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quinta-feira, 6 de junho de 2019

Burnout





 


 
Doutor em Psicologia, Lucas Soldera estimula que pessoas previnam-se com hábitos saudáveis e tempo para lazer

Profissionais especializados e a sociedade estão cada vez mais com os olhos voltados à Síndrome de Burnout, do Esgotamento Profissional ou simplesmente Burnout. Isso é justificável pelo fato de que no mundo atual há enormes cobranças na vida profissional – na qual muitas vezes as qualificações precisam beirar a perfeição, as atribuições são maiores que a carga horária de trabalho, a concorrência é exorbitante e as cobranças vêm de todos os lados, todo o tempo.

De língua inglesa, “burnout” significa “combustão”. Lucas Martins Soldera, chefe do Departamento de Psicologia (DPI) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), compara que, ao invés da gasolina, o combustível é a energia humana, ou seja, ocorre quando o paciente fica “esgotado física e psiquicamente, principalmente por questões relacionadas ao ambiente de trabalho”. Diferentemente do que possa parecer, o Burnout não atinge apenas o trabalhador, mas igualmente pode acometer estudantes e desempregados. “O trabalho não é só desempenhar uma função, é se relacionar, criar sentido naquilo que faz e ter prazer em uma determinada atividade, com carteira assinada ou não”, observa o doutor em Psicologia.

Ainda de acordo com o professor, as causas do Esgotamento Profissional estão ligadas principalmente a: aumento de pressão, cobranças e responsabilidades; tensão; estresse; condições ruins de trabalho; carga horária excessiva; falta de férias e de autonomia; e conflito de valores pessoais com a atividade desempenhada. “Cada dia mais é frequente a necessidade da produtividade, da excelência e da competitividade. Vivemos num mundo de trabalho que está sendo precarizado”, aborda Soldera. Ferramentas que deveriam facilitar o dia a dia, inclusive o profissional, como o smartphone, estão contribuindo para o esgotamento. “Trabalhamos constantemente, em tempo integral, e não percebemos”.


Histórico
O Burnout não é novo, foi descoberto em 1974 pelo psicólogo Herbert Freudenberger, de acordo com a Revista Brasileira de Medicina do Trabalho. E há 20 anos, a Portaria 1.339/99 do Ministério da Saúde já o colocava como uma “dificuldade física e mental relacionada com o trabalho”. Soldera acrescenta que desde 2010 o Burnout também aparece listado na Classificação Internacional de Doenças (CID) e fala que nem sempre se manifesta sozinho, pode vir associado, por exemplo, a depressão, Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (Dort). No mês de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que incluiu o Burnout na 11ª Revisão da CID (CID-11) como “síndrome resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso”.


Sintomas e tratamento

Para ser diagnosticada com Burnout por psicólogo ou psiquiatra, o chefe do DPI informa que a pessoa deve estar em uma situação constante e prolongada de esgotamento. Os principais sintomas, apontados por ele, são:

• Atitudes negativas;
• Falta de significado no que faz;
• Desprazer nas atividades cotidianas;
• Autodesvalorização;
• Distúrbios do sono;
• Cansaço;
• Dor de cabeça frequente;
• Dificuldade de concentração;
• Distanciamento das relações pessoais;
• Sensação de fracasso;
• Mudança repentina de humor;
• Alteração no batimento cardíaco.

A psicoterapia, correlacionada ou não com prescrição de remédios como ansiolíticos e antidepressivos, é a forma mais adequada de tratamento, conforme o doutor, que enfatiza que a automedicação não cabe jamais. “Em muitos casos, a efetiva mudança de rotina e estilo de vida já auxilia muito”, estimula o psicólogo.

Prevenção do Burnout

O trabalhador tem que permitir-se ir a eventos culturais e de lazer, ter vida social saudável, praticar modalidades esportivas, frequentar uma religião caso tenha interesse, dedicar um tempo para não fazer nada e tirar férias de verdade, que é “ter um tempo seu, distante daquilo que você faz no dia a dia”.

Serviços de apoio

Professores e técnicos administrativos da UEM podem procurar o Ambulatório Médico e de Enfermagem, no Bloco 01 do câmpus sede, em Maringá (PR). Informações podem ser obtidas por meio do telefone (44) 3011-4266.

Estudantes da UEM que precisarem de apoio podem recorrer à Unidade de Psicologia Aplicada (UPA): Avenida Mandacaru, 1.690, também em Maringá. O telefone para tirar dúvidas é o (44) 3011-9070 /9072.

Para a comunidade externa, há serviços privados e também a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), encontrada no Sistema Único de Saúde (SUS).

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Saúde Mental na Escola








A importância de discutir a saúde mental de alunos e professores na escola

Evento de NOVA ESCOLA debateu a influência do clima escolar na saúde dos educadores e a relação entre a saúde mental e a identidade dos jovens

 

Larissa Teixeira

Fernando Monteiro falou sobre o papel do professor no clima escolar durante o evento Saúde Mental na Escola. Crédito: Lucas Magalhães

O clima escolar é um dos fatores que influenciam a saúde mental dos jovens e, claro, dos professores. Para garantir a qualidade do processo de ensino e aprendizagem, é preciso antes de tudo que a escola favoreça um ambiente harmonioso, em que o respeito e a colaboração estejam inseridos nas práticas cotidianas. O papel dos alunos e docentes na construção de um clima saudável foi tema de debates durante o evento Saúde Mental na Escola, promovido pela NOVA ESCOLA, com apoio do Facebook e Instagram.


 

Para abordar a importância da cultura colaborativa e do diálogo entre toda a equipe da escola, Fernando Monteiro e Bárbara Dias compartilharam a experiência da organização Evoluir Brasil, especializada em desenvolver conteúdos e metodologias educacionais inovadoras para o desenvolvimento de pessoas.

Segundo Fernando, fundador e diretor-executivo da Evoluir, nenhum fator isolado determina o clima de uma escola, mas sim a interação entre vários elementos relacionados com o engajamento das pessoas, a segurança e a estrutura física da instituição. “Um ambiente que favorece relações mais respeitosas e horizontais tem uma influência direta não apenas na saúde mental de todos, mas também na aprendizagem. Em escolas em que os docentes conseguem colaborar e pensar junto, os alunos também têm um melhor desempenho”, explica.


Para ele, é preciso que haja uma mudança de mentalidade que valorize a ação coletiva entre os educadores, o que pode ser feito com base em três campos de ação. Em primeiro lugar, na esfera pessoal – o docente precisa desenvolver suas próprias habilidades socioemocionais para que consiga se relacionar melhor com os colegas. Em segundo, ele deve investir em métodos de interação com os outros, como a prática do diálogo, a escuta ativa e a comunicação não violenta. Por fim, é necessário pensar no campo ambiental, ou seja, compreender que todos fazem parte de um todo e que precisam conviver em harmonia.


A coordenadora de projetos Bárbara Dias trabalha com projetos contínuos desenvolvidos em escolas públicas. Crédito: Lucas Magalhães

Bárbara Dias, coordenadora de projetos do Evoluir, aponta que, em um momento de polarização e discursos violentos, essas práticas são essenciais para preservar a saúde mental dos educadores. “Embora cada escola tenha suas especificidades, todas elas enfrentam esse dilema do convívio, do estresse, da depressão e da angústia dos professores”, conta. Por isso, ela acredita que é necessário trabalhar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como autoconhecimento e prática da empatia, também entre os educadores.


Saúde mental dos jovens

Um bom clima escolar é responsabilidade coletiva e envolve também a participação dos estudantes. Ao enfrentar problemas de saúde mental e perceber que muitos alunos de sua turma pareciam tristes ou deprimidos, três alunas do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, tiveram a ideia de desenvolver um projeto científico na área de psicologia social sobre saúde mental e construção de identidade.

A aluna Alessandra durante apresentação da palestra "Saúde mental e identidade jovem". Crédito: Lucas Magalhães

Criado pelas adolescentes Alessandra Maranca, Catharina de Morais e Maria Clara Nascentes, o projeto “O Bem-Estar do Jovem: A Busca pela Saúde Mental a partir da Construção da Identidade Autêntica” foi realizado dentro do programa Cientista Aprendiz, do Colégio Dante.

"Na época tínhamos 13, 14 anos. Eu era bulímica, andava hostil com as pessoas e tinha passado por situações de bullying. Quando a gente se reuniu, chegamos à conclusão de que nós três estávamos sofrendo, e também percebíamos isso ao conversar com outras pessoas. Então queríamos entender por que isso estava acontecendo", conta Alessandra.
Em uma pesquisa inicial, as jovens descobriram que existem cerca de 35 milhões de adolescentes entre 10 a 19 anos com algum transtorno de saúde mental. “Identificamos que uma das etapas mais cruciais para que o jovem se torne um adulto maduro é a construção da identidade, ou seja, ter um conjunto de metas e objetivos estabelecidos. Essa questão da identidade influencia a saúde mental, principalmente neste momento da hipermodernidade, em que temos muitas opções e um grande poder de escolha”, relata Maria Clara.

As estudantes Maria Clara e Catharina durante apresentação do projeto que desenvolvem no Colégio Dante. Crédito: Lucas Magalhães

Após as pesquisas, o primeiro passo foi realizar um questionário com escolas públicas e particulares para entender a correlação entre esses fatores. Na segunda fase, elas criaram um plano de intervenção baseado em alguns pilares, como o fortalecimento do diálogo com o grupo, discussões sobre padrões corporais e o princípio da identificação. “Muitas vezes, os jovens têm mais dificuldade de falar sobre determinados assuntos com os adultos. Por isso, pensamos que uma boa maneira de fazer isso seria colocar os próprios jovens para falar com as turmas”, explica Catharina.

Dentro do projeto, foram escolhidos alguns líderes para guiar o trabalho nas salas de aulas e mediar rodas de conversa sobre a formação da identidade. O trabalho ainda está em andamento, mas a ideia é que possa ser replicado em outras escolas.

domingo, 25 de março de 2018

Burnout entre estudantes de Medicina


Taxa alarmante de burnout em estudantes de medicina

 

Liam Davenport




NICE, França — Quase metade dos estudantes de medicina apresenta burnout mesmo antes de chegar à residência, o que pode colocá-los em maior risco de depressão e de abandonar a faculdade, sugere uma nova pesquisa.

Em uma meta-análise de mais de 16.500 estudantes de medicina, o Dr. Ariel Frajerman, Centre Hospitalier Sainte Anne, em Paris (França), e colaboradores, descobriram que quase 46% dos estudantes sofriam de burnout, com exaustão emocional sendo o sintoma mais comum.

Descrevendo os resultados como "alarmantes", os pesquisadores observaram que existe "uma necessidade urgente de desenvolver estratégias preventivas para melhorar o bem-estar e a saúde mental dos estudantes de medicina".

Os resultados foram apresentados no congresso da European Psychiatric Association (EPA) 2018.

 

Burnout antes da residência

Dr. Frajerman explicou que as origens da análise atual estão em parte em dois estudos publicados há cerca de 10 anos.

A primeira foi uma revisão sistemática publicada em 2006 sobre estresse psicológico entre estudantes de medicina canadenses. Nessa revisão, não foram encontrados estudos de burnout.

O segundo foi uma revisão sobre burnout entre os residentes médicos publicada um ano depois. Para essa análise, foram identificados 19 artigos publicados entre 1975 e 2005; a prevalência de burnout foi entre 18% e 82%.

"Neste período, não se espera que estudantes de medicina tenham burnout antes da residência, enquanto que em residentes, isso é muito alto", disse o Dr. Frajerman.

Para determinar a prevalência de burnout em estudantes de medicina antes da residência, a equipe realizou uma pesquisa sistemática do Medline para todos os estudos publicados em inglês entre 2010 e 2017.

Estudos foram incluídos se avaliaram burnout usando questionários validados; o questionário preferido foi o Maslach Burnout Inventory. A partir de 5440 artigos identificados inicialmente, foram selecionados para a meta-análise 23 estudos, envolvendo 16.769 estudantes de medicina.

 

Exaustão emocional

Os pesquisadores determinaram que 8011 estudantes de medicina estavam sofrendo de burnout, correspondendo a uma taxa estimada de prevalência global de 45,8%.

A prevalência foi maior nos países do Oriente Médio, o que, segundo o Dr. Frajerman provavelmente reflete as condições de trabalho ruins da região, resultantes da guerra e do terrorismo constantes.

A prevalência de burnout pareceu ser mais alta na América do Norte do que na Europa. No entanto, o Dr. Frajerman destacou que apenas quatro dos estudos incluídos foram realizados na Europa, muito menos do que na América.

Os dados de prevalência para subescalas do Maslach Burnout Inventory estavam disponíveis em apenas oito estudos, envolvendo um total de 6926 estudantes de medicina.

Estes dados mostraram que 42,2% dos alunos apresentaram exaustão emocional, 25,8% sofreram de despersonalização, e apenas 21,2% tiveram sentido de realização pessoal.

Colocando os resultados em contexto, o Dr. Frajerman disse que uma revisão de 2013 por Waguih Ishak e colaboradores, encontrou nove estudos de burnout em estudantes de medicina, publicados entre 1974 e 2011. Nestes estudos, a prevalência esteve entre 45% e 71%.

"Ao longo de quase 40 anos, eles encontraram apenas nove estudos, enquanto que em nove anos nós encontramos 23 estudos. Portanto, é um assunto recente de interesse em estudos médicos", afirmou. Os resultados mostram que "o burnout em estudantes de medicina é muito frequente, por isso deve ser levado em consideração".

 

A culpa é da carga horária?

Além disso, uma meta-análise publicada em 2016 mostrou que a prevalência de depressão entre estudantes de medicina foi de 27,2%, e que a prevalência de ideação suicida foi de 11,1%.

"Então não temos desculpas", disse o Dr. Frajerman. "Sabemos que há uma saúde mental ruim em estudantes de medicina, mesmo antes da residência".

Ele observou que, muitas vezes, o burnout é reconhecido apenas mais tarde.

"Dessa forma, se quisermos melhorar isso, devemos tratar o assunto precocemente, para evitar o surgimento de burnout, porque ele é o sintoma mais frequente e é um fator de risco para depressão e abandono do curso".

Perguntado por um membro da audiência sobre as causas do burnout, Dr. Frajerman disse que estudos anteriores sugerem que a ocorrência de burnout está ligada à quantidade de tempo em serviço.

"Quanto mais você trabalha, mais você está em risco de burnout", disse ele. Isso significa que as escolas de medicina precisam ser "mais estritas" ao estabelecer limites sobre a quantidade de tempo que os alunos trabalham, disse ele.

Outros estudos mostraram que programas de relaxamento e outras atividades organizadas pela faculdade diminuem o burnout, porque os estudantes sentem que o bem-estar deles está sendo considerado e porque tais atividades ajudam a reduzir as taxas de depressão.

O presidente da sessão, Dr. Guillaume Vaiva, Centre Hospitalier Régional Universitaire de Lille, perguntou se o burnout durante a faculdade de medicina era preditivo de burnout mais tarde na vida.

Dr. Frajerman explicou que não há estudos de longo prazo sobre o burnout, mas que a condição entre estudantes de medicina é preditiva de depressão e de abandono da faculdade.

 

Pressão pela excelência

Após a sessão, o Medscape discutiu os resultados com dois membros da EPA, nenhum dos envolvido na meta-análise.

O Dr. Jordan Sibeoni, Argenteuil Hospital Center (França), disse que não ficou surpreso com o nível de burnout relatado, acrescentando que a educação médica "é difícil. É necessário trabalhar muito, e existe esse ideal de excelência. É necessário alto desempenho para se destacar".

Na universidade onde ele atua, os psiquiatras consultam estudantes de medicina uma vez por mês, se eles precisam de conselhos, orientação ou algum suporte psicológico ou psiquiátrico.

"E recebemos muitos estudantes de medicina", disse Dr. Sibeoni.

"Na maioria das vezes são aspectos de ansiedade ou depressão que podem estar relacionados ao burnout. Os mais problemáticos são aqueles que repetem muitos anos, então os seis anos de curso se tornam 10 anos, e há essa ideia de que nunca terá fim".

"Às vezes, por causa do sistema, eles não passam em apenas um exame de 10 ou 20 provas, e precisam fazer o ano todo novamente; sentem-se completamente devastados por isso", acrescentou.

A Dra. Ana Moscoso, Hospital Pitié-Salpêtrière, de Paris (França), concordou, observando que, por sua própria natureza, os estudantes são vulneráveis. O burnout ocorre "na interface com o sistema, com a instituição, então é preciso considerar tudo isso".

Se uma instituição descobre que os níveis de burnout entre os alunos são altos, "é necessário abordar esta questão, porque algo claramente não está indo bem", acrescentou a Dra. Ana.

 

Responsabilidade individual ou institucional?

A seguir, o Dr. Sibeoni questionou se é responsabilidade de uma universidade médica cuidar do bem-estar de um estudante, ou se é responsabilidade do indivíduo procurar ajuda quando preciso.

"Eu acredito que por depressão e ansiedade, talvez esta seja uma responsabilidade individual. Mas quando se fala sobre burnout, deve ser o hospital de ensino e a universidade que devem agir", disse ele.

O "ambiente em geral entre colegas também é algo que definitivamente é importante", acrescentou a Dra. Ana.

"Se fizermos um paralelo com o nosso campo da psiquiatria, a evidência mostra que se você trabalha em um ambiente onde é confrontado com pacientes difíceis, ou com muita carga de trabalho, mesmo que essas coisas possam desempenhar um papel no burnout, o ponto mais importante é a saúde mental da instituição", disse a Dra. Ana.

"Há também a questão do treinamento", disse Dr. Sibeoni. Ele observou que participou de uma revisão sistemática sobre como a empatia é ensinada aos estudantes de medicina. Os resultados mostraram que a maioria dos alunos não recebeu nenhum treinamento formal.

"Eles sequer sabem que é o assunto é ensinável. Eles até dizem que os estudos de medicina, como estão, fazem com que eles sintam que não devem ser empáticos, que devem esconder as emoções, e sempre estar no controle", disse ele.

"Em muitos estudos, pode-se observar que a empatia é um fator protetor para o burnout. Portanto, se você ensina os estudantes de medicina a não serem empáticos, também é como um fator de estresse para o burnout".

Os pesquisadores, o Dr. Sibeoni e Dra. Ana declararam não possuir conflitos de interesses relevantes. 
 
Congresso da European Psychiatric Association (EPA) 2018. Resumo OR0050, apresentado em 5 de março de 2018.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Mental Health



Curso de Especialização em Saúde Mental na Atenção Primária à Saúde


O período de inscrição de alunos é de 22/05 a 20/06. O resultado será divulgado no dia 10/07 para início das aulas na segunda quinzena de agosto:

Aula inaugural em Curitiba: 14/08; Maringá: 21/08 e em Cascavel 24/08.
O Curso de Especialização em Saúde Mental é voltado para ampliar a capacidade dos profissionais para a Gestão do Cuidado nos territórios.

Alinhado aos princípios da Desinstitucionalização e do Cuidado em Liberdade, o curso representa uma estratégia de gestão por meio da educação permanente, para fomentar processos de cuidado com vistas a ampliar capacidades de promover a saúde mental, prevenir, tratar e reabilitar nos contextos de vida das pessoas. 

A Rede de Atenção à Saúde Mental no Estado do Paraná articula pontos de atenção desde o domicílio, Unidades Básicas de Saúde e seus territórios de abrangência, demais equipamentos e rede intersetorial. O desafio é superar a prática do encaminhamento e fortalecer o trabalho colaborativo entre profissionais e comunidades dos diversos pontos de atenção dos quais os usuários precisam ao longo da vida.

O Curso pretende aproximar o campo da Saúde Coletiva e o campo da Saúde Mental, por meio de análise e reflexão histórica e crítica dos saberes e práticas que fundamentam os processos de cuidado.

Ao final do Curso espera-se que o aluno seja capaz de identificar recursos e necessidades individuais e comunitárias de saúde mental, planejar, implementar e avaliar projetos terapêuticos alinhados aos princípios da Reforma Psiquiátrica.

A Secretaria de Estado da Saúde no Paraná investe recursos próprios para a oferta regular do Curso de Especialização em Saúde Mental. No período letivo de 2015-2016 foram ofertadas duas turmas: em Curitiba e em Londrina. Para o período letivo 2017-2018 estão sendo ofertadas turmas em Curitiba, Maringá e Cascavel.

Para a realização de turmas descentralizadas a Escola de Saúde Pública atua em parceria com as Universidades Estaduais do Paraná por meio de Termo de Cooperação Técnica (nº 03/2015) firmado entre SESA/ESPP/SETI/Universidades que possibilita o uso do espaço físico e acervo bibliográfico pelo corpo discente e docente.
 
Para saber mais sobre o curso, calendário de aulas e processo de seleção, leia o EDITAL.

Edital Clique aqui

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Saúde Mental dos Estudantes de Medicina




Medicina da USP se mobiliza após tentativas de suicídio


CLÁUDIA COLLUCCI



Painel pintado por alunos do 4º ano de medicina da USP no subsolo da faculdade


 
 
 


Um série de tentativas de suicídio entre alunos do quarto ano de medicina da USP tem mobilizado estudantes e professores de uma das melhores faculdades do país. 

Ao menos seis casos foram registrados neste ano –três nas últimas semanas.

O clima de tensão aparece em páginas do Facebook dos estudantes –que citam "surto de suicídios"– e em textos de professores aos alunos.

"Ficamos muito chocados com os acontecimentos recentes envolvendo a saúde dos alunos. Há uma grande apreensão e tristeza pairando em todos nós", escreveu o coordenador do curso de clínica médica do quarto ano, Arnaldo Lichtenstein, que adiou a prova na última sexta (7).

Em outra carta, um grupo de profissionais do serviço de psicoterapia do IPq (Instituto de Psiquiatria da USP) fala sobre a angústia dos alunos.

"Esgotamento, ansiedade, depressão, internações psiquiátricas, tentativas de suicídio, mortes. Os relatos [dos estudantes] nos parecem crescentes em frequência e intensidade, e soam como um pedido de ajuda."

O texto fala sobre as dificuldades em lidar com o assunto no ambiente acadêmico e termina com um convite para que os alunos saiam do silêncio e falem "do que não se fala, a não ser na privacidade dos corredores".

Na condição de anonimato, a Folha conversou com seis estudantes. Eles relatam que, no quarto ano, o aluno fica mais vulnerável porque as pressões se multiplicam.

"A formatura está próxima e a realidade da profissão vai matando as ilusões dos tempos de calouros. Há disputas infantis por notas, muitas divulgadas nominalmente."

Outro afirma que não existe tempo suficiente para atividades que não estejam ligadas ao mundo médico. As aulas começam às 8h e terminam às 18h quase todos dias.

"Além do cansaço mental, da desumanização cotidiana, temos que ter a cabeça tranquila para estudar doenças."

Os alunos apontam como um dos focos do problema a disciplina de clínica médica. "Em apenas dez semanas de duração, somos cobrados sobre fisiopatologia das doenças, sobre diagnósticos e sobre quais exames solicitar para excluir ou confirmar hipóteses", relata um deles.

Ele se queixam também que a saúde mental do aluno não é considerada quando se trata de faltas. "As notas de conceito [quase 50% da nota final] são multiplicadas pela frequência. Se o aluno está deprimido, não consegue ir às aulas. Mas não podemos faltar sem punição. Não temos tempo para cuidar da nossa saúde mental e física."

Outro fator de estresse são as "panelas". No quarto ano, são formados grupos de cerca de 15 alunos para o estágio obrigatório (internato).

Em várias universidades, como na Unicamp, os grupos são formados por sorteio, mas, na USP, é por livre escolha. São os alunos que decidem com quem se agruparão, o que gera grupos de exclusão e perseguição.

"Alunos mal vistos ou que não são bem relacionados, por inúmeros motivos, acabam sobrando e formando a famigerada 'panela lixo' ou são excluídos e têm que mendigar uma vaga entre os grupinhos já formados."


APOIO PSICOLÓGICO

Para Francisco Lotufo Neto, professor de psiquiatria indicado pela diretoria da FMUSP para falar sobre o assunto, as tentativas de suicídio estão relacionadas a uma soma de fatores.

"São jovens em amadurecimento, enfrentando a entrada numa profissão que tem contato com o sofrimento humano. É um curso difícil, que exige das pessoas. Também há a pressão pelo sucesso."
Em sua opinião, isso tudo leva a uma maior predisposição à depressão, que é mais prevalente entre os estudantes de medicina do que na população em geral.

Segundo ele, na comissão de graduação já existe um grupo que acompanha os alunos com dificuldades (por exemplo, que foram mal nas provas ou que têm faltado às aulas), mas que agora, após as tentativas de suicídio, foi criado um grupo de atendimento psicológico para atendimento individualizado.

Foi instituída também uma linha telefônica que funciona 24 horas para onde os alunos podem ligar em situações de emergência. "Fiquei como plantonista o fim de semana todo, mas ninguém ligou", diz Lotufo.

Sobre as queixas relativas à falta de tempo dos alunos, ele afirma que a nova grade curricular da medicina, implantada a partir de 2015, já prevê mais tempo livre aos alunos. "O atual quarto ano ainda segue a grade antiga."

Em relação às panelas, disse que já houve uma proposta da direção em adotar sorteios na formação dos grupos, mas que a maioria dos alunos foi contrária à ideia.




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Sinais de Alerta



Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress















 
  • falar sobre querer morrer
  • procurar formas de se matar
  • falar sobre estar sem esperança ou sobre não ter propósito
  • falar sobre estar se sentindo preso ou sob dor insuportável
  • falar sobre ser um peso para os outros
  • aumento no uso de do álcool e drogas
  • agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável
  • dormir muito ou pouco
  • se sentir isolado
  • demonstrar raiva ou falar sobre vingança
  • ter alterações de humor extremas
  • quanto mais sinais, maior pode ser o risco da pessoa





Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress



O que fazer
  • não deixar a pessoa sozinha
  • tirar de perto armas de fogo, álcool, drogas ou objetos cortantes
  • ligar para canais de ajuda
  • levar a pessoa para uma assistência especializada 








Ilustração Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress



Alguns pontos de alerta para depressão em adolescentes:
  • Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos
  • Piora do desempenho na escola, no trabalho e em outras atividades rotineiras
  • Afastamento da família e de amigos
  • Perda de interesse em atividades de que gostava
  • Descuido com a aparência
  • Perda ou ganho inusitado de peso
  • Comentários autodepreciativos persistentes
  • Pessimismo em relação ao futuro, desesperança
  • Disforia marcante (combinação de tristeza, irritabilidade e acessos de raiva)
  • Comentários sobre morte, sobre pessoas falecidas e interesse por essa temática
  • Doação de pertences que valorizava

Cerca de 90% das pessoas que morrem de suicídio possuíam transtornos mentais. Elas poderiam ser tratadas e acompanhadas


Mitos em relação ao suicídio

 
Se eu perguntar sobre suicídio, poderei induzir uma pessoa a isso
Questionar sobre ideias de suicídio, fazendo-o de modo sensato e franco, fortalece o vínculo com uma pessoa, que se sente acolhida e respeitada por alguém que se interessa pela extensão de seu sofrimento.
Ele está ameaçando o suicídio apenas para manipular...
Muitas pessoas que se matam dão previamente sinais verbais ou não verbais de sua intenção para amigos, familiares ou médicos. Ainda que em alguns casos possa haver um componente manipulativo, não se pode deixar de considerar a existência do risco de suicídio.
Quem quer se matar, se mata mesmo
Essa ideia pode conduzir ao imobilismo. Ao contrário dessa ideia, as pessoas que pensam em suicídio frequentemente estão ambivalentes entre viver ou morrer. Quando falamos em prevenção, não se trata de evitar todos os suicídios, mas sim os que podem ser evitados.
Veja se da próxima vez você se mata mesmo!
O comportamento suicida exerce um impacto emocional sobre nós, desencadeia sentimentos de franca hostilidade e rejeição. Isso nos impede de tomar a tentativa de suicídio como um marco a partir do qual podem se mobilizar forças para uma mudança de vida.
Uma vez suicida, sempre suicida!
A elevação do risco de suicídio costuma ser passageira e relacionada a algumas condições de vida. Embora a ideação suicida possa retornar em outros momentos, ela não é permanente. Pessoas que já tentaram o suicídio podem viver, e bem, uma longa vida. 


Telefones e sites de ajuda:

Centro de Valorização da Vida (CVV): 141
Também é possível entrar em contato e receber apoio emocional do CVV via internet, a partir de email, chat e Skype 24 horas por dia 

Fontes
American Foundation for Suicide Prevention; 
Centro de Valorização da Vida; 
"Comportamento suicida: vamos conversar sobre isso?", de Neury José Botega, membro-fundador da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio; 
"Preventing Suicide: A Global Imperative", da Organização Mundial da Saúde