quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Metodologias Ativas de Ensino-aprendizagem


Médicos de Stanford adotam modelo de aula baseado em debate e trabalho em grupo

Patrícia Gomes  -  UOL Educação / Porvir

Charles Prober, diretor da Escola de Medicina de Stanford, está convicto: “Está na hora de mudarmos a forma como educamos nossos médicos”. Por isso, a instituição está incentivando seus professores, alguns dos mais renomados do mundo em determinadas especialidades médicas, a aposentarem a boa e velha aula expositiva teórica e passarem a adotar o chamado "flipped classsroom", ou sala de aula invertida.
O método, que tem se tornado comum na educação básica, defende que os alunos se dediquem aos conteúdos mais densos em casa – por meio de leituras tradicionais, videoaulas on-line ou outros materiais interativos – para que o momento de sala de aula fique liberado para discussões mais aprofundadas, trabalhos em grupo ou em campo.
A iniciativa de Stanford, chamada de Smili (Stanford Medicine Interactive Learning Iniciatives), reúne em um site informações sobre como a geração Y aprende e que recursos os professores têm à disposição para produzir material interativo e videoaulas. A universidade diz que a última grande revolução na formação dos futuros médicos aconteceu em 1910 e, de lá para cá, muito pouco avançou. Em contrapartida, dizem eles, os cuidados com a saúde passaram a demandar um trabalho muito próximo com profissionais de diferentes áreas para resolver os problemas dos pacientes, que têm se mostrado muito complexos para serem resolvidos por apenas uma disciplina.
“A tentativa de tornar o ensino da medicina mais interativo faz parte de um esforço maior para alinhar o currículo a um ambiente de assistência médica e às novas formas pelas quais os estudantes aprendem”, afirma a instituição pelo site da iniciativa. E sobre os novos recursos disponíveis, as videoaulas estão entre os mais estimulados.
“As novas tecnologias de dentro e de fora da sala de aula abriram novas oportunidades para o ensino. A tecnologia de vídeo, por exemplo, se tornou muito fácil de ser usada, e agora permite que professores criem vídeos com quizzes e outras atividades interativas inseridas neles”.
Alguns vídeos serão feitos com a assistência da Khan Academy, que já está envolvida com outros projetos de Stanford, como a Class2Go. “A missão da Khan Academy realmente tem ressonância: educar qualquer um, em qualquer lugar e de graça. Eu quero compartilhar o que fizermos com mais gente possível, sem fins lucrativos.
Se isso ajudar a elevar o nível da educação, vai ser ótimo. Essa é a nossa missão”, disse Prober ao Stanford News. Ele espera que, no futuro, as aulas produzidas pela Escola de Medicina de Stanford possam ser compartilhadas com outras instituições.
Nós estamos empacotando conhecimento, mas o vídeo não é o conhecimento de verdade. Empurrar fatos para as pessoas não é ensinar. O aprendizado é entender esses fatos em sessões interativas e ricas de aprendizagem
Com os vídeos, a universidade espera conseguir um maior engajamento dos alunos, que podem acessar o material conforme seu ritmo de estudo. Isso permite que estudantes com dificuldades possam retomar pontos de interesse ou até mesmo revisar assuntos básicos quando já estiverem em anos mais avançados. Para o professor, em vez de fazê-los repetir, ano a ano, as mesmas explicações, ele pode selecionar uma série de vídeos com suas melhores apresentações e torná-las disponíveis para todos os seus alunos.
Os professores interessados em começar a experimentar o novo modelo podem, pelo site, receber algumas dicas. Nas orientações gerais, Stanford sugere que os vídeos sejam objetivos, tenham entre 8 e 15 minutos e sempre indiquem material complementar para quem quiser se aprofundar em algum ponto específico. O que será mostrado na tela varia conforme a preferência do professor – pode ser do próprio professor explicando o tópico, a captura de imagens de tablets ou os dois. O site já conta com alguns exemplos de cursos montados a partir dessa abordagem mais interativa.
Apesar de incentivar as videoaulas, o diretor Prober diz que eles são apenas o primeiro passo nesse novo aprendizado e ressalta a importância dos momentos de interação em sala de aula: “Os vídeos não são o fim da linha. Eles são uma forma de criar um produto útil para os estudantes”, disse ele. “Nós estamos empacotando conhecimento, mas o vídeo não é o conhecimento de verdade. Empurrar fatos para as pessoas não é ensinar. O aprendizado é entender esses fatos em sessões interativas e ricas de aprendizagem.”
Com Stanford News

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