segunda-feira, 30 de abril de 2018

Better distribution of medical workforce



EMCM/UFRN relata a sua experiência de implantação do Curso de Medicina de Caicó

 

A implantação de um curso de medicina situado na cidade de Caicó (RN), no semiárido nordestino - a 280 quilômetros da capital do estado - e seus tensionamentos nos sistemas de saúdes locais. É esse o tema do relato feito por Lucas Pereira de Melo e outros sete autores, publicado em setembro de 2017 na Revista Interface.
 
A experiência institucional e curricular do curso de Medicina na da escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte (EMCM), da UFRN, que teve início de sua implantação em 2012. Partindo da missão constitucional do SUS de ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde, a inadequação da formação médica às necessidades do SUS e da população e o lançamento do Programa Mais Médicos em 2013, o artigo descreve o processo de construção do projeto pedagógico do curso. A partir de uma série de reuniões e audiências públicas nos municípios da região de inserção da EMCM, havia o objetivo inicial de produzir um currículo “mais sensível às realidades locais e às necessidades de saúde da população”, com módulos, por exemplo, vinculados à Saúde Ambiental e a inserção dos graduandos nas comunidades da área.
 
Destaca também a iniciativa política da UFRN de garantir o acesso de estudantes da própria região do entorno da faculdade ao curso. A partir de um instrumento denominado Argumento de Inclusão Regional, os estudantes que terminaram ensino médio em localidades vizinhas ao campus ganhavam um bônus de 20% na nota do Sistema de Seleção Unificada (SISU). Com essa política, os pesquisadores afirmam que atualmente 67,5% dos alunos do curso são oriundos de munícipios do sertão potiguar e paraibano.
 
Destacam também a prioridade que a formação e o desenvolvimento docente tiveram nesse processo. Foram realizados uma série de cursos e oficinas sobre metodologias de ensino e disponibilizadas vagas do Mestrado Profissional para a titulação de todos os docentes do campus.
 
O projeto curricular do curso foi dividido em eixos pedagógicos estruturantes: o Ensino Tutorial, as Habilidades Clínicas, Morfofuncionais e de Comunicação e a Integração Ensino-Serviço-Comunidade. Em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais, o curso tem a primeira fase de Fundamentos da Prática Clínica, com 31 módulos interdisciplinares nos quatro primeiro anos da graduação, a partir dos eixos de ensino tutorial, de habilidades e na comunidade.  E, posteriormente, a segunda fase, com os dois anos finais de Internato Médico.
 
Os três eixos englobam sessões tutoriais, conferências semanais e oficinas práticas de habilidades e atividades inseridas diretamente em serviços do SUS. Diferentes formas de avaliação são descritas para cada um dos eixos foi desenvolvida, mediante as características do processo formativo das modalidades de ensino.
 
Os autores apontam obstáculos a implementação do projeto como a resistência ao modelo pedagógico baseado em metodologias ativas de aprendizagem, o comprometimento insuficiente de docentes com o curso e a sobrecarga dos estudantes e do trabalho docente.
 
Destacam também, além da graduação, a constituição de programas de Pós-Graduação, com funcionamento de dois cursos de Residência Médica (Cirurgia e Medicina de Família e Comunidade) e dois de Residência Multiprofissional em Saúde (Atenção Básica e Saúde Materno-Infantil), totalizando 71 vagas anuais.
 
Além disso, trazem à tona a prioridade na construção da Extensão Universitária no processo, com um total de 24 projetos, 5 cursos e 2 Programas de Extensão entre 2014 e 2016. Aponta-se aqui estas iniciativas como o elo entre a universidade e a comunidade, com suas complexas necessidades de saúde. Temas como a pesquisa, a titulação do corpo docente e a estrutura do campus também são abordados no relato.
 
Em suma, o artigo relaciona a implantação de um curso de Medicina inserida na luta em defesa dos princípios do SUS. Segundo os autores, “apesar de todas as potencialidades e conquistas, ainda são grandes os obstáculos e desafios a serem vencidos para que a EMCM-UFRN funcione em toda a sua capacidade e plenitude”.


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