quarta-feira, 25 de agosto de 2010

UNILAB

Lula sanciona Estatuto da Igualdade Racial e lei que cria a Unilab

Ivan Richard - Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta terça (20/07) o Estatuto da Igualdade Racial e a lei que cria a Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab). Aprovado pelo Congresso no mês passado, após sete anos de tramitação, o estatuto prevê garantias e o estabelecimento de políticas públicas de valorização aos negros.

O Estatuto da Igualdade Racial define ainda uma nova ordem de direitos para os brasileiros negros, que somam cerca de 90 milhões de pessoas. O documento possui 65 artigos e objetiva, segundo a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, a correção de desigualdades históricas no que se refere às oportunidades e aos direitos dos descendentes de escravos do país.

O ministro, Eloi Ferreira de Araújo, disse que a sanção do Estatuto da Igualdade Racial “coroa o esforço de muitos e muitos anos”, das comunidades negras no país.

Também sancionada hoje, a Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab) tem o objetivo de promover atividades de cooperação internacional com os países da África por meio de acordos, convênios e programas de cooperação internacional, além de contribuir para a formação acadêmica de estudantes dos países parceiros.

A nova universidade será localizada no município de Redenção (CE), no maciço de Baturité, a 66 quilômetros de Fortaleza. De acordo com a secretaria, a previsão é de que as obras do campus comecem em meados de 2011. As atividades acadêmicas terão início este ano em instalações provisórias em Redenção, em prédios cedidos pela prefeitura local.

A previsão é de que a Unilab atenda a 5 mil estudantes presenciais de graduação, dos quais 50% serão brasileiros e 50% originários de países parceiros.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Bioética

Book Review 
"Animal Models in the Light of Evolution" 
Niall Shanks, Ph.D., and C. Ray Greek, M.D

Lewis Wolpert
Anatomy and Developmental Biology, University College, London, UK
profwolpert@yahoo.com



Book Details
Niall Shanks, C. Ray Greek
Animal Models in the Light of Evolution
Boca Raton: BrownWalker Press; 2009.
443 pages, ISBN-10: 1599425025
ISBN-13: 9781599425023

Animal Models in the Light of Evolution provides persuasive evidence that animal models should be used with great caution when applying the results to human diseases. Mice and other model animals are both similar and different, in their biology, to humans. It is rather technical and not  easy reading.

The aim of this book is to question the value of animal experiments for biomedical research, particularly finding chemical treatments for human diseases. Shanks and Greek raise concerns about predictive animal modelling. They particularly question whether animal experiments can prepare the way for trials of medical treatments in humans.

Arguments from evolution are used to show the fundamental differences between, for example, rats and humans, as the organisms are too complex for information about one to be applied to the other. The authors discuss this complexity in terms of dynamical systems theory and its mathematical basis and question the possible similarity of such systems in different mammals.

Quite small changes can have significant effects. They use such views to raise doubt on just how much genes contribute to an organism’s form and function, but their arguments are themselves complex and hard to follow, and there is no persuasive evidence. It is no mystery that mice can differ significantly from humans in their response to drugs.

Yet it is common for biologists to recognise similarities in the way animals develop, and how they use similar genes and mechanisms. The basic processes in cells are very similar and the problem is to understand just how proteins determine how a cell functions. There is, for example, good reason to believe that the development of limbs in mice, chick, and human are essentially the same. Yet, in support of the author’s case, the effect of thalidomide on human embryos that caused loss of proximal structures does not occur in standard experimental animals. There are differences which are not understood. They rightly point out that identical twins do not always suffer from the same diseases - this only occurs about half the time. Discrepancies can be due to differences in development and the influence of the environment.

Although mice are widely used for the study of cancer, their cancers are mainly sarcomas and leukemias, whereas human tumours are mainly carcinomas. It is particularly striking that smoking does not cause cancer in mice. Leading cancer researcher Robert Weinberg has commented: “The preclinical animal models of human cancer, in large part, stink… Hundreds of millions of dollars are being wasted every year by drug companies using these models.” In vitro cell and tissue cultures have proven to be powerful investigative tools. Human cancer cell lines are a more reliable and much less costly alternative. Nevertheless studies on animals have provided fundamental information on how cancer develops and spreads.

Moreover animal models have been the way to discover many key features relating to human biology. They were used by Harvey to discover the circulation of the blood, and more recently IVF came from animal studies. Robert Koch (1843-1910) established that specific diseases are caused by specific germs. He saw rod-shaped bacteria in the blood of cows that had died from anthrax and guessed that they caused anthrax. When Koch injected mice with this blood, they also developed anthrax. With Pasteur they also identified the germs causing diphtheria, rabies and the plague. This allowed scientists to develop vaccines for animals and people by using weakened germs.

There are many other examples - human health care has benefited hugely from animal experiments. The authors do not give enough credit to these achievements. Recently real evidence of curing Huntington disease has been found by researchers using mice. Animal studies have also led to the development of drugs to treat epilepsy. Many life-saving surgical procedures, including organ transplantation, heart-valve replacement, coronary artery bypass and open-heart surgery, have been developed using animal models first. But key discoveries in such areas as heart disease, cancer, immunology, anesthesia and psychiatry were in fact achieved through clinical research, observation of patients and human autopsy.

There are however many cases where animal models have been unhelpful. The monkey model of polio misled researchers about polio’s mechanism of infection and clinical course, and delayed progress against the disease. Despite their extensive use since the early 1980s, the predictive validity of animal models for HIV infection in humans remains questionable.

The case that Shank and Greek make about animal models is important and persuasive. Their arguments based on evolution contribute very little.

Competing interests

The author declares that he has no competing interests.
 
Author’s contributions
 
The author is solely responsible for this manuscript.
 
Author’s information
 
Lewis Wolpert is Emeritus Professor in the Research Department of Cell and Developmental Biology of University College, London. He originally took a degree in civil engineering and carried out research in soil mechanics, and then changed to cell biology at King's College. He has worked on the mechanics of cytokinesis, morphogenesis of the sea urchin embryo, regeneration in hydra, left right asymmetry, and has focussed on pattern formation in limb development. He was made a Fellow of the Royal Society in 1980 and awarded the CBE in 1990. He was made a Fellow of the Royal Society of Literature in 1999. He has also been involved in interacting with the public in relation to science.

Recomendações para a Atenção Básica à Saúde

Canadian Task Force solicita sugestões de pesquisa

 

 

O "Canadian Task Force on Preventive Health Care", força-tarefa mantida pela Agência Canadense de Saúde Pública, solicita sugestões de pesquisa para a criação de novas recomendações preventivas para a atenção primária.

O Canadian Task Force tem o objetivo de criar e atualizar recomendações baseadas na melhor evidência científica possível para apoiar os profissionais da atenção primária nos cuidados preventivos e rastreamentos.

 

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ENADE 2010

MEC define formato e conteúdos cobrados no Enade 2010; exame terá 40 questões

UOL Educação 
O MEC (Ministério da Educação) publicou diversas portarias sobre as provas do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) 2010 no Diário Oficial da União desta quarta (14). Os textos definem como serão distribuídas as questões das provas e os conteúdos que serão cobrados.
Segundo as portarias, os alunos terão de responder dez questões relacionadas à formação geral. Segundo o texto no Diário Oficial, espera-se que os alunos "evidenciem a compreensão de temas que possam transcender ao seu ambiente próprio de formação e sejam importantes para a  realidade contemporânea. Essa compreensão vincula-se a perspectivas críticas, integradoras e à construção de sínteses contextualizadas". Nessa parte da avaliação, os estudantes terão de responder duas questões discursivas e oitos perguntas de múltipla escolha.
No que se refere à formação específica de cada curso, há um detalhamento dos conteúdos por área de conhecimento. Os graduandos terão de responder 30 questões, sendo três delas discursivas e as outras 27 serão de múltipla escolha.
Confira o conteúdo das portarias no Diário Oficial da União, clicando aqui.  

Enade 2010

O exame será realizado no dia 21 de novembro, às 13h. Inicialmente, a prova estava prevista para 7 de novembro; a data foi alterada para não coincidir com a aplicação do Enem 2010, que será feita nos dias 6 e 7 do mesmo mês.
Confira os nomes dos bacharelados e cursos tecnológicos que serão avaliados neste ano:
Bacharelados avaliados:
  • Agronomia;
  • Biomedicina;
  • Educação física;
  • Enfermagem;
  • Farmácia;
  • Fisioterapia;
  • Fonoaudiologia;
  • Medicina;
  • Medicina veterinária;
  • Nutrição;
  • Odontologia;
  • Serviço social;
  • Terapia ocupacional;
  • Zootecnia;
Cursos tecnológicos avaliados:
  • Agroindústria;
  • Agronegócios;
  • Gestão hospitalar;
  • Gestão ambiental;
  • Radiologia.

Quem deve fazer

Deverão fazer a avaliação estudantes do primeiro e do último ano de graduação. No bacharelado, são considerados do primeiro ano aqueles que, até o dia 2 de agosto, tiverem concluído entre 7% e 22% da carga horária mínima do currículo do curso. Já estudantes considerados do último ano são aqueles que, até 2 de agosto, tiverem concluído pelo menos 80% da carga horária mínima do currículo ou que tenham condições acadêmicas para conclusão do curso em 2010.
Para cursos de tecnologia com carga horária mínima de até 2 mil horas, serão considerados estudantes do final do primeiro ano aqueles que, até 2 de agosto, tiverem concluído entre 7% e 25% da graduação. Serão considerados do último ano aqueles que, até 2 de agosto, tiverem concluído 75% do curso.
Serão dispensados do Enade estudantes que colarem grau até 31 de agosto e que estiverem cursando atividades curriculares fora do Brasil, em instituição conveniada com a faculdade do estudante.
As instituições de ensino superior são responsáveis pela inscrição de todos os estudantes habilitados ao Enade 2010, no período de 2 a 31 de agosto, no site do Enade. A lista dos estudantes que deverão fazer o exame será divulgada em 20 de setembro. Os locais de prova devem ser publicados até 22 de outubro.
Estudantes de educação a distância poderão fazer o Enade no município em que a instituição de ensino superior esteja credenciada para EAD e tenha pólo de apoio presencial que conste, até 16 de abril, do Siead/MEC (Sistema de Consulta de Instituições Credenciadas para a Educação a Distância e Pólos de Apoio Presencial).

Redes Sociais

Na trilha do educando
Sérgio Rizzo - Revista Educação - Edição 159



Até poucos anos atrás, a relação cotidiana entre professores e alunos durante os períodos letivos costumava ter prazo para acabar: quando tocava o sinal que encerrava a última aula. Daí até o dia seguinte, desapareciam momentaneamente da vida alheia. Nas férias, cada um seguia para o seu lado - e, exceto nos casos em que eram moradores do mesmo bairro e poderiam se encontrar casualmente na rua, uns só receberiam notícias dos outros quando retornassem ao convívio na escola. Situação parecida regia o convívio diário entre os próprios professores, que também se despediam dos colegas na última reunião do semestre e, salvo as exceções em que havia amizade consolidada ou parentesco, só os reencontrariam na primeira reunião do semestre seguinte.
Um dia, alunos e professores deixavam a escola. A partir de então, transformavam-se em lembranças, que ficavam cada vez mais vagas com o tempo. Anos depois, alguns retornavam para matar saudades e contavam um pouco do que tinham feito da vida. Hora de festa, mas só por dez ou 15 minutos, pois a próxima turma aguardava o início da aula. Em seguida, os agora visitantes desapareciam novamente, voltando a se esconder por trás dos pontos de interrogação que, em muitos casos, já os acompanhavam quando estavam ali, mesmo tão perto, mas no fundo tão longe. Onde vivem? Como se divertem? No que acreditam e o que mais desejam? Como são as suas famílias? Em quem planejam votar nas próximas eleições? O que pensam da escola e dos professores?
Nenhuma das situações descritas acima parece caber em escolas - de ensino fundamental, médio ou superior - do século 21. Menos por conta do que ocorre dentro delas, e muito mais em virtude das transformações provocadas por um braço imenso da "revolução digital", que tem na internet seu maior ícone: as redes sociais. Não se trata, evidentemente, de uma invenção recente, embora o nome soe para muitos como algo contemporâneo. Elas existem desde que um primeiro agrupamento de seres humanos decidiu manter contato regular, por motivos pessoais ou profissionais, para troca de informações, experiências, causos ou piadas. Praças, clubes, igrejas, bares e restaurantes sediavam os encontros dessas redes - cujos membros dispunham, a distância, dos correios (e, depois, do telefone) para mantê-las ativas.
Novas interações
Com a popularização da internet e dos novos recursos de telefonia móvel, essas redes sociais encontraram um facilitador até então inédito. Sua disseminação entre as novas gerações, familiarizadas desde a infância com o uso de computadores e de telefones celulares, estabeleceu um cenário radicalmente distinto para a interação social. Mesmo a distância, é possível se manter conectado a alguém. Em diversas circunstâncias, a própria distância tende a aumentar o grau de conexão. No âmbito da escola, essas transformações derrubaram simbolicamente paredes e muros. Não é mais preciso que todos estejam juntos na sala de aula ou no espaço escolar para que haja interação.
Mais do que isso: novas categorias de trocas foram instauradas por essas redes. Já faz algum tempo que, para buscar respostas às perguntas do segundo parágrafo desta reportagem, e para inúmeras outras, inclusive algumas que você nem mesmo havia formulado, basta ligar um aparelho com acesso à internet e saber como navegar por ela. "Seria interessante que os educadores ficassem atentos a alguns dados", alerta a pesquisadora Sonia Bertocchi, gestora da comunidade virtual Minha Terra. "Redes sociais, como o Orkut e o Facebook, já são mais utilizadas do que e-mail. Até 2009, o Orkut foi a rede social dominante no Brasil, alcançando 21 milhões de visitantes únicos em setembro de 2008. Naquele mês, cada um deles passou em média 496 minutos no site e fez 28 visitas."
Esse cenário, no entanto, se altera com velocidade impressionante. Em abril deste ano, um estudo da StatCounter - que monitora o uso da internet - colocou o Orkut em quinto lugar entre usuários brasileiros, com apenas 1,67% do total do tráfego. Na primeira posição, veio o Twitter, com 55,84%, seguido pelo Facebook, com 20,14%, e pelo You Tube, com 16,27%. O ranking inclui ainda sites menos conhecidos, como o StumbleUpon, com 3,19%, o Delicious, com 0,69%, e o Digg, com 0,34%. As demais redes sociais respondiam por 2,79% do tráfego brasileiro. Nesse mesmo estudo, os números globais traziam o Facebook na liderança, com 55,13%, seguido por StumbleUpon, com 21,83%, e pelo Twitter, com 7,15%.
Sonia considera também que educadores deveriam levar em consideração "a demografia das redes sociais no que se refere ao uso pelos jovens". Pesquisa apresentada nos EUA em abril deste ano pelo site Flowtown (1) aponta para a predominância do público adolescente em algumas redes, como o My Space, em que a faixa de 0 a 17 anos representa o maior contingente. No Facebook, quase um terço dos usuários tem até 24 anos. Pouco menos de metade dos que frequentam o Reddit e o StumbleUpon
não completaram 35 anos. Em quase todas as redes pesquisadas, o público com menos de 45 anos é
amplamente majoritário.
"Os professores não podem, ou não deveriam, ignorar esses dados nem essas ferramentas", observa Sonia. "Seria interessante que olhassem para as redes sociais como ambientes virtuais que oferecem muitas formas de interação com diversas pessoas, que estimulam o contato com a diversidade sociocultural, criam condições para se fazer uma rede de amigos e para se manter informado pelo assunto de seu interesse." Um passo seguinte, recomenda, "seria os professores se apropriarem dos recursos oferecidos pelas redes sociais, visualizar o que trazem de possibilidades para a aprendizagem de seus alunos, e incorporá-los ao currículo de maneira inovadora".

A pesquisadora Michele Schmitz, do Terraforum, acredita que nos últimos anos houve "avanços quanto à utilização de redes sociais por professores e gestores educacionais", mas que se trata de algo "ainda muito ínfimo". "Vejo que muitos educadores ainda não utilizam em larga escala as redes sociais e outras possibilidades da web 2.0 devido a vários fatores, mas o principal é a falta de recursos de infraestrutura tecnológica, pois ainda não temos computadores e internet de banda larga com qualidade em grande parte das escolas públicas do país", afirma. "Vejo na falta de acesso adequado um grande limitador para os professores conhecerem e utilizarem as possibilidades das redes sociais para o processo de ensino e aprendizagem."
Michele prefere não encarar os professores de acordo com juízos que os consideram "resistentes a inovações tecnológicas". "O professor é um profissional que precisa reconhecer as possibilidades e o valor agregado ao processo de ensino e aprendizagem que as redes sociais, comunidades virtuais, blogs e microblogs propiciam", pondera. "Não basta ser 'novo', ele precisa vislumbrar o que esse 'novo' traz de benefício para sua prática pedagógica." Sua experiência aponta para "uma gama de professores e gestores educacionais utilizando cada vez mais as redes sociais". Esses já teriam percebido "os benefícios em relação a estar mais atualizado e, principalmente, trocando experiências com outros educadores".
Novos usos
Ver "profissionais do conhecimento interagindo em redes sociais" corresponde, de acordo com Michele, a uma experiência "fascinante". "Em um projeto que desenvolvemos recentemente, utilizando redes sociais, ouvi de uma diretora de escola de ensino fundamental que atua há mais de 10 anos na educação pública a expressão 'é como se eu tivesse nascido novamente'", lembra. "Na ocasião, a diretora teve oportunidade de vislumbrar os benefícios da interação em rede. Não é mais um abrir janelas para ver o mundo e, sim, abrir janelas para interagir com o mundo. Isso nos faz concluir o quanto avançaremos em educação com o uso adequado das possibilidades das redes sociais."
Portfólio digital
O entusiasmo de Gladys Gonçalves ilustra essa tomada de consciência. Professora na rede municipal de São Paulo e diretora na rede estadual, ela pensa que a internet promoveu uma "revolução". "Podemos dizer que há o mundo antes dela e o mundo depois dela", avalia. "Ela revolucionou os costumes e, principalmente, as relações sociais." O contraste entre "próximo" e "distante", na sua opinião, deixou de existir. "O que acontece lá se integrou com o que acontece cá. Hoje, o aluno é mais ligado ao que ocorre no mundo e criou um universo próprio no seu mundo virtual. No dia a dia das minhas aulas aprendo muito com eles. Parece que estão mais conectados do que eu, embora seja uma 'viciada'."
Como a internet representaria "o mundo das possibilidades", Gladys acredita que "nós professores temos de correr atrás", mas lamenta que esse comportamento ainda seja o de uma minoria. "Muitos colegas desconhecem essa realidade, muitos ainda nem usam o e-mail, ou usam pouco. A internet é a porta do infinito, do ilimitado, uma ferramenta a mais, o amanhã, mas poucos a descobriram." Natural que, entusiasmada dessa forma com os recursos à disposição, tenha desenvolvido com seus alunos projetos ligados a redes sociais. Em 2009, quando assumiu o cargo de professora-orientadora de Informática Educativa na Emef Guimarães Rosa, criou um blog da escola (2).

Nele, procurou organizar posts sobre as atividades da escola, com destaque para os trabalhos dos alunos em sua disciplina. O resultado, na sua definição, é "uma espécie de portfólio digital" - objeto de reportagens do portal da Secretaria Municipal de Educação e do Diário Oficial do Município, além de ter sido visitado pelo secretário municipal, que o citou em seu blog. Gladys mantém perfis no Twitter, que visita diariamente, e no Orkut, onde diz ter "muitos amigos pessoais e de trabalho, assim como alunos e familiares", e que usa também para organizar "fotos de momentos da minha vida".
"Sou seguidora de diversos blogs e procuro acompanhar tudo sobre educação e informática educativa", acrescenta. Paradoxo curioso, mas revelador de como o assunto é tratado em diversas redes de ensino: na escola em que Gladys implantou o blog, o acesso ao Orkut - a rede social "mais conhecida e usada pelos alunos", de acordo com sua avaliação - é bloqueado. "Os alunos adoram o Orkut e o valorizam demais, como se fosse a coisa mais importante da internet, e por aí eles se relacionam bastante", afirma. "Na escola, o único momento de contato dos alunos com a internet é na sala de informática, uma vez por semana. E ainda trabalhamos com equipamentos antigos."
A geração de professores integrada desde a adolescência às redes sociais tem em Monique Buzatto, hoje com 22 anos, uma representante bem característica. "A primeira rede social que comecei a usar foi o Orkut, em 2004", lembra. "Estava no ensino médio, tinha 16 ou 17 anos, e uma amiga mandou um convite (ainda tinha isso!) para que eu fizesse meu perfil. Só usávamos para trocar aquelas mensagens super-relevantes que adolescentes trocam, sabe? (risos) Quando entrei na faculdade, em 2006, comecei a participar dos fóruns de discussão de algumas comunidades, principalmente as sobre literatura."
Monique começou a ter alunos como amigos no Orkut em 2007, quando dava aulas de inglês para adolescentes em uma escola de idiomas. "O objetivo era que eles me mandassem as lições de casa por 'scrap', já que nunca as faziam no livro e eu via que eles estavam sempre online", explica. "A escola em que eu trabalhava tinha o lab, onde os alunos podiam acessar a internet antes da aula. Eles ficavam sempre no Orkut, então tive a ideia de aproveitar algo de que eles gostavam e usar aquilo a meu favor." Curiosamente, o comportamento dos colegas professores que se tornavam amigos na rede era (e continua sendo) muito diferente.
"Os colegas professores me adicionavam, mas nunca realmente trocávamos mensagens", afirma. "Tenho bem mais contato com alunos do que com colegas de trabalho nas redes sociais. Acredito que as comunidades virtuais ajudam, sim, a entender melhor os alunos. Dá para saber os assuntos que eles comentam e seus interesses, como as bandas preferidas, os programas de TV, os livros que leem, se gostam ou não do Crepúsculo, do Justin Bieber, essas coisas." Monique recorda, em defesa da presença nas redes sociais, que "na faculdade os professores reforçavam a importância de contextualizar qualquer coisa que fôssemos ensinar e também a valorizar o conhecimento de mundo dos alunos, partindo disso para chegar onde gostaríamos".
Do cotidiano à sala de aula
Em outras palavras, "preparar uma aula que fosse 'a cara' do aluno". No primeiro semestre deste ano, Monique teve apenas alunos adultos, com pelo menos 30 anos, que usam o Orkut, o Facebook e o Twitter. Como o principal objetivo é "que os alunos falem inglês a maior parte do tempo", ela se comunica com eles em inglês mesmo fora da aula, graças às redes sociais. "Comentamos as fotos um do outro no Facebook, fazemos piadinhas no Twitter", exemplifica. "Às vezes eu posto algum link de um vídeo em inglês para eles se divertirem. Mas, principalmente, eu vejo os assuntos de que eles falam e tento levar isso para a sala de aula, usando como ponto de partida para chegar na matéria que preciso ensinar."
A professora Claudia Cristina Vieira Valério, que leciona nas redes estadual e municipal de São Paulo desde 1992, considera também que "a sala de aula está se completando com o espaço virtual". "Hoje os alunos se relacionam com seus professores de maneira muito mais próxima através das redes", afirma. "É através delas que eles conhecem o modo de vida de seu professor e até recebem orientações de atividades a serem realizadas e entregues. Postam seus trabalhos, expõem suas opiniões." Na Emef Franklin Augusto de Moura Campos, onde trabalha desde 2009 como orientadora de Informática Educativa, também coordenou a criação de um blog (3).
Seu objetivo era "a troca de experiências entre professores, alunos e outras escolas, visto que a minha unidade ainda não tinha esse meio de comunicação". Participaram do processo alunos-monitores que formam a "Equipe Super@ção" e ajudam na alimentação do espaço virtual com matérias e imagens. "O que hoje me surpreende é o envolvimento da escola com o blog", comemora Claudia. "Ele avançou de tal maneira que quase não damos conta de sua alimentação pela quantidade de materiais que chegam às nossas mãos. Temos de usar outros canais para apresentação de nossas atividades, como o Ning e o Educarede."
Além da aplicação profissional, Claudia utiliza redes sociais "para ter contato com familiares distantes, amigos, colegas de trabalho, alunos e até mesmo com superiores, a fim de receber informações e orientações diversas". Diversão também integra o pacote. "Faço uso das redes de maneira prazerosa e profissional visando conhecer pessoas e suas atividades, e dividir conhecimento." Na sua avaliação, os educadores já não enxergam as redes sociais com mistério ou preconceito. "Muitos já dividem com seus alunos divertimento, conhecimentos e informações", diz. "Há, de verdade, uma integração entre educação e mundo virtual."

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Médicos pela Melhoria da Saúde no Brasil



Médicos publicam Manifesto à Nação onde exigem melhora da saúde brasileira
Os médicos do todo o país cobram respostas dos gestores para problemas estruturais do Sistema Único de Saúde (SUS) e clamam por urgentes investimentos públicos em todos os níveis de assistência (atenção básica, média e alta complexidade) e prevenção no SUS. Este e outras manifestações foram publicadas em Manifesto dos Médicos à Nação, divulgado nesta segunda-feira (2).
O documento traz propostas de soluções aos problemas que comprometem os rumos da saúde e da Medicina, contribuindo para a redução de desigualdades, a promoção do acesso universal aos serviços públicos e para o estabelecimento de condições dignas de trabalho para os médicos e de saúde à população. O texto será encaminhado aos representantes dos Três Poderes e aos principais candidatos à Presidência da República.
A luta pela regulamentação da Emenda Constitucional 29 continua sendo uma das prioridades para o movimento médico em nível nacional. A proposta é importante por determinar parâmetros adequados ao financiamento do SUS.
Como parte de uma política de interiorização do profissional, uma das propostas defendidas é a criação da carreira de Estado do médico. Para as entidades, a carreira seria a garantia para melhorar o acesso da população aos atendimentos médicos, especialmente no interior e em zonas urbanas de difícil provimento.
Outra preocupação das entidades é quanto ao futuro e a qualidade do exercício da Medicina. É preciso aprofundar as medidas para coibir a abertura indiscriminada de novos cursos, sem condições de funcionamento, colocando a saúde da população em risco.
O Manifesto é uma síntese dos debates do XII Encontro Nacional das Entidades Médicas (ENEM), realizado entre 28 e 30 de julho, em Brasília (DF), onde participaram 700 lideranças das entidades médicas – Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Federação Nacional dos Médicos (FENAM).

MANIFESTO DOS MÉDICOS À NAÇÃO
Nós, médicos, representados no XII Encontro Nacional de Entidades Médicas (ENEM), de 28 a 30 de julho de 2010, em Brasília, reiteramos nosso compromisso ético com a população brasileira. Neste ano, no qual o futuro do país será decidido pelo voto, apresentamos à nação e aos candidatos às próximas eleições nossa pauta de reivindicações, que necessita ser cumprida urgentemente, para não agravar ainda mais a situação que já atinge setores importantes da assistência em saúde. Esperamos respostas e soluções aos problemas que comprometem os rumos da saúde e da Medicina, contribuindo assim, para a redução de desigualdades, para a promoção do acesso universal aos serviços públicos e para o estabelecimento de condições dignas de trabalho para os médicos e de saúde à população, para que este seja realmente um país de todos.
1. É imperioso garantir a aprovação imediata da regulamentação da Emenda Constitucional 29, que vincula recursos nas três esferas de gestão e define o que são gastos em saúde. Esse adiamento causa danos ao Sistema Único de Saúde (SUS) e compromete sua sobrevivência.
2. O Governo Federal deve assegurar que os avanços anunciados pela área econômica tenham repercussão direta no reforço das políticas sociais, particularmente na área da saúde, que sofre com a falta crônica de recursos, gestão não profissionalizada e precarização dos recursos humanos.
3. São urgentes os investimentos públicos em todos os níveis de assistência (atenção básica, média e alta complexidade) e prevenção no SUS. O país precisa acabar com as filas de espera por consultas, exames e cirurgias, com o sucateamento dos hospitais e o estrangulamento das urgências e emergências, além de redirecionar a formação médica de acordo com as necessidades brasileiras.
4. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) precisa assumir seu papel legítimo de espaço de regulação entre empresas, profissionais e a população para evitar distorções que penalizam, sobretudo, o paciente. A defasagem nos honorários, as restrições de atendimento, os descredenciamentos unilaterais, os “pacotes” com valores prefixados e a baixa remuneração trazem insegurança e desqualificam o atendimento.
5. O papel do médico dentro do SUS deve ser repensado a partir do estabelecimento de políticas de recursos humanos que garantam condições de trabalho, educação continuada e remuneração adequada.
6. A proposta de criação da Carreira de Estado do Médico deve ser implementada, como parte de uma necessária política pública de saúde, para melhorar o acesso da população aos atendimentos médicos, especialmente no interior e em zonas urbanas de difícil provimento. No Brasil, não há falta de médicos, mas concentração de profissionais pela ausência de políticas – como esta – que estimulem a fixação nos vazios assistenciais, garantindo a equidade no cuidado de Norte a Sul.
7. A qualificação da assistência pelo resgate da valorização dos médicos deve permear outras ações da gestão nas esferas pública e privada. Tal cuidado visa eliminar distorções, como contratos precários, inexistência de vínculos, sobrecarga de trabalho e ausência de estrutura mínima para oferecer o atendimento ao qual o cidadão merece e tem direito.
8. Atentos ao futuro e à qualidade do exercício da Medicina, exigimos aprofundar as medidas para coibir a abertura indiscriminada de novos cursos, sem condições de funcionamento, que colocam a saúde da população em risco. De forma complementar, é preciso assegurar que a revalidação de diplomas obtidos no exterior seja idônea e sem favorecimentos, assim como oferecer a todos os egressos de escolas brasileiras vagas em Residência Médica, qualificadas pela Comissão Nacional de Residência Medica (CNMR), entidades médicas e sociedades de especialidade.
9. Num país de extensões continentais, torna-se imperativo trabalhar pela elaboração de políticas e programas de saúde que contemplem as diversidades regionais, sociais, étnicas e de gênero, entre outras, garantindo a todos os brasileiros acesso universal, integral e equânime à assistência, embasados na eficiência e na eficácia dos serviços oferecidos, convergindo em definições claras de políticas de Estado para a saúde.
Preocupados com o contexto da Saúde no Brasil e com o descumprimento de suas diretrizes e princípios constitucionais, nós, médicos, alertamos aos governos sobre seus compromissos com a saúde do povo brasileiro.

ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

FEDERACÃO NACIONAL DOS MÉDICOS

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Zig-ZAids

Jogo sobre Aids tem nova versão

Jogo sobre Aids tem nova versão


Agência FAPESP – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou uma versão atualizada do jogo digital Zig-Zaids, cujo objetivo é fornecer informações a jovens sobre o vírus da Aids e doenças sexualmente transmissíveis. O jogo pode ser baixado gratuitamente pela internet.
Desenvolvido pelo Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz, o jogo é indicado para maiores de 12 anos e pode ser utilizado em escolas, no ambiente familiar, em espaços não formais de ensino, nos serviços de saúde e em espaços de lazer.
Segundo a Fiocruz, o conteúdo da nova versão é resultado de um conjunto de análises críticas sobre as limitações das ações restritas à informação biomédica sobre Aids e avaliações sobre o alcance e adequação do material.
O processo de revisão incluiu avaliação em escolas da rede pública de ensino do Estado do Rio de Janeiro e parecer do Ministério da Saúde. Na nova edição há mais informações sobre diagnóstico, dados epidemiológicos e direitos sexuais e reprodutivos de portadores de HIV.
A Fiocruz desenvolve alguns jogos educativos voltados para crianças e adolescentes, como o Jogo da Onda, que procura esclarecer dúvidas e promover reflexões sobre a prevenção da Aids, e o Trilhas, que realiza um passeio cultural e científico pelo Estado do Rio de Janeiro, além de um CD interativo sobre dengue.
A entidade faz doação de cópias do Zig-Zaids para instituições públicas e órgãos da sociedade civil mediante o recebimento de solicitação pelo e-mail zigzaids@ioc.fiocruz.br ou por carta encaminhada à: Fundação Oswaldo Cruz, Pavilhão Lauro Travassos LEAS, sala 22, Avenida Brasil 4.365, 21045-900, Rio de Janeiro - RJ.
Para fazer download do jogo acesse a página: www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=44