Boas Práticas
 14/02/2012  | © Daniel Bueno | 
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Para tentar  melhorar o comprometimento dos pesquisadores da área médica com as boas  práticas em ciência, o grupo que representa as instituições de ensino  superior do Reino Unido, Universidades do Reino Unido (UUK), prepara um  documento sobre a integridade da pesquisa. O objetivo é promover a  integridade da investigação e deixar claro as responsabilidades das  instituições, organismos de fomento e pesquisadores, além de fornecer  exemplos de boas práticas. O documento está sendo feito junto com as  agências de financiamento e deverá ficar pronto em abril.
A preocupação cresceu depois de um levantamento do periódico inglês British Medical Journal (BMJ),  divulgado em janeiro durante um congresso em Londres, mostrar que a  comunidade científica britânica tem sido falha ao lidar com a má conduta  em pesquisa médica. O BMJ entrevistou 2.782 médicos e  acadêmicos e constatou que 13% deles demonstraram conhecer casos de  alteração ou fabricação de dados feita de forma deliberada por  pesquisadores. Outros 6% afirmaram saber de má conduta ocorrida em suas  instituições que não havia sido devidamente investigada.
De acordo com a revista Nature,  os participantes do encontro pediram ações mais enérgicas.“É o  reconhecimento de que temos um problema”, disse Fiona Godlee, editora  chefe do BMJ. A questão não é nova para os britânicos. No ano  passado, um comitê de ciência e tecnologia do Parlamento inglês já havia  concluído que a “integridade da pesquisa no Reino Unido é  insatisfatória”. E em 2000 a Lancet – outra importante revista de ciências médicas – criticava os erros de conduta e lamentava por nada estar sendo feito.
O  comunicado final do congresso recomendou um reforço nos mecanismos que  deveriam assegurar a boa conduta em pesquisa. No Reino Unido não 
há um  organismo oficial nacional que lide com problemas éticos em pesquisa com  poderes legais ou regulatórios. O mais próximo disso é o UK Integrity  Research Office, organização privada que fornece consultoria e  orientação sobre questões relativas à integridade da pesquisa. É mantida  por órgãos governamentais, agências de fomento, universidades e  instituições privadas envolvidas com a pesquisa.
Universidade pede anulação de artigos
A  Universidade de Connecticut (UConn), nos Estados Unidos, notificou em  janeiro 11 periódicos científicos que publicaram estudos sobre vinho  tinto e longevidade pedindo a anulação de artigos já veiculados. O  acusado é Dipak Das, cientista indiano que era diretor do Centro de  Pesquisa Cardiovascular do Centro de Saúde da universidade. “Temos a  responsabilidade de corrigir os registros científicos 
e informar  pesquisadores de todo o país”, disse Philip Austin, vice-presidente para  assuntos de saúde da instituição. Verbas federais no montante de US$  890 mil 
para as pesquisas de Dipak Das foram recusadas pela UConn.
A  investigação sobre o trabalho do cientista indiano começou em 2009  depois que o Office of Research Integrity – órgão federal de  fiscalização de integridade de pesquisas em saúde – avisou a UConn sobre  uma denúncia envolvendo um artigo publicado pelo laboratório de Das. Os  problemas referem-se mais especificamente à manipulação de experimentos  com os testes chamados western blots, que indicam a presença e  quantidade de determinadas proteínas no sangue. Já a relação entre  vinho e benefícios à saúde é objeto de estudo em todo o mundo, com  resultados variados.
A investigação da UConn produziu um  relatório de 60 mil páginas sobre 145 acusações de falsificação de  informações publicadas em 23 artigos. Outros pesquisadores que  trabalharam com Das poderão ser acusados de má conduta. Ele nega as  acusações, diz que cientistas de outras instituições chegaram às mesmas  conclusões que ele e reclama de discriminação por ser indiano. Além da  investigação da UConn, o Office of Research Integrity abriu uma apuração  própria sobre o caso.


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