segunda-feira, 30 de abril de 2018

Alma-Ata Revisited


Rural WONCA Delhi Declaration


Delegates at the recent 15th Wonca World Rural Health Conference called on the international community to reaffirm the principles of the Declaration of Alma-Ata. They called on the United Nations, its specialized agencies and national governments to continue to strive to achieve the goals set 40 years ago.







Better distribution of medical workforce



EMCM/UFRN relata a sua experiência de implantação do Curso de Medicina de Caicó

 

A implantação de um curso de medicina situado na cidade de Caicó (RN), no semiárido nordestino - a 280 quilômetros da capital do estado - e seus tensionamentos nos sistemas de saúdes locais. É esse o tema do relato feito por Lucas Pereira de Melo e outros sete autores, publicado em setembro de 2017 na Revista Interface.
 
A experiência institucional e curricular do curso de Medicina na da escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte (EMCM), da UFRN, que teve início de sua implantação em 2012. Partindo da missão constitucional do SUS de ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde, a inadequação da formação médica às necessidades do SUS e da população e o lançamento do Programa Mais Médicos em 2013, o artigo descreve o processo de construção do projeto pedagógico do curso. A partir de uma série de reuniões e audiências públicas nos municípios da região de inserção da EMCM, havia o objetivo inicial de produzir um currículo “mais sensível às realidades locais e às necessidades de saúde da população”, com módulos, por exemplo, vinculados à Saúde Ambiental e a inserção dos graduandos nas comunidades da área.
 
Destaca também a iniciativa política da UFRN de garantir o acesso de estudantes da própria região do entorno da faculdade ao curso. A partir de um instrumento denominado Argumento de Inclusão Regional, os estudantes que terminaram ensino médio em localidades vizinhas ao campus ganhavam um bônus de 20% na nota do Sistema de Seleção Unificada (SISU). Com essa política, os pesquisadores afirmam que atualmente 67,5% dos alunos do curso são oriundos de munícipios do sertão potiguar e paraibano.
 
Destacam também a prioridade que a formação e o desenvolvimento docente tiveram nesse processo. Foram realizados uma série de cursos e oficinas sobre metodologias de ensino e disponibilizadas vagas do Mestrado Profissional para a titulação de todos os docentes do campus.
 
O projeto curricular do curso foi dividido em eixos pedagógicos estruturantes: o Ensino Tutorial, as Habilidades Clínicas, Morfofuncionais e de Comunicação e a Integração Ensino-Serviço-Comunidade. Em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais, o curso tem a primeira fase de Fundamentos da Prática Clínica, com 31 módulos interdisciplinares nos quatro primeiro anos da graduação, a partir dos eixos de ensino tutorial, de habilidades e na comunidade.  E, posteriormente, a segunda fase, com os dois anos finais de Internato Médico.
 
Os três eixos englobam sessões tutoriais, conferências semanais e oficinas práticas de habilidades e atividades inseridas diretamente em serviços do SUS. Diferentes formas de avaliação são descritas para cada um dos eixos foi desenvolvida, mediante as características do processo formativo das modalidades de ensino.
 
Os autores apontam obstáculos a implementação do projeto como a resistência ao modelo pedagógico baseado em metodologias ativas de aprendizagem, o comprometimento insuficiente de docentes com o curso e a sobrecarga dos estudantes e do trabalho docente.
 
Destacam também, além da graduação, a constituição de programas de Pós-Graduação, com funcionamento de dois cursos de Residência Médica (Cirurgia e Medicina de Família e Comunidade) e dois de Residência Multiprofissional em Saúde (Atenção Básica e Saúde Materno-Infantil), totalizando 71 vagas anuais.
 
Além disso, trazem à tona a prioridade na construção da Extensão Universitária no processo, com um total de 24 projetos, 5 cursos e 2 Programas de Extensão entre 2014 e 2016. Aponta-se aqui estas iniciativas como o elo entre a universidade e a comunidade, com suas complexas necessidades de saúde. Temas como a pesquisa, a titulação do corpo docente e a estrutura do campus também são abordados no relato.
 
Em suma, o artigo relaciona a implantação de um curso de Medicina inserida na luta em defesa dos princípios do SUS. Segundo os autores, “apesar de todas as potencialidades e conquistas, ainda são grandes os obstáculos e desafios a serem vencidos para que a EMCM-UFRN funcione em toda a sua capacidade e plenitude”.


quinta-feira, 26 de abril de 2018

Hard to teach



The Hardest Students to Teach


the hardest students to teach

The Student Who’s Cruising – The one who is just going through the motions, doing coursework with the least amount of effort. Often these students are polite, sometimes even apologetic, but they’re fundamentally uninterested in learning what’s being taught in the course, and one strongly suspects they’re not interested in any of their courses. Can personal attention make a difference? Can showing you care inspire even a modicum of motivation? What about choice? “Is there a way you could do this assignment that would make it more interesting?” What about challenge? “Study hard for one exam—put your brain to the test so you know what it can accomplish.” What about confrontation, constructively framed, but still in the student’s face? “Why isn’t coursework part of your agenda in college?”






Some students are more challenging to teach than others. They require pedagogical skills of a different and higher order. Sometimes it’s easier to sigh and just turn away. And that’s legitimate in the sense that students (indeed, people of all sorts) have to figure things out for themselves. But many of us were such “works in progress” when we were in college, and a teacher (or several of them) ended up being instrumental in moving us in more productive directions. It’s for that reason I’d like us to consider some of these challenging students, each one a unique individual, but many displaying the same counterproductive attitudes and actions. Descriptions of these students come much more easily than solutions to what’s holding them back. Said more directly, my goal here is to start this conversation and ask for your wisdom, insights, and experiences with students who are tough to teach.

The Entitled Student – The one with the consumer orientation to education. The credential is all this student wants—that ticket to the good job, that’s what matters. Courses outside the major or program are a waste of time and should be treated as such. These students shop for the “easy” courses, and if the prof doesn’t deliver what’s needed, course evaluations are used to get even. What about a focus on the skills needed in every profession—listening, teamwork, critical thinking, problem-solving—that can be in learned in any college course?  What does paying for college entitle students to? Anything beyond the opportunity to learn?

The Student Who Can’t Do It – The one who can’t write, can’t do math, can’t sing, just doesn’t have the ability and believes that without the “gift” there’s not much point in trying. These are students with detailed stories of defeat, a litany of experiences all adding to the “can’t do it” conclusion. Does providing these students with a different narrative work? Does having a teacher who believes in you can make a difference? Can assignments be designed so that students discover what they can do? Will demonstrations of progress help convince them?

The Student Who Cheats – Lots of students cheat, so even if you aren’t sure about the actions of any given student, you can be sure there are those in your course who do. They feel grade pressure and the need to please parents. They justify their actions with the “everybody does it” argument. They don’t think cheating hurts them, particularly if they’ve decided the course content is irrelevant. But cheating stunts the growth of personal integrity, and it’s that conversation we should be having with students.

The Student Who Only Cares About the Grade – These are the students you can get to do anything for a point or two. They frequently struggle to separate themselves from how they scored on a test, so any grade implicates their worth as a human being. And they happily accept a good grade whether or not there’s any learning associated with it. Could we be talking more about learning and less about grades? Are there ways to show that learning matters more than grades?

Two points in summary: Maybe the best we can offer these challenging students is our vision of their potential, unclouded by their behaviors. And we may never know that we made a difference. Writer T. C. Boyle had three college teachers who were instrumental in his discovery that he could write. Of one of them, he observes, “He saw something in me—in my writing and my intelligence—and he tried to promote and encourage it.” Boyle says of this teacher who became his mentor, “I hurt him. I didn’t attend classes. I hung with the losers.” But that teacher’s vision caused Boyle to move in a new direction. He started to read books.

What students do you find difficult to teach, and how can we better reach them?

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Assessment



An Innovative Postexam Review Activity


postexam review assignment


We need to work more with students on seeing exams as something more than just grade generating experiences. Exams can be powerful encounters through which students learn course content and learn about learning. However, given the importance placed on grades, I’m not terribly optimistic about a lot of students discovering on their own what can be learned from an exam experience. We need to frame exams with a stronger focus on learning, and here’s a great example.




It’s a postexam review activity originally used in an introductory biology course where the exams were mostly multiple choice. The activity includes these components:
  • Correcting and Reflecting – With their graded exam returned, students were charged with providing the correct answer for each question missed and identifying the sources they used to correct the answer. Next, they had to explain why their original answer was incorrect. And finally, they had to tell why they missed the question. They did this by selecting from a list of possible reasons—such as misread the question, used incorrect logic, didn’t know enough information—or providing an alternative explanation if their reason wasn’t listed.
  • Examining Study Strategies and Behaviors – This component included a list of 16 study tools (e.g. flash cards and concept maps) and behaviors (e.g. regular class attendance and study times). Here students indicated the tools and actions they used to prepare for the exam and which ones they found most helpful.
  • Using Openended Reflection – Finally, students responded to a three-part question: 1) was the grade an accurate reflection of what they knew for the exam and how well prepared they felt; 2) what could they do to improve their learning prior to the next exam; and 3) what could the instructor do to improve their learning experience.
Students had one week after the exam to complete this assignment. It was worth up to 10 points with the exam worth 100 points. Students did the assignment after each of the three major exams, although the structure changed for Exams 2 and 3 to give students more flexibility in their analysis.
What makes this activity especially interesting is the analysis of the assignment undertaken by faculty and students (two are listed as first authors of this piece). It’s reported in this reference and in a larger follow-up study highlighted in the May issue of the Teaching Professor newsletter. The sample size in this first analysis was small, even so the results raise some interesting questions. Not surprisingly, students were able to correct their answers. But when they tried to explain why their incorrect answers couldn’t be right, only 62% of their responses received a “High Quality” score, using a rubric developed for the analysis. The authors make two points here: students may be able to correct answers and still not understand the material in the exam question; and this discrepancy “underscores a common limitation of multiple-choice questions to accurately assess student understanding.” (p. 87)
Students in this sample were also convinced they were using the best methods to prepare for the exam. They relied heavily on materials provided by the instructor—study worksheets and a prelecture assignment. Any study approach that required motivation and self-direction, such as self-testing, regular study of the content, reading before attending lecture, were used significantly less often and only 11% believed approaches like these held much value, even though the effectiveness of these more self-directed strategies is widely supported by research.
Also, perhaps not surprising, almost half the students didn’t feel their grade on Exam 1 reflected what they knew, and they regularly attributed that discrepancy to careless mistakes. “This suggests that they [students] believe using caution is the only measure they need to take to improve their performance on future exams.” (p. 90)
Yes, this is a labor-intensive assignment, for teachers and students. Something the authors readily agree. But as the follow-up study reveals, it’s an assignment that contributed to improved exam scores and promoted metacognitive development. Students learn the content and they learn more about learning the content. That’s a big payoff, and assignments like this don’t need to occur in every course. We need to think more strategically about where assignments (of various sorts) should be placed within a curricular experience.
References: Andaya, G., Hrabak, V., Reyes, S., Diaz, R. and McDonald, K. (2017). Examining the effectiveness of a postexam review activity to promote self-regulation in introductory biology students. Journal of College Science Teaching, 46 (4), 84-92.
Dang, N., Chiang, J., Brown, H., and McDonald, K. (2018). Curricular activities that promote cognitive skills impact lower-performing students in an introductory biology course. Journal of Microbiology and Biology Education, 19 (1), 1-9.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Interprofessional Education



UEM promove Oficina de
Educação Interprofissional

No dia 19/04/2018, o PROPET Saúde/UEM, coordenado pela Profª Drª Rozilda Alves das Neves Vidigal (DPI/UEM), promoveu um Oficina de Educação Interprofissional como parte das atividades de educação permanente dos participantes do Projeto.



A oficina foi conduzida pelo Prof. Dr. Marcelo Viana da Costa (UFRN/UERN/ReBETIS), autoridade internacional na área da Educação Interprofissional,  e contou com a participação de tutores da UEM e preceptores e gestores dos serviços.



Nos períodos da manhã e da tarde, os participantes tiveram a oportunidade de compartilhar suas experiências e contar com a grande experiência do Professor Marcelo.



quarta-feira, 18 de abril de 2018

Literature Review


How to do a Literature Review




How to write a literature review. It’s easier than you might think! In this video, I demonstrate how to search the literature and identify relevant papers for your literature review. I do a pubmed search using Boolean operators and MeSH terms (these are extremely powerful tools that will help you sift through the large number of academic papers out there). So if you’re doing a master’s thesis or a PhD, or you’re doing research and writing a paper, at some point, you’ll need to do a lit review. A big part of that review is the search and this video is going to help you get that right. You might be doing a systematic literature review or meta-analysis – again, you’ll need to do a good PubMed search that identifies the right studies.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Plagiarism



Three Keys to Stopping Plagiarism




Although there are software-based services that can help instructors check the originality of student writing and discourage students from deliberately copying the work of others, many instances of plagiarism stem not from a willful disregard of the rules but from simple ignorance of them.

Elizabeth Kleinfeld, an English instructor and director of the writing center at Metropolitan State University of Denver, has studied plagiarism and students’ use of sources for the last seven years, mostly among students in first-year writing courses. She has found that many students don’t understand the differences between paraphrasing, summarizing, and plagiarism.

In an interview, Kleinfeld revealed three key lessons from her research that can help instructors curb student plagiarism.

1. Students need explicit instruction in the proper use of sources.

Plagiarism detection services can be useful tools for enforcing academic integrity. But students also must be taught how to use sources properly, just as they would learn any other aspect of writing, Kleinfeld said.

“Telling students ‘don’t plagiarize’ is not a teaching strategy. It is a warning,” she said. “To my mind, it’s like saying to students, ‘I’ll fail you if you don’t give a thesis statement,’ and then not giving any instruction on that.”

Kleinfeld recommends that faculty have conversations with their students about how to use sources correctly. Show them examples of summarizing, paraphrasing, and directly quoting a source. Talk about when it might make sense for students to use each of these techniques in their writing: How does each affect the reader? How does it frame the way the source is being used?

2. When discussing the sourcing of material, explain that context matters.

Making the issue more confusing for students is that the rules regarding proper citation depend on the context in which the writing occurs.

“We don’t talk to students enough about how much context matters. Students might do something that is considered plagiarism in an academic paper, but it wouldn’t be considered plagiarism in another composing situation,” Kleinfeld explained. “And we expect students to understand the nuances of these different composing situations naturally, without giving them explicit instruction.”

For instance, using boilerplate copy without attribution is a commonly accepted practice in many instances—and this happens frequently in the syllabi that instructors hand out to students at the beginning of a course.

“When students see that, and they’re told not to plagiarize, they might not consciously recognize there’s a contradiction there,” Kleinfeld said. “But on some level, they might realize there is some ambiguity in the rules regarding academic integrity—and that seeps into their writing.”

3. Make the connection between students’ use of sources and their credibility.

When discussing the issue of academic integrity with students, it’s important to explain how their use of sources reflects on their ethos, or the sense of credibility and authority they project as writers, Kleinfeld noted.

“Students are really interested in the why,” she explained. “If you just tell them, ‘Don’t plagiarize,’ that’s not very helpful. But if you tell them why using sources a certain way is a strong way or a weak way, and then connect it to how they come across to their reader, I think that’s much more compelling to them than just saying: “Don’t plagiarize because it’s wrong.’”

30 Anos de APS no SUS




De Alma Ata à Estratégia Saúde da Família: 30 anos de APS no SUS – avanços, desafios e ameaças

Entre 20 e 21 de março, ocorreu o Seminário Preparatório para o Abrascão 2018 na Fiocruz, Rio de Janeiro. Com o título “De Alma Ata à Estratégia Saúde da Família: 30 anos de APS no SUS – avanços, desafios e ameaças”, o evento teve ampla participação e qualificou o debate sobre o futuro e os caminhos para a APS e o SUS no país.
Organizado pela rede de Pesquisa em APS da ABRASCO, o seminário teve como contribuir para a formulação de uma agenda política estratégica para a APS no SUS.  Como seu produto final, será elaborado um documento síntese que comporá o “Caderno sobre o SUS, direitos e democracia”, organizado pela ABRASCO.
            A mesa de abertura teve a participação de Ronald Ferreira dos Santos, presidente do Conselho Nacional de Saúde; Rosana Aquino, professora da UFBA; Davide Rosella, professor convidado da UFBA e vinculado ao London School of Hygiene and Tropical Medicine e Luiz Facchini, professor da UFPEL e coordenador da Rede de Pesquisa em APS. O debate foi coordenado pela Profª Lígia Giovanella, da ENSP-Fiocruz e coordenadora da Rede de Pesquisas em APS.
Na abertura, Giovanella fez uma emocionante homenagem à Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada no mês de março. “Este ano comemoramos 30 anos do SUS criado pela constituição cidadã de 1988 que estabeleceu o direito universal à saúde em nosso país, e 40 anos da Declaração da Conferência internacional de cuidados primários de saúde realizada em 1978 em Alma Ata. Nesta data, e frente a uma onda conservadora que assola não somente o nosso país, vale a pena resgatar e atualizar os princípios fundamentais da APS: uma atenção essencial e base integrada a um sistema público de saúde de acesso universal com financiamento e prestação públicos, inseparável do desenvolvimento econômico e social para enfrentamento dos determinantes sociais e a promoção da saúde e que promova a participação social. Estes são também princípios constitutivos de nosso SUS que orientam nossas ações.”, afirmou a professora.
Durante o debate, foram expostos alguns dos porquês da APS apresentar mesmo tempo indicadores positivos, grandes fragilidades e disputas de interesses entre o setor público e privado no país.
Em sua apresentação, a professora Rosana Aquino expôs um conjunto de resultados positivos referentes aos 30 anos de experiências de APS no país. Dentre os efeitos positivos, destacou a queda em 13% da mortalidade infantil entre 1999 e 2004, enquanto o aumento de cobertura foi de 14 para 60% e a queda de internações por condições sensíveis à APS de 183,9 para 143,3 por 10 mil habitantes, entre 1999 e 2007. Trouxe à tona também evidências de interação dos efeitos da ESF e do Programa Bolsa Família na melhoria do estado de saúde da população do país.
Para Rosana, um marco da ESF e da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) até então foi reorientar o sistema público como fonte usual para cuidados de saúde da maioria da população. Rosana encerrou ainda apontando que o desafio da informatização, que poderia dar o devido salto de qualidade e acesso do SUS no país, esbarra na lentidão de implementação e na sua própria existência.
Por meio de modelagens matemáticas, Davide Rasella, professor convidado do ISC/UFBA e pesquisador associado do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/IGM/Fiocruz) apresentou dados preliminares do estudo que relaciona as políticas de austeridade do governo Temer com a mudança nos quadros de saúde.  Para Rasella, fica evidente o distanciamento entre a projeção de crescimento do PIB e o investimentos sociais estrangulados pela EC95. “O que impressiona é a derivação da curva. É justamente quando os recursos da economia deveriam produzir melhoras para justamente sair da crise que se agravam os efeitos da austeridade”, afirmou o professor. Nas projeções do pesquisador, a manutenção do ajuste deixa de evitar cerca a morte de 20 mil crianças até 5 anos e até 250 mil óbitos por doenças infecciosas e crônicas, para as quais já programas de assistência e prevenção.  Por se tratarem de dados preliminares e em pesquisa, a apresentação não foi disponibilizada.
Luiz Augusto Facchini, professor do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (DMS/FM/UFPel) e presidente da Abrasco (2009-2012), defendeu que a Atenção Básica, e em particular a ESF, foi a principal inovação do SUS, e que seus desafios para consolidação e ampliação dependem centralmente do investimento agora garroteado pela Emenda. “Nossa grande preocupação é que os avanços observados ao longo de 30 anos de SUS e mais de 20 anos de ESF estão ameaçados por toda essa conjuntura de desmonte de direitos sociais que o nosso país experimenta”. Facchini evidenciou em sua apresentação dados que mostram que mesmo com a presença de mais de 40 mil equipes de SF no território nacional há grandes limitações no acesso de segmentos da população e na qualidade do serviço a elas prestado.
Na parte da tarde, os participantes se dividiram em 3 grupos temáticos para debate: 1) Força de trabalho e práticas profissionais na APS; 2) Modelo de atenção e impactos na organização dos serviços; 3) Financiamento e gestão da APS. Cada um dos eixos partiu de textos introdutórios referentes aos temas, elaborados pelos membros da Rede de Pesquisa em APS epreviamente divulgados no site da Rede.
No primeiro grupo, foram debatidos a formação e prática profissional de médicos e enfermeiros na APS, o trabalho dos ACS, a Saúde Bucal do SUS, o NASF e o papel da equipe multiprofissional. No segundo, o acesso e o acolhimento dos usuários, as práticas integrativas e complementares, a coordenação do cuidado e a promoção da saúde no âmbito da APS. No terceiro, o Financiamento da Atenção Básica, a nova PNAB, os modelos de gestão, a investigação e inovação nos cuidados primários e a saúde dos povos, dos campos, das águas e floresta, além do Programa Mais Médicos.
A partir dos debates na mesa de abertura e dos grupos temáticos, o comitê gestor da Rede vem elaborando um relatório síntese dos encaminhamentos e proposições do seminário, com essa agenda estratégica para o SUS e a APS. O documento parte da premissa que o SUS enfrenta várias ameaças atuais, numa conjuntura marcada por retrocessos, pela perda de direitos e por ataques à democracia e por cortes significativos dos gastos públicos.
Dentre eles, destaca-se o subfinanciamento agravado pela EC95 que congelou os gastos públicos por 20 anos e a reconfiguração do repasse federal aos estados e municípios pode deslocar ainda mais recursos da atenção básica para procedimentos de média e alta complexidade. Além disso, foram apontados: as mudanças recentes na Política Nacional da Atenção Básica e a proposta de criação de planos populares na saúde suplementar.
            Esse contexto traz como risco desfiguração de uma APS baseada na conjugação entre necessidades de saúde, territorialização, adscrição de clientela, vínculo e responsabilidade sanitária. Com isso, há a ameaça de aprofundar uma modalidade de serviços básicos de saúde seletivos, organizados sob a lógica de atendimento “queixa-conduta. os planos populares de saúde produziriam um desmonte do sentido público e universal do SUS e a captura de clientela e de profissionais para serviço seletivo, de baixa qualidade e com pouquíssima resolutividade.
            A Rede de Pesquisas em APS avançou durante o seminário preparatório e organizou o debate em temas estratégicos: a) Efeitos positivos sobre saúde da população; b) Cobertura, acesso e utilização; c) Redução das desigualdades sócio-espaciais e regionais; d) Organização da atenção; e) Avaliação, monitoramento e melhoria da qualidade; f) Formação de profissionais para atenção básica à saúde; g) Gestão do trabalho; h) Aspectos normativos e institucionais da gestão pública em saúde; i) Financiamento.
A partir da sistematização de cada um dos eixos, está sendo elaborada uma agenda estratégica da APS no SUS que será debatida durante o Abrascão 2018. Na síntese preliminar foram apontadas como proposições do seminário:
 •          Aumentar o financiamento para a atenção básica com ênfase na saúde da família: ampliar o financiamento do SUS para 8% do PIB, volume total a ser destinado à saúde. Recompor o valor do PAB fixo.
•          Ampliar os mecanismos de redistribuição e alocação equitativa dos recursos federais e estaduais voltados para a Atenção Básica, considerando a capacidade diferenciada de autofinanciamento municipal, as especificidades regionais, a prioridade e necessidade de reforço da ESF.
•          Promover a equidade na distribuição de recursos para áreas remotas e desassistidas.
•          Fortalecer a atuação dos Conselhos de Saúde nos processos de formulação de políticas, controle e fiscalização da aplicação de recursos voltados para o financiamento da atenção básica, em âmbito nacional, estadual e municipal. Apoiar o fortalecimento de espaços de participação popular na saúde.
•          Implementar forte regulação pública para os contratos de gestão indireta, de modo a garantir atenção de qualidade, ademais de segurança jurídica nas relações público-privado.
•          Garantir acesso à atenção secundária por meio da coordenação do cuidado pela APS nas regiões de saúde. Consolidar a APS como porta de entrada para redes regionalizadas de saúde.
•          Reduzir/adequar o número médio de pessoas adscritas a cada equipe de Saúde da Família conforme necessidades diferenciadas.
•          Equiparar o número de equipes de Saúde Bucal às equipes de Saúde da Família e melhorar o acesso a procedimentos de média complexidade em odontologia para áreas com menor IDH.
•          Implantar NASF, em todos os municípios, com dimensionamento adequado.
•          Recomendar o trabalho articulado das equipes com vistas ao cuidado mais efetivo dos usuários e aumentar o escopo das práticas de outros profissionais.
•          Promover o debate com gestores para qualificar o acesso das populações do campo, da floresta e das águas aos serviços de atenção primária à saúde. 
•          Recomendar a realização de diagnóstico situacional sobre os processos de trabalhos das equipes de atenção primária à saúde em áreas rurais. Adequar a territorialização para incluir agrupamentos populacionais esparsos
•          Indicar a ampliação das práticas populares e tradicionais de cuidado por meio do acesso às práticas integrativas e complementares em saúde (PICS) e às plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à fitoterapia.
•          Ampliar ofertas de educação permanente para profissionais da APS.
•          Impulsionar redes de saúde e educação para formação técnica para o SUS com valorização/ articulação das instituições públicas estaduais e federais. Recomendar a revogação imediata da Portaria 83/2018 do MS (Programa de Formação Técnica para Agentes de Saúde). Destinação dos recursos financeiros, previstos na referida portaria, para a oferta do Curso Técnico de Agente Comunitário de Saúde (CTACS) em escala nacional, pelas ETSUS e pelas escolas da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
•          Promover fóruns específicos para a discussão das atribuições, do perfil profissional e do referencial curricular para o CTACS. Esta discussão deveria se dar de modo articulado com um processo mais geral de discussão do processo de trabalho na Estratégia Saúde da Família, das atribuições comuns e específicas dos diferentes profissionais e do modelo de planejamento e gestão.
•          Promover estratégias para a qualificação docente em todos os níveis de formação dos profissionais de saúde.
•          Desenvolver ações para a melhoria da qualidade das práticas profissionais na APS.
•          Promover a formação em apoio matricial nas residências médicas e multiprofissionais. Ampliar o escopo das residências multiprofissionais em saúde.
•          Defesa da centralidade do território na APS: deve ser incentivado o acompanhamento do usuário no território de modo a prover o apoio social requerido, com fortalecimento da rede de apoio informal, familiar e de cuidadores, que necessariamente só pode ser realizado no território, e que tem no ACS um de seus pilares fundamentais.
•          Avançar na investigação de qualidade das ações. Recomendar que os resultados das avaliações externas do PMAQ devem continuar a ser explorados e divulgados.
•          Assegurar a interiorização e fixação de profissionais médicos: manter o Programa Mais Médicos.
•          Promover a formação extensiva em Saúde da Família, seguindo recomendações do Programa Mais Médicos.
•          Direcionar a formação de enfermeiros às competências exigidas pela APS, considerando o potencial clínico da enfermagem.
            Neste momento de ataques aos direitos sociais e as garantias constitucionais, a composição dessa agenda e o fortalecimento da defesa da APS e do SUS são fundamentais. A Rede de Pesquisa em APS seguirá elaborando essa agenda. Haverá apresentação e debate desses encaminhamentos durante oficina do Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva da ABRASCO (o “Abrascão”), no Rio de Janeiro, em julho deste ano. Acompanhe!