Pesquisa revela bons resultados do currículo de Enfermagem
Talita Vidotte Costa: “O levantamento mostrou que dos 88 entrevistados, 70 estão trabalhando atualmente”
PEDRO LIVORATTI
A
dissertação de mestrado “Atuação profissional de enfermeiros egressos
do Currículo Integrado de uma universidade pública do norte do Paraná”,
defendida pela enfermeira, Talita Vidotte Costa, sob a orientação da
professora Maria Helena Dantas de Menezes Guariente, revelou que o
currículo de Enfermagem promove a empregabilidade e o interesse dos
profissionais por atualização. O estudo foi feito a partir de
questionário aplicado online para 115 formandos. Deste total, 88
responderam o que corresponde a uma amostragem de 76,5%.
O
trabalho apresentado em junho do ano passado dentro do programa de
mestrado em Enfermagem (CCS), trouxe luz sobre o que pensam os formandos
sobre a nova metodologia curricular, implantada a partir de 2000 e os
reflexos no mercado do trabalho. O levantamento mostrou que dos 88
entrevistados, 70 estão trabalhando atualmente. Segundo Talita Costa, a
maioria, ou seja, 52 formandos atuam em hospital; outros 12 trabalham na
subárea saúde coletiva; quatro em educação; quatro em clínicas ou
ambulatórios e três no campo empresarial ou em gestão pública. Outros 18
profissionais atuam fora da enfermagem. Destes, cinco profissionais
mantêm dois empregos.
Outra
revelação importante é que 79 ex–alunos buscaram qualificação logo após
a conclusão da graduação. Segundo o estudo, até o momento foram
realizados 58 cursos de especialização, 27 residências e 13 mestrados.
Verificou-se que muitos egressos realizaram mais de um curso de
capacitação.
Conforme
a pesquisadora, a busca por atualização pode ser consequência do
Currículo Integrado, que incentiva o estudante, ainda na sua formação, a
buscar informações constante. De acordo com o levantamento, 46,8% dos
formandos disseram ter interesse pela pesquisa, comprovando um dos
pilares da nova metodologia do curso, que é o desenvolvimento de estudos
científicos.
Ainda
sobre a formação profissional, os egressos afirmaram que o novo
currículo foi importante para a conquista do primeiro emprego. Nesta
questão, 78,4% dos entrevistados disseram que a metodologia utilizada
durante a graduação ofereceu um diferencial na hora de buscar uma
oportunidade no mercado de trabalho.
Pontos fortes e fracos
Por meio das respostas dos egressos foi possível observar pontos
positivos e situações que necessitam ser trabalhadas, visando a melhoria
da formação do enfermeiro. Sobre a metodologia utilizada, 75 egressos
(85,2%) ressaltaram como ponto positivo a relação teoria e prática, a
diversificação dos campos de estágio, as práticas desde o primeiro ano
do curso, o internato em enfermagem e o incentivo para a realização de
projetos de pesquisa e extensão.
Quanto
ao aprendizado, 47 profissionais (53,4%) mencionaram como muito
importante a proposta de busca pelo conhecimento para o desenvolvimento
do raciocínio crítico-reflexivo, a comunicação e a ética. Segundo Talita
Costa, o Currículo Integrado utiliza a problematização, que valoriza o
conhecimento do estudante.
Sobre
a proposta pedagógica, no que consiste ao conteúdo, 46 egressos (52,3%)
destacaram a necessidade da adequação de alguns conteúdos do ciclo
básico, que o incentivo à pesquisa e extensão pode ser mais evidenciado,
também apontaram ser essencial ampliar a integração entre o básico e
profissionalizante, melhorar a distribuição da carga horária nas
atividades dos módulos. Referente à avaliação, 11 (12,5%) respondentes
levantaram a falta de cobrança dos estudos por parte dos professores e
avaliação por conceito deficitária.
Já
os aspectos considerados frágeis foram apresentados por 14 egressos
(15,9% do total), relatando dificuldades dos estudantes em se adaptarem à
proposta pedagógica diferenciada. Por parte dos professores, 12
entrevistados (13,6%) disseram que estes têm dificuldades em se adaptar à
metodologia de ensino e ao sistema de avaliação.
Sobre
a estrutura acadêmica, apenas seis (6,8%) egressos relataram que a
infraestrutura é inadequada, em especial as salas de aula.
A
professora Maria Helena Dantas Menezes mencionou que muitas das
fragilidades apontadas pelos egressos vem sendo deliberadas e
encaminhadas a partir dos Fóruns de Avaliação do Currículo Integrado do
Curso de Enfermagem, que acontecem anualmente, envolvendo professores,
estudantes, profissionais dos serviços de saúde e egressos do curso.
* Talita Vidotte Costa defendeu seu mestrado no Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UEL, em linha de pesquisa integrada à Rede Interinstitucional de Ensino na Saúde formada pela UEL/UFSC e FPP.
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