir se a política está na direção certa. Quando o Brasil não tinha cultura de metas era sempre muito difícil entender se uma determinada política dava resultado ou não. O Brasil conseguiu reduzir a mortalidade infantil graças a metas que identificaram as causas do problema. No meio ambiente também há indicadores, mas na educação é recente.
Valor: Dá para dizer que 2010 é um ano decisivo para a educação?
Mozart: Sim, a Conae, em maio, terá que criar um bom ambiente para a construção do novo Plano Nacional de Educação para os próximos dez anos, e isso traduzido em poucas metas. Também precisamos trabalhar com a ideia de continuidade. Um dos males no Brasil é a descontinuidade, a ideia de que muda governo muda tudo. A educação sempre foi trabalhada como plano de governo, mas o certo é um plano de nação, de sociedade.
Valor: O momento é favorável para garantir continuidade?
Mozart: Não tenho dúvida. A sociedade não comporta descontinuidade nas políticas públicas que estão dando certo. Quem quer que seja o próximo presidente, o próximo ministro, não pode dizer que nada aconteceu e vai tudo acontecer agora. É importante considerar os avanços. Dois exemplos são o Saeb e o Fundef, criados no governo FHC, e aperfeiçoados na gestão atual com a Prova Brasil e o Fundeb.
Valor: Quais as grandes metas?
Mozart: Devemos ter um conjunto de 10 a 15 metas, três por cada ciclo de ensino. Por exemplo: já colocamos quase 100% das crianças na escola. A meta agora é perseguir um aprendizado efetivo. No ensino médio temos o desafio da universalização e de corrigir a distorção idade-série. Mais de 80% dos jovens de 15 a 17 anos estão matriculados, mas apenas metade, 48%, está na idade correta. A outra metade está no ensino fundamental, e outros 1,8 milhão, fora da escola.
Valor: A sociedade brasileira está mobilizada para mudar isso?
Mozart: Estudos demonstram isso. Alguns pais não tiveram acesso à escola e têm percepção favorável quanto à qualidade da educação hoje. Eles veem seus filhos com livro, fardamento, merenda e se mostram satisfeitos. Claro, não tiveram nada disso. Agora, há uma nova geração de pais que terminou o ensino médio e perdeu chances no mercado de trabalho. Esses reconhecem que o aprendizado foi ruim, desenvolveram a percepção de que o filho tem que aprender, só ter escola não basta. Há dois anos, soube de um fato que não tinha visto nem quando era secretário de Educação em Pernambuco: uma mãe matriculou os dois filhos mais velhos na escola particular. Os dois mais novos precisaram ir para a escola pública, porque o dinheiro não dava. No dia a dia em casa, ela começou a perceber um certo distanciamento entre as crianças, um "gap" de aprendizagem. Ela entrou no Ministério Público para cobrar da prefeitura melhor qualidade de aprendizado dos filhos mais jovens. Se juntarmos esforços de mobilização com movimentos, a mídia cada vez falando mais sobre educação, vamos criar um caldo bom para cobrar qualidade.
Valor: O sr. falou em foco no aluno, mas e o professor?
Mozart: Enquanto o Brasil não resolver o problema da valorização do professor fica complicado avançar. Propomos quatro eixos: 1) salário inicial atraente para atrair os melhores jovens; 2) carreira que faça o trabalhador vislumbrar perspectivas e ter seus esforços premiados; 3) formação inicial e continuada: nos países que priorizaram a educação (Coreia do Sul e Irlanda) os professores são acompanhados pelo governo para que estejam sempre antenados com a escola pública. No Brasil, a formação continuada virou complementar, a universidade se descolou da educação básica e não forma bons professores; 4) condição de trabalho: o profissional nunca vai render bem sem estrutura.
Valor: Os investimentos em educação hoje são suficientes?
Mozart: O investimento público direto por aluno ano, considerando as três esferas de governo, foi de R$ 2.005 no ano passado; em 2006 era R$ 1.700. Houve um salto, mas que decorreu mais do crescimento econômico. Mesmo assim o investimento aqui é muito baixo. Argentina, Chile e México investem duas vezes mais que o Brasil, cerca de US$ 2 mil; países da Europa, seis vezes mais. Defendemos que os aportes em educação básica cheguem a 5% do PIB até 2012 - o patamar hoje é de 3,9% do PIB. Com o fim da DRU, que desvinculava receitas orçamentárias da educação, o país terá algo em torno de R$ 9 bilhões a mais, um impacto que dá para chegar a 4,2%, 4,3% do PIB. Para os 5%, o Brasil precisaria de mais R$ 25 bilhões.
Valor: Financiamento público e salário cresceram, além de outros avanços. É correta a percepção de que a educação melhorou?
Mozart: Sim, mas não na velocidade desejada. Os países começaram a perceber que educação de qualidade é o diferencial para se chegar à inovação. Enquanto saímos de um ponto e avançamos, países que estavam competindo conosco saíram do mesmo ponto e chegaram mais à frente. A diferença relativa aumentou, esse é o drama. Não basta melhorar, tem que melhorar mais rápido.
Valor: O país está perto de alçar a educação a um nível prioritário?
Mozart: Não sou otimista. Lula tem uma tecnologia de comunicação social fabulosa. Ele consegue falar de "A" a "Z" com todo mundo. Infelizmente, ele não fala muito sobre educação. Agora se o Lula falasse de educação um décimo do que fala do PAC, a gente poderia estar em outro patamar de prioridade. Uma lacuna do governo Lula na área social foi ele não ter, como o grande líder que é, conclamado a sociedade para a causa da educação. É a única pessoa que poderia ter feito isso hoje no Brasil, mas não fez. Uma pena.
Valor Econômico - 11/01/2010
 
Em maio deste ano, educadores e autoridades se reunirão em em Brasília para definir o Plano Nacional de Educação, documento que vai renovar as diretrizes da política pública de educação para os próximos dez anos. O químico Mozart Neves Ramos, presidente-executivo do Todos pela Educação, movimento educacional patrocinado, entre outras empresas, por Banco Real, Itaú Unibanco, Gerdau, Suzano e Odebrecht, elegeu a Conferência Nacional de Educação (Conae) como um dos acontecimentos mais relevantes do ano para o setor, porque o resultado do evento deverá "enterrar de vez o mal da descontinuidade" na área, justamente em um período eleitoral.
"É importante considerar os avanços, a sociedade não comporta mais descontinuidade", afirma Mozart, que, entre 1996 e 2003, foi reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e secretário de Educação do Estado nordestino. Além de defender a manutenção dos avanços, como os modelos de financiamento e de avaliação, Mozart espera que o plano dê prioridade a grandes metas, como a universalização do ensino médio e a melhor formação no fundamental. Ele diz ainda que o investimento brasileiro em educação é baixo e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu a chance de liderar uma transformação do setor. "Uma lacuna do governo Lula foi ele não ter, como o grande líder que é, conclamado a sociedade para a causa da educação", lamenta. A seguir, a entrevista com o dirigente do Todos pela Educação:
Valor: Como o sr. avalia o que tem sido feito na área educacional?
Mozart Neves Ramos: Primeiro, a introdução da cultura de metas. O discurso e as políticas saíram do foco do professor e entraram no foco do aluno, o que valoriza o aprendizado. O financiamento público melhorou e os investimentos avançaram.
Valor: Por que é importante ter metas na educação?
Mozart: Isso nos permite aferir se a política está na direção certa. Quando o Brasil não tinha cultura de metas era sempre muito difícil entender se uma determinada política dava resultado ou não. O Brasil conseguiu reduzir a mortalidade infantil graças a metas que identificaram as causas do problema. No meio ambiente também há indicadores, mas na educação é recente.
Valor: Dá para dizer que 2010 é um ano decisivo para a educação?
Mozart: Sim, a Conae, em maio, terá que criar um bom ambiente para a construção do novo Plano Nacional de Educação para os próximos dez anos, e isso traduzido em poucas metas. Também precisamos trabalhar com a ideia de continuidade. Um dos males no Brasil é a descontinuidade, a ideia de que muda governo muda tudo. A educação sempre foi trabalhada como plano de governo, mas o certo é um plano de nação, de sociedade.
Valor: O momento é favorável para garantir continuidade?
Mozart: Não tenho dúvida. A sociedade não comporta descontinuidade nas políticas públicas que estão dando certo. Quem quer que seja o próximo presidente, o próximo ministro, não pode dizer que nada aconteceu e vai tudo acontecer agora. É importante considerar os avanços. Dois exemplos são o Saeb e o Fundef, criados no governo FHC, e aperfeiçoados na gestão atual com a Prova Brasil e o Fundeb.
Valor: Quais as grandes metas?
Mozart: Devemos ter um conjunto de 10 a 15 metas, três por cada ciclo de ensino. Por exemplo: já colocamos quase 100% das crianças na escola. A meta agora é perseguir um aprendizado efetivo. No ensino médio temos o desafio da universalização e de corrigir a distorção idade-série. Mais de 80% dos jovens de 15 a 17 anos estão matriculados, mas apenas metade, 48%, está na idade correta. A outra metade está no ensino fundamental, e outros 1,8 milhão, fora da escola.
Valor: A sociedade brasileira está mobilizada para mudar isso?
Mozart: Estudos demonstram isso. Alguns pais não tiveram acesso à escola e têm percepção favorável quanto à qualidade da educação hoje. Eles veem seus filhos com livro, fardamento, merenda e se mostram satisfeitos. Claro, não tiveram nada disso. Agora, há uma nova geração de pais que terminou o ensino médio e perdeu chances no mercado de trabalho. Esses reconhecem que o aprendizado foi ruim, desenvolveram a percepção de que o filho tem que aprender, só ter escola não basta. Há dois anos, soube de um fato que não tinha visto nem quando era secretário de Educação em Pernambuco: uma mãe matriculou os dois filhos mais velhos na escola particular. Os dois mais novos precisaram ir para a escola pública, porque o dinheiro não dava. No dia a dia em casa, ela começou a perceber um certo distanciamento entre as crianças, um "gap" de aprendizagem. Ela entrou no Ministério Público para cobrar da prefeitura melhor qualidade de aprendizado dos filhos mais jovens. Se juntarmos esforços de mobilização com movimentos, a mídia cada vez falando mais sobre educação, vamos criar um caldo bom para cobrar qualidade.
Valor: O sr. falou em foco no aluno, mas e o professor?
Mozart: Enquanto o Brasil não resolver o problema da valorização do professor fica complicado avançar. Propomos quatro eixos: 1) salário inicial atraente para atrair os melhores jovens; 2) carreira que faça o trabalhador vislumbrar perspectivas e ter seus esforços premiados; 3) formação inicial e continuada: nos países que priorizaram a educação (Coreia do Sul e Irlanda) os professores são acompanhados pelo governo para que estejam sempre antenados com a escola pública. No Brasil, a formação continuada virou complementar, a universidade se descolou da educação básica e não forma bons professores; 4) condição de trabalho: o profissional nunca vai render bem sem estrutura.
Valor: Os investimentos em educação hoje são suficientes?
Mozart: O investimento público direto por aluno ano, considerando as três esferas de governo, foi de R$ 2.005 no ano passado; em 2006 era R$ 1.700. Houve um salto, mas que decorreu mais do crescimento econômico. Mesmo assim o investimento aqui é muito baixo. Argentina, Chile e México investem duas vezes mais que o Brasil, cerca de US$ 2 mil; países da Europa, seis vezes mais. Defendemos que os aportes em educação básica cheguem a 5% do PIB até 2012 - o patamar hoje é de 3,9% do PIB. Com o fim da DRU, que desvinculava receitas orçamentárias da educação, o país terá algo em torno de R$ 9 bilhões a mais, um impacto que dá para chegar a 4,2%, 4,3% do PIB. Para os 5%, o Brasil precisaria de mais R$ 25 bilhões.
Valor: Financiamento público e salário cresceram, além de outros avanços. É correta a percepção de que a educação melhorou?
Mozart: Sim, mas não na velocidade desejada. Os países começaram a perceber que educação de qualidade é o diferencial para se chegar à inovação. Enquanto saímos de um ponto e avançamos, países que estavam competindo conosco saíram do mesmo ponto e chegaram mais à frente. A diferença relativa aumentou, esse é o drama. Não basta melhorar, tem que melhorar mais rápido.
Valor: O país está perto de alçar a educação a um nível prioritário?
Mozart: Não sou otimista. Lula tem uma tecnologia de comunicação social fabulosa. Ele consegue falar de "A" a "Z" com todo mundo. Infelizmente, ele não fala muito sobre educação. Agora se o Lula falasse de educação um décimo do que fala do PAC, a gente poderia estar em outro patamar de prioridade. Uma lacuna do governo Lula na área social foi ele não ter, como o grande líder que é, conclamado a sociedade para a causa da educação. É a única pessoa que poderia ter feito isso hoje no Brasil, mas não fez. Uma pena.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ato médico


Senado Federal confirma: 62% da população é favorável ao Ato Médico  
Maioria dos votos em enquete é favorável ao texto do projeto que regulamenta exercício da medicina

A enquete realizada pelo site do Senado a respeito do projeto (PLS 268/02) que define as atividades privativas dos médicos foi a que mais recebeu votos dos internautas desde maio de 2009, quando esse tipo de consulta começou a ser feito pela Agência Senado e pela Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública (Sepop) do Senado. A enquete ficou disponível em dezembro e recebeu 545.625 votos, dos quais 62% foram favoráveis ao texto do projeto na forma em que está tramitando atualmente e 38% foram contrários.
O PLS 268/02 define as atividades privativas dos médicos (o chamado "ato médico) e as que podem ser realizadas por outros profissionais da área de saúde. Já aprovado pelo Senado, o texto recebeu emendas da Câmara dos Deputados, que agora estão sendo analisadas pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
Considerado polêmico, porque afeta interesses e atividades de vários tipos de profissionais da área de saúde, o projeto elenca 15 atividades privativas dos médicos, entre as quais a formulação do diagnóstico nosológico (que classifica as doenças), com a respectiva prescrição terapêutica, e a emissão de atestado sobre condições de saúde, doenças e possíveis sequelas. O projeto também especifica as atividades que não serão entendidas como privativas dos médicos, como os diagnósticos psicológico, nutricional e socioambiental, bem como as avaliações comportamentais e da capacidade mental, sensorial, perceptocognitiva e psicomotora. Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.
Veja infográfico sobre ato médico, clicando aqui.

Fonte: Agência Senado

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A Classe C chega à Universidade

A nova classe média vai à escola
Especialistas apostam na demanda por cursos mais baratos e de perfil profissionalizante para superar de vez a crise financeira internacional

Vinícius Gorgulho - Revista Ensino Superior, 134 (11/2009)




Sinal de presença: um terço da classe C já chegou à universidade
A aposta na classe C como um público capaz de elevar o número de ingressantes na graduação não chega a ser uma novidade para os gestores do ensino superior. Mas, após um ano de crise e números estabilizados de crescimento, essa camada populacional volta a emergir como a grande promessa de novos tempos. Apoiados por recentes estatísticas, especialistas recomendam investir na demanda por cursos mais baratos e de perfil profissionalizante. O motivo é simples: a classe C é a nova classe média e tem espaço no orçamento para investir em educação superior.

Marlene Bregman, vice-presidente de Planejamento Estratégico da Leo Burnett Brasil, apresentou, durante o Fórum Nacional de Ensino Superior Particular Brasileiro (Fnesp), estudo sobre como pensa a população que vive com até US$ 2 por dia (veja matéria na página 37). A conclusão é que nunca foi tão claro que a classe C é um gigante que já acordou. "A classe C é metade do país e quase 80% dos brasileiros estão nas classes C, D e E. Não estamos falando da base da pirâmide, estamos falando do Brasil quase inteiro."

Nos últimos quatro anos esse estrato social passou de 18% para 23% do público atendido pelas instituições de ensino superior. Na opinião do presidente da Hoper Consultoria, Ryon Braga, dois fatores foram determinantes para esse fenômeno. O principal foi a criação do Programa Universidade para Todos (ProUni) em 2004. Em paralelo, a competitividade provocada pela consolidação do mercado forçou uma redução do tíquete médio das mensalidades, de R$ 860 em 1996 para R$ 467 em 2009.

A perspectiva de crescimento vegetativo é que esse número dobre nos próximos cinco anos e chegue a 2015 como a maioria do público universitário, mas, com o mercado em consolidação, não é possível se limitar ao crescimento orgânico. A nova classe média é um filão relativamente pouco explorado pelas instituições de ensino superior. Estudos da Hoper Consultoria revelam que cerca de um terço da classe C já chegou à universidade. "O que significa que, hipoteticamente, temos outros dois terços a conquistar, já que as classes A e B estão estáveis e tendem a diminuir de acordo com as previsões demográficas", diz Ryon Braga.

O consenso entre os especialistas é que para ter sucesso na inclusão desse contingente é obrigatório se preparar para mudar. Para Martin Escobari, um dos fundadores do site de compras Submarino e atual sócio da Advent International, diante de momentos de crise não há muito o que fazer além do que as instituições fizeram recentemente: cortar custos e focar em cobrança. Mas é vital se preparar para tornar o negócio sustentável, ou seja, rentável no longo prazo.

Antes de se adaptar ao novo público, o grande desafio das instituições privadas é a constituição de estratégias para lidar com o momento de consolidação pelo qual o mercado está passando e continuará a vivê-lo por mais alguns anos. Em resumo, isso significa investir na profissionalização da governança.

Escobari, lembra que para as instituições menores e sem diferencial será cada vez mais difícil concorrer com os grupos de economia de escala. A priori, segundo ele, deve-se investir na qualidade dos cursos, treinamento de profissionais, conteúdo diferenciado e uso da tecnologia. "As menores têm de pensar em estratégias de diferenciação e maneiras de ganhar em escala. Podem se juntar com outras instituições pequenas, investidores ou apostar no crescimento vegetativo, sem aquisições, investindo em marketing."

Feita a lição de casa, as instituições precisam reformular seus modelos de negócio a partir da necessidade desses estratos sociais. Trata-se de se adaptar acadêmica e pedagogicamente para atender com sucesso ao perfil da nova classe média (a classe C) e à base da pirâmide social (D e E). "As instituições precisam se aproximar, conhecer, entender as necessidades e o potencial humano dessas esferas sociais. E a partir daí criar novos modelos de negócio", diz Marlene Bregman.

Esse novo público tem demandas sociais e educacionais diferentes, e por isso a abordagem deve ser preparada sob medida. Talvez aqui resida o maior desafio: remodelar de forma planejada as estruturas financeira, acadêmica e pedagógica.

"Primeiro esse aluno chega com maiores deficiências educacionais inerentes ao corpo discente que vem do ensino público. Além disso, chega à sala de aula um novo contexto socio-e­conômico que precisa de professores que o entendam e saibam lidar com isso. O modelo educacional precisa contemplar essas idiossincrasias e, portanto, é preciso incremento acadêmico-pedagógico e conhecimento do perfil do aluno", explica Ryon Braga.

Um fator primordial é oferecer uma mensalidade compatível com o que o aluno possa pagar. "Ainda é possível baixar um pouco mais os valores das mensalidades, ainda que estejamos próximos do limite", afirma Braga. Na opinião do consultor, a solução é reduzir o custo dos cursos via reestruturação integrada do modelo financeiro e acadêmico.

Braga defende que, se isso for feito de forma inteligente - e heterodoxa -, deve inclusive melhorar a qualidade do ensino. "Graças à competitividade do mercado, é nisso que o Brasil vem se diferenciando mundialmente, ao criar maneiras de fazer com que o aluno aprenda mais custando menos. Mudanças curriculares, uso de atividades mediadas por tecnologias, incremento do resultado das atividades complementares e uma série de ações acadêmicas que tem proporcionado redução de custos", afirma.

Para tanto, segundo Braga, evidentemente a instituição precisa mudar a estrutura da relação de ensino. Isso inclui abrir mão de mitos como o limite de alunos por sala. "Antes tínhamos 40 por sala. Com a classe C, será preciso compor salas com 80 ou mais alunos, como alguns grupos fazem."

Mas isso é um mero tabu ou justamente o sinônimo de depreciação da qualidade do ensino?  "É um tabu porque é feito de forma errada. Para um professor que dá uma aula expositiva como faz há dez anos, enche o quadro-negro ou passa uma apresentação para o aluno copiar e depois discute meia hora e vai explicando, não faz diferença se ele oferece isso para 50, 100 ou 120 alunos. É a mesma coisa", diz Braga.

O importante, segundo ele, é oferecer essas aulas expositivas em massa aliadas a subsídios tecnológicos e pedagógicos para que o aluno tenha também um acompanhamento adequado e individualizado. Esses recursos podem residir em modelos híbridos de aulas presenciais com módulos não presenciais autoinstrucionais conduzidos sob orientação.

"Há um ganho na estrutura de custo e um incremento enorme no aprendizado do aluno. A mudança do modelo consiste em ser inteligente. Já que vai dar na mesma, nesta parte expositiva ponha 120 alunos em sala. Num outro momento, trabalhe com grupos de 12 a 20 alunos onde seja possível trabalhar a efetiva construção do conhecimento. Os mantenedores ficam brigando se vão pôr 50 ou 100, mas ninguém observa as alternativas para o oferecimento de um atendimento mais individualizado. Parece complexo, mas é simples e o que impede uma mudança é o corporativismo do professor e da estrutura conservadora da universidade brasileira", diz.

Nem tudo, entretanto, está sob a governabilidade de um projeto proativo e moderno de reformulação financeiro-acadêmico-pedagógica. A inserção das classes C, D e E depende, conforme os especialistas, dos financiamentos públicos e modelos mistos de parceria público-privada.

Além disso, Braga frisa que dada a limitação de redução de preços e o atendimento ao déficit educacional, é difícil saber se as instituições investirão na base verdadeira da pirâmide: as classes D e E, que representam hoje, respectivamente, 4,6% e 1,3% dos alunos das universidades.

"Para a classe D estamos falando numa faculdade com preços de R$ 90 a R$ 100, no limite. E estamos longe de chegar a isso e talvez nunca cheguemos por meio do modelo de ensino presencial ou semipresencial. Algumas fazem isso no ensino a distância, mas com modelos que ainda não provaram a que vieram. Há na Índia experiências com a faixa de US$ 50 que envolvem, inclusive, ensino por correspondência. O caminho mais fácil para atender esse público é o do financiamento público por meio de modelos de parcerias público-privadas, para que haja garantias do recebimento posterior disso, senão a iniciativa privada não vai emprestar dinheiro nessas condições", conclui.

* Grifos do administrador do blog.


Redação científica

Como não fazer um artigo

Como não fazer um artigo


Fábio de Castro - Agência FAPESP

Os fundamentos da redação científica tiveram importantes transformações nos últimos anos, mas essas mudanças ainda não foram integralmente assimiladas por grande parte dos pesquisadores, que reproduzem – e muitas vezes ensinam – equívocos teóricos e conceituais que podem até mesmo retardar o avanço da ciência.
Essa é a opinião de Gilson Volpato, professor do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que em seu novo livro, Pérolas da redação científica, analisa criticamente 101 equívocos comuns – ou “pérolas”.
Volpato vem apresentando pelo país cursos sobre redação científica e publicou outros cinco livros sobre o assunto, sendo o mais recente desses Bases teóricas da redação científica ... por que seu artigo foi negado, lançado em 2007.
“Apresento quase um curso por semana sobre o tema, procurando ajudar pesquisadores a conseguir publicações em revistas internacionais de alto nível. Mas também há muitos que, de forma involuntária, têm feito o serviço contrário. Desenvolveu-se, no Brasil, uma cultura de publicação equivocada. Boa parte dos artigos nacionais, mesmo com tradução correta, será recusada em revistas importantes, por terem equívocos conceituais”, disse à Agência FAPESP.
Com a experiência acumulada nos cursos e em seu convívio com o meio acadêmico, Volpato decidiu produzir um inventário dos principais equívocos da redação cientifica. “A ideia foi abordar os erros mais gritantes. O resultado foi essa coleção de ‘pérolas’ da cultura nacional de publicação”, disse.
Na obra, o autor analisa os equívocos, faz conjecturas sobre suas origens, discute suas consequências na prática e oferece correções com base nos padrões internacionais de produção científica.
Segundo ele, os conceitos de comunicação no setor sofreram grande mudança a partir da década de 1990, que se acentuou ainda mais nos últimos dez anos, em parte por causa do advento da internet.
“Muitos pesquisadores cometem equívocos e alegam que estão apenas seguindo os procedimentos adotados por seus orientadores há 30 anos. Mas as coisas mudaram e a comunicação científica evoluiu. Os leitores vão se surpreender, pois muitas das pérolas descritas no livro irão corresponder exatamente ao que eles continuam ouvindo de seus orientadores”, afirmou.
A internet, segundo Volpato, subverteu a lógica das revistas científicas, causando impacto nas necessidades e objetivos dos artigos. “Antes o veículo era o foco. O assinante recebia uma determinada revista científica e ali entrava em contato com diversos artigos. Hoje ocorre o inverso. A pessoa faz uma busca por palavras-chave na internet e chega ao artigo diretamente. Eventualmente, o cientista fica conhecendo a revista por meio do artigo e não o contrário”, disse.
Se antes da internet o leitor precisava ir em busca dos autores, hoje os autores procuram chegar aos leitores. “Antigamente o leitor precisava ir heroicamente atrás dos poucos artigos disponíveis. Mas agora ele precisa fazer uma triagem dos milhares de artigos a que tem acesso. Com isso, a necessidade de se fazer uma comunicação eficiente é muito mais importante – e esse fato está mudando a estrutura dos artigos”, declarou.
Nessa nova lógica, os velhos hábitos de redação científica se transformam em “pérolas” recorrentes, segundo Volpato. Um dos equívocos, por exemplo, é acreditar que o número de referências bibliográficas implica qualidade científica. Outro, consiste em achar que todos os dados coletados no projeto devem fazer parte do texto.
“Vemos equívocos de todos os níveis. Um exemplo é achar que estudos quantitativos são mais robustos que os qualitativos. Outro é acreditar que a redação cientifica exige regras rígidas de estilo – ou que a voz passiva é característica do inglês científico. Achar que o título deve conter, necessariamente, o nome da espécie de estudo. Há também pérolas que são fruto do conservadorismo, como sustentar que introdução e justificativa são itens separados. Ou achar que revistas eletrônicas têm menos prestígio que as impressas”, destacou.

Textos em inglês
Para Volpato, a globalização das revistas científicas de alcance internacional está nivelando as publicações por cima. Essa consequência positiva, entretanto, deverá forçar também para cima o nível de exigência para aceitação dos artigos.
“A maioria das revistas brasileiras, mesmo as que estão na base ISI, é citada apenas por brasileiros. Poucas são, de fato, internacionais e temos que melhorar nosso nível. O primeiro passo, claro, é que a publicação seja em inglês. Temos que compreender que o fato de uma publicação ter alcance internacional tem uma consequência benéfica para a ciência: a seleção dos artigos é feita por pessoas de várias culturas e isso representa um crivo crítico de maior qualidade”, afirmou.
O livro, de acordo com Volpato, é direcionado para a redação científica em geral, incluindo todas as áreas das ciências biológicas, ciências da vida, humanas e exatas.
“O foco está no que chamamos de ciência empírica – que é aquela ciência que precisa de dados para ter conclusões. Portanto, não se aplica muito bem à filosofia, por exemplo. Mas poderá ser utilizado pela maior parte dos pesquisadores das outras áreas”, disse.
  • Pérolas da redação científica
    Autor: Gilson Volpato
    Lançamento: 2010
    Preço: R$ 36
    Mais informações: www.bestwriting.com.br

domingo, 3 de janeiro de 2010

Competências para cuidar de pessoas com necessidades especiais

A curriculum to teach medical students to care for people with disabilities: development and initial implementation

Andrew B. Symons, Denise McGuigan and Elie A. Akl
BMC Medical Education 2009, 9:78  doi:10.1186/1472-6920-9-78

 

Background

Lack of knowledge and skills, and negative attitudes towards patients with disabilities may adversely affect the services available to this group and negatively affect their health outcomes. The objective of this paper is to describe the development and initial implementation of a curriculum for teaching medical students to care for patients with disabilities.

Methods

We followed the six-step approach for developing curricula for medical education: general needs assessment, specific needs assessment, defining goals and objectives, determining the educational strategies, planning the implementation, and developing an evaluation plan.

Results

The curriculum has well defined goals and objectives covering knowledge, attitudes and skills. It employs both traditional and non-traditional teaching strategies. The implementation is planned over the four-year medical school curriculum in collaboration with a number of academic departments and specialized community-based agencies. The curriculum evaluation includes an attitudinal survey which is administered using a controlled design (pre- and post- exposure to the curriculum). The initial implementation of the curriculum has been very successful.

Conclusion

We have developed a longitudinal curriculum to teach medical students to care for people with disabilities. A rigorous evaluation of the impact of the curriculum is needed.


Para ler a versão provisória deste artigo na íntegra, clique aqui.