domingo, 29 de setembro de 2013

Educação à Distância



Using Classroom Assessment Techniques: A Proactive Approach for Online Learning




There are two main forms of assessment often used within the online classroom. Both formative and summative assessments evaluate student learning and assist instructors in guiding instructional planning and delivery. While the purpose of a summative assessment is to check for mastery following the instruction, formative assessment focuses on informing teachers in ways to improve student learning during lesson delivery (Gualden, 2010). Each type of assessment has a specific place and role within education, both traditional and online.

To reach higher efficiency and success, formative assessments such as Angelo and Cross’ (1993) Classroom Assessment Techniques (CATs) can be used to check for student understanding prior to the summative assessment within the online classroom. The following strategies have been found to be both simple and effective for both the instructor and student in online modalities.

1. Directed Paraphrasing (Angelo & Cross, 1993)
The ultimate goal for teachers is to provide students with lessons that allow for the highest level of mastery and application. Directed paraphrasing allows teachers to obtain a small snippet of what students have learned. This will also hone in upon summarization and paraphrasing skills by translating specialized information into text that is understood by the learner (Angelo & Cross, 1993). This strategy could be used by:
  • Identifying the desired objective to be communicated to students (e.g. Students will evaluate the importance of professional dispositions ideal for the field of teaching.)
  • Requesting that students write, to a specific audience, a paraphrased summary of what they have learned (e.g. In three to five sentences, directed to your fellow teachers, paraphrase the professional dispositions that are ideal for the field of teaching.) This question may be posed before instruction to assess prior knowledge or during instruction to assess the presented material.
  • Following student responses, the instructor will participate and provide both individual and group feedback to address any areas of confusion and/or misunderstanding by presenting additional discussion responses or comments.

2. Student-Generated Test Questions (Angelo & Cross, 1993)
Teachers can assess what information is best remembered and most important to students by engaging them in developing their own test questions. This can provide instructors with understanding what information students deem as useful, what questions would be considered fair, and how well they are able to address their own test questions. To use this strategy in the online classroom:
  • Identify the desired objective, assignment, or exam to be communicated to students (e.g. Students will evaluate contemporary issues in educational policy.)
  • Determine how many questions students will create. (Typically one to two questions will suffice.)
  • Prior to summative assessment (quiz, assignment, essay, or exam), ask students to develop questions to be posted within the discussion forum. (e.g. Following this week’s topic and discussion, create one to two questions regarding contemporary issues in educational policy. Please provide your answer to the question(s). A variation of this could ask that students provide answers to other students’ questions.)
  • Following student-posed questions, the instructor provides both individual and group feedback to the class to assist students in better test/summative assessment performance by presenting additional discussion responses or comments.

3. Double-Entry Journal (Angelo & Cross, 1993)
Application is one of the essential elements to student comprehension. In order to promote application of specific objectives, instructors can introduce the double-entry journal within the discussion forum. In this strategy, students read, analyze, and respond to assigned text through the use of a simple graphic organizer (Angelo & Cross, 1993). In using a T-chart, students will reserve one side for elements of the text that stood out to them, while the opposite side will be the explanation, analysis, and possible application of this portion of text. This can be conducted in an online classroom by:
  • Selecting a short, vital reading or section of text that is particularly challenging for students.
  • Presenting students with a T-chart template to do the following:
    • Left column – students list and copy three-to-five meaningful excerpts from the specified text.
    • Right column – students explain why each portion of the text was selected in addition to any reactions to their choices.
  • Following student completion, use this to promote discussion within the forums by providing feedback and guidance to students regarding their selections. This should be done in addition to a whole class summary.

The above practices include only a small sample of possibilities in regards to using online formative assessment. If used properly, the student feedback collected through the use of formative assessments such as CATs will allow instructors to check for understanding, guide instruction, and provide a proactive approach to student mastery. An important reminder for online educators is to maximize the use of discussion forums. The fast-paced nature of online education does not allow for time wasted; therefore, the addition of CATs within discussion forums can take a proactive approach to student learning and success.

References:
Angelo, T. A., & Cross, K. P. (1993). Classroom assessment techniques. San Francisco; Jossey-Bass.

Gaulden, S. (2010). Classroom assessment techniques. Essex County College. Retrieved from http://sloat.essex.edu/sloat/delete/contentforthewebsite/classroom_assessment_techniques.pdf

* Emily Bergquist and Rick Holbeck are currently working as ground and online instructors as well as managers of online full-time faculty at Grand Canyon University.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Financiamento da Saúde


Faltam R$ 55 bilhões por ano na Saúde
 
Gastão Wagner de Sousa Campos*

 
Há consenso sobre a insuficiência do financiamento para o Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, esse acordo desaparece quando se discute como e onde gastar. Essa divergência decorre de conflito de interesse entre considerar-se a saúde como direito ou como negócio. Há evidências sólidas, extraídas da experiência internacional, sobre o modo mais efetivo para organizar a saúde. Sistemas públicos e nacionais têm melhor desempenho que modelos privados.
 
No Brasil, a construção do SUS é incompleta e ainda carente de um projeto nacional estratégico. Impasse a ser enfrentado é o do modelo de gestão. A atual estrutura já demonstrou seu limite. Não avançaremos mais se persistir a atual fragmentação entre os entes federados e a multiplicidade de lógicas organizativas dos serviços (administração direta, contrato e convênios, Organizações Sociais etc.). Não haverá governança nem regulação possível nessa Babel. Um dos pontos relevantes do programa Mais Médicos foi o reconhecimento de que os municípios não darão conta de resolver impasses do SUS, sequer médicos para a Atenção Básica têm sido conseguidos.
 
O SUS poderia constituir-se em autarquia pública; uma organização federal, estadual e municipal; tendo como núcleo organizativo as 420 regiões de saúde em que se divide o país. O SUS conformado por normas e modelo de gestão que considerassem a especificidade e complexidade da saúde.
 
Trazer a racionalidade do mercado para dentro do SUS implica em liquidar o SUS. Nessa lógica já funciona a Saúde Suplementar.
 
Nesse caso, fará sentido gastar-se com uma carreira da saúde para o SUS: para atenção básica, atendimento hospitalar e especializado, vigilância à saúde. Concursos por estado da Federação, mobilidade entre cidades e postos de trabalho, formação continuada.
 
Outro investimento prioritário seria a expansão da Atenção Básica para 80 a 90% dos brasileiros. Atualmente, custa R$ 16,8 bilhões por ano atender a 50% da população. Garantir equipe básica (médico, enfermeiro e apoio matricial multiprofissional) para o dobro de gente custaria R$ 28 bilhões. A Atenção Básica não se destina somente a populações pobres, trata-se de uma estratégia para resolver 80% dos problemas de saúde mediante cuidado personalizado e que implique em abordagem clínica e preventiva. Para isto será necessário melhorar a qualidade da atenção Básica: melhor infraestrutura e integração com hospitais e serviços especializados. Ampliar a liberdade das famílias, garantindo-lhes a possibilidade de escolher a qual equipe se vincular em uma dada região.
 
Estima-se a necessidade de 200 novos hospitais gerais em regiões carentes. Para construí-los e equipá-los serão necessários R$ 10 bilhões, o custeio anual exigirá orçamento semelhante. A recuperação e a reorganização da precária rede já existente custarão outros R$ 20 bilhões anuais. Haveria ainda que am-pliaro gasto com Vigilância em Saúde, controlar epidemias, drogas, violência: outros R$ 5 bilhões por ano. Evitar milhões de mortes evitáveis: somente com novos R$ 55 bilhões anuais para o SUS.


* Gastão Wagner possui graduação em Medicina pela Universidade de Brasília (1975) , especialização em Curso de Especialização Em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (1977) , especialização em XI Curso de Especialização Em Planejamento do Seto pela Universidade de São Paulo (1978) , mestrado em Medicina (Medicina Preventiva) pela Universidade de São Paulo (1986) , doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas (1991) e residencia-medica pela Hospital das Forças Armadas em Brasília/DF (1977) . Atualmente é professor titular da Universidade Estadual de Campinas, Membro de corpo editorial da Trabalho, Educação e Saúde e Membro de corpo editorial da Revista Ciência & Saúde Coletiva. Tem experiência na área de Saúde Coletiva , com ênfase em Saúde Pública. Atuando principalmente nos seguintes temas: anti-taylor, democracia em instituições, gestão de instituições.
 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Desenvolvimento docente


PROGRAMAÇÃO
 
 
MANHÃ
 

08:30 - 09:00
 Abertura
09:00 - 10:00
Palestra
 
Profissão Acadêmica e a Docência Universitária”
Prof. Dr. José Camilo dos Santos, Unicamp
10:00 - 10:30
Intervalo
10:30 - 11:30
Palestra
 
Quais as Recomendações e Estratégias para a Docência Universitária, Baseada em Evidências
Profª Drª Eliana Amaral, Unicamp
12:00 - 14:00
Almoço

 
 
Tarde
 

14:00 - 15:30 
Mesa Redonda
 
Experiências Exitosas na Formação para Docência Universitária: Experiência da Faimer, da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP e da Escola de Engenharia da UFMG”.
Convidados:
Prof. Dr. Alessandro Fernandes Moreira, UFMG
“Experiência da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais
Profª Drª Eliana Amaral , UNICAMP
“Experiência da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas e experiência da FAIMER”
Prof. Dr. José Camilo dos Santos Filho, UNICAMP
Debate
15:30 - 16:30
Apresentação Cultural e Coffee Break

 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Interdisciplinaridade

 

Trabalho em equipe na APS - fundamentos histórico-políticos

 

Autor: Marcelo Dalla Vecchia


O livro tenta compreender, por meio de uma abordagem histórica e política, as contradições e os dilemas que enfrentam os trabalhadores da área de saúde pública. Eles se formam geralmente em meio a modelos biomédicos e individualistas, mas nesse segmento da medicina predomina um candente discurso em defesa do trabalho em equipe e multidisciplinar.
Conforme diz o autor, mesmo esse discurso está impregnado de abordagens com viés simplesmente organizativo ou tecnicista. Além disso, confunde o processo de trabalho médico com o processo de trabalho em saúde. Em tal contexto, saem do foco as necessidades sociais em saúde da população e dos próprios trabalhadores e, ainda, a necessidade de se criar espaços coletivos, onde as práticas das equipes possam ser compartilhadas, debatidas e transformadas.
O pesquisador discorre também sobre algumas políticas de saúde no Brasil ao longo da história, enfatizando especialmente o período pós-regime militar (1964-1985), em que os movimentos sociais, em particular o da Reforma Sanitária Brasileira, tiveram papel central nas mudanças empreendidas na área. Ele cita, por exemplo, a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a Estratégia de Saúde da Família, modelo adotado posteriormente e hoje priorizado nas políticas.

*  Este livro foi publicado pelo Programa de Publicações Digitais da Pró-reitoria de Pós-graduação da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP ).

Para acessar o livro na íntegra, clique no link abaixo

 

sábado, 21 de setembro de 2013

Congresso Médico da UEM

I Congresso Médico da UEM





02/10:

- Manhã
   Sessão científica de apresentação de temas-livres e pôsteres
- Tarde
   Participação dos alunos no Teste de Progresso /NAPISUL
- Noite
   Solenidade de abertura
   Eliana Martorano do Amaral (FCM/Unicamp): O papel das escolas médicas na saúde do Brasil


03/10:

- Manhã
  Sigisfredo Brenelli (FCM/Unicamp): A formação de recursos humanos para o SUS - Um desafio?
  Emerson Merhy (UFRJ): O cuidado, a micropolítica do encontro e seus efeitos na formação em saúde
  João Campos (UEL): SUS 25 anos
 

  Mesa redonda: O SUS e a formação médica

- Tarde
   Maria do Patrocínio Tenório Nunes (FMUSP – Comissão Nacional de Residência Médica): Panorama atual da Residência Médica
  Nise Yamaguchi (Instituto Avanços em Medicina): Avanços no tratamento do câncer
  Afonso Shiozaki (UEM): Diagnóstico de imagens em cardiologia

04/10:


- Manhã
  Leandro Tessler (Unicamp): Internacionalização do Estudante de Medicina
  Lúcia Pezzi (UFRJ): Simulação e Habilidades clínicas no ensino da área de saúde

- Mesa: Novas metodologias para o ensino médico

- Tarde
   José Eduardo Siqueira (UEL – Sociedade Brasileira de Bioética): Aspectos da Bioética na formação médica


  Mesa redonda: Medicina e espiritualidade
  Dr. José Eduardo Siqueira, Prof. Maria Dalva e Dr. Felipe Sá (HUM)



I Congresso Médico da Universidade Estadual de Maringá


sábado, 14 de setembro de 2013

Financiamento da Saúde




O MOVIMENTO SAÚDE + 10 E
A LUTA PELO FINANCIAMENTO ADEQUADO DO SUS

Contribuição ao debate

 

Associação Brasileira de Economia da Saúde - Abres
Associação Brasileira de Saúde Coletiva - Abrasco
Associação Nacional do Ministério Público em Defesa da Saúde - Ampasa
Associação Paulista de Saúde Pública – APSP
Centro Brasileiro de Estudos sobra a Saúde - Cebes
Instituto de Direito Sanitário Aplicado – Idisa

 

Anos 90: gênese do drástico subfinanciamento do SUS

 

A Constituição indicou para 1989 o mínimo de 30% do orçamento da Seguridade Social para a saúde e até 1993 essa vinculação foi mantida, definida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), como sendo a participação federal no financiamento do setor. Entretanto, isso jamais foi cumprido.

 

Se o Estado brasileiro mantivesse em 2013 o mesmo percentual proposto em 88, o SUS teria neste ano um orçamento de aproximadamente R$ 195 bilhões. Entretanto, a dotação do Ministério da Saúde será de cerca de  R$ 84 bilhões.

 

Ao longo de seus 25 anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) sofreu inúmeros golpes, que o afastaram do sistema público proposto pelos constituintes. Já em 1993 as contribuições previdenciárias foram retiradas da base de cálculo do orçamento do Ministério da Saúde (MS), quebrando mais da metade do seu orçamento. Em 1995 é instituída a DRU que retira 20% do Orçamento da Seguridade Social, atingindo mais uma vez a Saúde.

 

Em 1996 a CPMF é criada, mas adiciona poucos recursos ao SUS, porque é desviada para outras prioridades de governo. Em 2000, a vinculação dos 10% dos impostos federais (PEC-169) e 30% do Orçamento da Seguridade Social para financiar a saúde são substituídos pela variação nominal do PIB (VNP) e os 10% dos impostos estaduais e municipais da PEC-169 sobem, respectivamente, para 12% e 15%.

 

Ao final da década de 1990 já fica evidente que o pífio investimento e gasto federal nos serviços públicos não crescem, nem acompanham o crescimento da população. Tampouco cresce a resolutividade dos serviços de saúde, em especial, na atenção básica e na assistência de média densidade tecnológica, o que gera as filas, as esperas e os congestionamentos nos serviços, com todas as consequências da repressão de demanda.

 

Ao final dos anos 1990, torna-se clara a importância crescente dada pelo governo federal aos planos privados, subsidiando-os com renúncia fiscal, co-financiamento de planos privados a servidores e empregados públicos e não efetivação do ressarcimento do sistema público, obrigatório por Lei.

 

No início da década dos 2000, consolida-se a adesão das classes médias e dos trabalhadores sindicalizados (e da estrutura sindical) aos planos privados. Concomitantemente, consolida-se a tendência de uma política de Estado voltada para os direitos do consumidor em detrimento dos direitos universais de cidadania  expressos na Constituição.

 

Todas as ações que geraram e aprofundaram o sub-financiamento do SUS e ampliaram os subsídios aos planos privados foram capitaneadas pelos ministérios da Fazenda, da Casa Civil e do Planejamento, Orçamento e Gestão. Essa tríade, ao longo dos últimos 25 anos, mantém-se reticente a ampliar os recursos para políticas pró-cidadania e para o cumprimento da Constituição.  Sempre com base na mesma argumentação tradicional e economicista ortodoxa: responsabilidade fiscal e falta de recursos.

 

 

Ações e esforços permanentes pela implementação das diretrizes constitucionais.

 

Desde a tramitação legislativa que criou a CPMF (que deveria ter sido uma fonte adicional e não substitutiva como foi), passando pela PEC-169 (com base nas receitas das três esferas) até a PEC-29, já estavam claras as preferências dos defensores da saúde pública universal pela vinculação do orçamento do setor à Receita Corrente Bruta (RCB), cuja definição, cálculo e visibilidade são simples e refletem com mais fidelidade e transparência a capacidade arrecadatória da União, isto é, o quanto a sociedade disponibiliza para ser gasto em benefício dela.

 

Sempre foi sabido que a vinculação ao crescimento do PIB acrescentaria muito menos recursos à saúde pública do que a RCB. Entretanto, essa imposição governamental manteve o subfinanciamento crônico. Percentualmente, em 1995, o orçamento do SUS correspondia a cerca de 11,7% da RCB. Já em 2011 esse percentual havia caído a 7,3%.

 

 

Retomada das ações e esforços a partir de 2003

 

Em 2003, é apresentado na Câmara dos Deputados o PL nº 01/2.003, do deputado Roberto Gouveia, que define a parcela federal no financiamento do SUS em 10% da Receita Corrente Bruta da União. Durante sua tramitação, o deputado Guilherme Menezes aprimora o projeto, tornando-o substitutivo, aprovado nas três comissões obrigatórias na Câmara. No Senado, o PL nº 121/2007, com o mesmo teor, foi apresentado pelo Senador Tião Viana e aprovado. Tanto um como outro reconhecem: a) impossibilidade de resgatar a dívida da esfera federal com a saúde acumulada desde os anos 90; e b) que mesmo a sua aprovação manteria ainda o SUS subfinanciado.

 

O objetivo da luta pelos 10% da RCB reside na realidade. Na estratégia de produzir um impacto de cobertura e melhoria da resolutividade da Atenção Básica e de estruturação de Regiões de Saúde, capazes de resgatar a adesão e a mobilização pela construção e consolidação do SUS.


Por isso, a proposta de destinar 10% da RCB da União à saúde, que consta do PL de iniciativa popular, com mais de dois milhões de assinaturas, não é negociável.

 

A proposta dos 10% da RCB já estava contemplada no Pacto pela Saúde de 2006 (Pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão), firmado pelo CONASEMS, CONASS, Ministério da Saúde e CNS, e, por último, no PL 141/2012.

 

Entretanto, os ministérios da área econômica e a Casa Civil articularam, novamente, a derrota dos 10% da RCB para a saúde e continuam a garantir os subsídios federais aos planos privados de saúde, cujo valor total corresponde a cerca de 30% do gasto anual do MS.  Dado importante mostra que somente a renúncia fiscal na saúde equivale a 158% do lucro líquido declarado do conjunto das empresas de planos privados do país.

 

O acerto do pleito do “Saúde + 10”

 

Em 2012, um novo movimento em defesa da saúde pública se formou. Mais de 100 instituições da sociedade civil organizada, movimentos sociais e entidades ligadas à área da saúde e defensoras da reforma sanitária brasileira formaram uma frente nacional. Durante quase 15 meses foram coletadas mais de dois milhões e duzentas assinaturas de eleitores brasileiros, que foram entregues ao congresso como apoio a um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP), que em sua minuta propõe que 10% da RCB sejam destinadas para o sistema público brasileiro de saúde.

 

Essa grande mobilização se deu, em parte, porque nenhum dos governos desde 1989 colocou o SUS no patamar de política de Estado prioritária. Prova disso é que nos últimos 11 anos (2002-2013), o crescimento dos recursos para a saúde tem ficado abaixo do incremento de outras áreas: 2/3 abaixo do crescimento para a Assistência Social; ½ do crescimento das verbas da Educação; e abaixo até da Segurança Pública.

 

Isso tudo agravado pelo fato do Brasil ter destinado, em 2010, 44,9% Orçamento Geral da União para pagamento dos encargos da dívida pública.  Restaram 3,9% para a Saúde, 2,8% para a Educação, 0,5% para a Segurança Pública, 0,7% para Transporte e 0,04% para Energia.

 

Essa posição do governo federal, que não prioriza a saúde, obriga estados e municípios a se responsabilizarem cada vez mais pelo financiamento da saúde pública.  Vale lembrar que esses entes federativos foram obrigados por lei a adequarem seus orçamentos para prover o SUS com o mínimo de 15% e 12%, respectivamente, dos seus impostos. Hoje, em média, os municípios gastam 21,5% de suas receitas com o SUS.

 

 

Razões da importância dos 10% da RCB

 

A alternativa ventilada de substituir a RCB pela Receita Corrente Líquida, além de desconsiderar a simplicidade e a visibilidade no cálculo da RCB e sua fidedignidade à capacidade arrecadatória federal, desconsidera também que, de 2000 a 2012, a RCB cresceu em 65,5% enquanto a RCL apenas 56,6%. Além disso, a RCL apresenta maior sensibilidade aos períodos de baixo crescimento econômico e é mais vulnerável aos mandos e desejos governamentais. É importante ter claro que os 10% da RCB são apenas o parâmetro e não se trata de 10% de cada uma das receitas correntes que a compõem.

 

Compreende-se que a metodologia de aplicação da União deve ficar compatível às bases de cálculo de aplicação dos estados e municípios, à medida que essas últimas correspondem ao total das receitas de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, o que significa o esforço próprio de arrecadação. Assim, a utilização de percentual da RCB da União visa a assegurar a isonomia no trato do financiamento da saúde nas três esferas de governo. 

 

Merece menção também que a RCB constitui base de cálculo que contribui para a busca de uma sustentabilidade financeira para o SUS, recuperando em parte os recursos perdidos ao longo dos seus 25 anos de existência. Não se tem segurança sobre a base de cálculo da RCL.


A apuração da RCL não é facilmente identificada, diante das receitas que são mencionadas como deduzíveis. Ao contrário, a RCB não apresenta dificuldades na sua apuração, dificultando os questionamentos jurídicos.

 

Hoje, se somarmos os 10% da RCB ao orçamento do SUS, o valor per capita público anual, comparado com a média dos 15 países com sistemas públicos de saúde mais consolidados, melhora. Aproximamos-nos da média do Uruguai, Argentina, Chile e Costa Rica. Em termos do PIB, o investimento no SUS passaria de 3,8% para 4,5%, ainda bem abaixo da média de 7,1% naqueles 15 países.

 

Por fim, não é demais lembrar que:

 

a) as negociações em andamento que buscam mais dinheiro para o SUS, como parte dos valores correspondentes às ementas parlamentares impositivas e dos royalties do pré-sal, não devem ser tomadas como substitutivas dos 10% da RCB, mas sim adicionais, e talvez colocar um dispositivo genérico: estes 10% não podem incluir os recursos de outros dispositivos legais que dispõem sobre receitas próprias da saúde

 

b) o avanço da capacidade de consumo e do mercado interno a partir de 2003, apesar de notável e bem vindo, não pode se sobrepor aos direitos sociais de cidadania, nem ser justificativa para a desresponsabilização do Estado democrático com o SUS.

 

Ver também neste blog:

 



 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Divulgação científica



Transformando a comunicação científica

Editor da revista PLoS One fala sobre como os critérios inovadores de publicação do periódico estão modificando a forma como as pesquisas são divulgadas e avaliadas



Karina Toledo

Tornar os resultados das pesquisas realizadas acessíveis ao maior número de pessoas – no menor tempo possível – e deixar a comunidade científica julgar a relevância do artigo após sua publicação. Essa ideia inovadora norteou a criação da revista PLoS One, em 2006, e vem transformando a comunicação científica em todo o mundo.  

A avaliação foi feita por Eric Martens, editor sênior do periódico, durante conferência apresentada na 28ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), realizada em Caxambu (MG) entre os dias 21 e 24 de agosto.

De acordo com Martens, em 2012 a PLoS One publicou 24 mil artigos, com uma taxa de aceitação de 70%. Em média, 200 submissões são recebidas e 140 trabalhos são publicados diariamente. 

“Enquanto muitas revistas rejeitam até 90% dos artigos submetidos para elevar seu fator de impacto, a PLoS One tem uma filosofia única: todas as pesquisas consistentes do ponto de vista ético e científico, que contribuem de alguma forma para o conhecimento de uma determinada área, devem ser publicadas e ter acesso livre. Não rejeitamos um artigo com base em seu suposto impacto”, disse Martens.

Como a PLoS One se propõe a divulgar pesquisas de todos os campos da ciência e da medicina, não há risco de um artigo, fruto de trabalho interdisciplinar, ser rejeitado por não se encaixar no escopo de uma determinada área de estudo. Também são bem-vindas as pesquisas com resultados negativos, ou seja, que não comprovam a hipótese inicialmente proposta.

“Há áreas com poucas opções de periódicos de acesso livre, como Paleontologia. A PLoS One é uma boa opção nesses casos”, disse Martens.

O editor, no entanto, ressalta que há critérios que precisam ser atendidos para o trabalho ser aceito. Além de não ter sido publicado anteriormente e de apresentar um conhecimento novo para a área, precisa contar com experimentos, estatísticas e análises de alto nível técnico. Todos os dados devem ser descritos com um grau de detalhamento que permita sua reprodução por qualquer interessado.

As conclusões devem estar apresentadas de forma adequada e serem amparadas pelos dados obtidos nos experimentos e análises. O artigo precisa estar escrito de forma inteligível, de acordo com o padrão da língua inglesa. A pesquisa deve seguir o padrão internacional de ética e de integridade em pesquisa.

Segundo Martens, os motivos para a rejeição de um artigo na PLoS One geralmente estão relacionados a problemas fundamentais de metodologia ou de interpretação dos resultados. “Fatores como experimentos mal desenhados, amostras insuficientes, falta de força estatística nos resultados ou técnica inapropriada de análise”, exemplificou.

Além da equipe da revista, participam do processo de revisão – que dura em média 40 dias – os chamados editores acadêmicos, especialistas de diversas áreas que atuam como colaboradores fixos. Eles decidem se há ou não necessidade de revisores externos.

“Para garantir a transparência do processo, a carta de aceitação ou rejeição de um artigo é sempre assinada pelo editor acadêmico responsável e essa informação também é publicada. Os revisores externos também são encorajados a assinar a avaliação”, contou Martens.

O modelo de julgamento com base na consistência da pesquisa e não no seu impacto tem se mostrado bem-sucedido, na avaliação de Martens. Mas há, segundo ele, uma série de ferramentas cruciais para que funcione. O site da revista oferece, por exemplo, uma seção de comentários e uma série de indicadores que revelam quantas vezes o artigo foi acessado e citado, com gráficos que mostram sua evolução ao longo do tempo.

Além disso, o alcance do trabalho entre o público geral é medido pelo número de vezes que ele foi compartilhado em blogs e redes sociais.

“Acreditamos que esse modelo de métrica individual seja uma boa alternativa ao modelo de fator de impacto baseado na revista. Isso está mudando a forma como as pessoas pensam e avaliam a pesquisa científica”, avaliou.

O problema com o conceito de fator de impacto, segundo Martens, é o fato de estar baseado na média do número de citações que os artigos de uma revista receberam em um determinado período – o que mascara as variações existentes dentro de cada periódico.

“A Nature, por exemplo, tem um fator de impacto superior a 30. Mas se você analisa a distribuição das citações da revista verá que é altamente variável. Há alguns artigos que tiveram muito impacto e são citados até hoje, como o do Projeto Genoma Humano. E há outros que foram citados apenas uma ou duas vezes ao longo de sua história”, afirmou.

Modelo de sucesso

Para que um periódico seja considerado verdadeiramente de acesso livre (open access), dois critérios precisam ser atendidos: o conteúdo precisa estar disponível gratuitamente na internet, sem exigência de cadastro ou assinatura, e os leitores devem ter permissão do copyright para republicar ou reusar o conteúdo como quiserem. A única condição é a atribuição do trabalho aos autores e editores.

Na avaliação de Martens, esse modelo tem se mostrado bem-sucedido e está crescendo rapidamente, impulsionado principalmente por instituições como a Comissão Europeia, os Conselhos de Pesquisa do Reino Unido, o National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

“Esses órgãos determinaram que toda a pesquisa que financiam deve ser de acesso livre. Algumas importantes universidades também já adotaram políticas para incentivar a prática, como Harvard, Columbia, Duke, Princeton, Stanford e MIT [Massachusetts Institute of Technology]”, disse.

Martens, no entanto, reconhece que atualmente o custo de publicação para os que optam pelo modelo “open acess” recai sobre o pesquisador. No caso da PLoS One, é preciso desembolsar cerca de US$ 1,3 mil para cada artigo. Nas revistas em que a taxa de rejeição é maior, o custo de publicação também costuma ser mais elevado.

“Queremos chegar ao ponto em que as instituições que financiam as pesquisas entendam que tornar seus resultados acessíveis de forma livre é parte essencial do processo e assumam esse custo”, defendeu.