quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Jadete Lampert no 52º COBEM


Jadete Lampert fala na abertura do 52º COBEM

Na mesa de abertura do 52º Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM), ocorrido em Joinville (SC) nos dias 31 de Outubro a 03 de Novembro de 2014, a presidente em exercício da ABEM, Profª Jadete Lampert, proferiu este pequeno discurso que transcrevo na íntegra.






Minha fala será breve e se remeterá a desafios, a ABEM e ao meu momento. Desafios, que são construir processos de mudanças que devem ser permanentes com sustentabilidade para edificar novos paradigmas na formação e na assistência em saúde.

O tema central do congresso: "As escolas médicas como transformadoras da sociedade", nos remete a responsabilidade social assumida pelas escolas ao comprometerem-se com a formação de profissionais para a assistência em saúde. Vislumbra-se para estas, um trabalho que busca a qualidade de forma intensa e determinada nos processos de formação e de assistência em saúde. No entanto, vive-se momento preocupante com a qualidade da formação dos profissionais médicos, dada a criação de número elevado de escolas nunca visto neste país, (esta frase alguém já falou!) com critérios questionados, sem perspectiva clara para adequação, quanto a capacitação, avaliação e valorização de corpo docente, frente ao desafio de formar profissionais médicos contemporâneos competentes para a prestação de serviços. Por outro lado, não se pode deixar de perceber que o curso de graduação, que tem DCNs próprias para medicina e se constitui no momento crucial da formação para assimilar valores profissionais médicos há muito se mostra fragilizado. A graduação deve dar formação estruturante para a continuidade de estudos nas pós-graduações, educação continuada e educação permanente. Apesar disso, questões como Cursos Preparatórios para Residência Médica e Ligas Acadêmicas, concorrentes no espaço e com o tempo para dedicação ao curso de graduação estão longe de suscitar estranheza, o que mostra situação, no mínimo, digna de um estudo, porque nunca se viu noutro país (esta frase ninguém falou! )

Em tempo de DCNs (MEC/CNE, 2001; 2014) a formação de profissionais generalistas, críticos e reflexivos, humanistas, éticos trata de formar pessoas, que além do domínio da ciência e da tecnologia se comprometam com convicções morais e espirituais, com hábitos e atitudes cívicas que valham a pena, como a arte de ouvir, muito importante para a democracia. A acolhida e a escuta, além da anamnese na semiologia, trata de aprimorar a comunicação com as pessoas, e assim, proporcionar a mais adequada atenção à saúde em distintas situações. Somos cidadãos, e como tal comprometidos com o coletivo. A democracia não exige igualdade perfeita, mas exige que pessoas de formações, de trajetórias, vivências e profissões distintas se encontrando no dia-a-dia da vida, tratem do bem comum. Desafios!

A ABEM como estratégia tem realizado congressos (nacional e regionais), publicado a RBEM, livros e boletins informativos, Cadernos da ABEM, desenvolvido projetos que sendo indutores de mudanças tomam o caráter permanente e participativo para melhorar a formação médica junto com a de outros profissionais e contribuir para a maior qualidade de vida no cuidado com a saúde do povo brasileiro. O que, ainda, é pouco. Desafios!

Nos últimos quatro anos buscou-se expandir a estrutura administrativa, discutindo e aprovando novo Estatuto e Regimentos Geral e Eleitoral, que buscou fortalecer a descentralização, (o Brasil é imenso) criando conselhos regionais de educação médica para chegar mais perto das escolas e da Sociedade organizada, pública e privada, que possibilite criar espaços para maior diálogo, incentivando a construção compartilhada com análise crítica do que faz, como faz e como pode fazer melhor, com monitoramento e avaliações de processos. Desafios!

A ABEM, somos nós, o Brasil somos nós. Isto nos exige atuação no conjunto da sociedade. Chegando ao final de mais uma gestão na ABEM, desejo agradecer de alma e coração a tantos, colegas, amigos, amigas, companheiros e companheiras que estiveram juntas e juntos estão incansáveis neste construir do dia-a-dia da educação no nosso país. A todos aproveito este momento para agradecer o privilégio e a riqueza do trabalho conjunto que me foi proporcionado, sem vocês a caminhada não teria sentido. Neste evento temos eleições na ABEM, a chapa eleita tomará posse ao final deste congresso, juntamente com os Conselhos regionais já eleitos, nas respectivas regionais. Novas gestões para as regionais e nova gestão para a nacional da ABEM, que adentram na contagem dos próximos 50 anos da instituição. Tenho convicção, que a ABEM continuará com este grupo que é de fé e de trabalho a somar esforços e a ampliar espaços neste exercício de construir um país mais justo, tendo pela frente a prática da cooperação, que se sobressai a da competição, com a garantia de que todos ganham, e as escolas médicas podem, significativamente, impulsionar a transformação desejada e construída pari passu com a Sociedade brasileira, como nos remete o tema central deste 52º COBEM.

Obrigada pela atenção e  bom congresso para todos nós!

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