Cursos de medicina terão
novo sistema de avaliação
CLÁUDIA
COLLUCCI
O CFM (Conselho Federal de Medicina) e a Abem
(Associação Brasileira de Escolas Médicas) criaram um novo sistema de avaliação
e certificação de escolas médicas independente do já adotado pelo governo
federal.
O projeto-piloto começa a ser testado em julho em
20 cursos de medicina. A meta é que, em 2017, todo o sistema esteja implantado.
Para as entidades, houve uma expansão desenfreada
de vagas de medicina – um dos pilares do programa Mais Médicos –, e o sistema de
avaliação do Ministério da Educação tem "baixa eficiência". O MEC
nega e diz que o modelo paralelo terá limitações.
Dados do próprio ministério mostram uma piora dos
cursos de medicina. Em 2010, de 177 avaliados, 13% tiveram nota 2
(insatisfatória), em escala de 1 a 5. Em 2013, de 154, 17,5% tiveram essa nota.
Para Milton Arruda Martins, professor da USP e
coordenador do novo sistema de avaliação, o acompanhamento do governo é falho.
"Há pouca continuidade. Muda ministro, acaba
verba. Em 20 anos, só em um momento ocorreu corte de vagas em escolas com
problemas", diz Martins. Isso aconteceu entre 2008 e 2011, mas muitas
faculdades reverteram a decisão na Justiça.
Para Segisfredo Brenelli, da Abem, o sistema do MEC
melhorou, mas ainda tem falhas. "Falta dinheiro, capacitação. O pessoal
tenta, mas não dá conta com a abertura indiscriminada de cursos".
SISTEMA
A adesão das faculdades ao novo processo de certificação
será voluntária. O sistema prevê, primeiro, que a escola se autoavalie em uma
plataforma eletrônica. Depois, ela receberá a visita de avaliadores que vão
checar itens como infraestrutura, capacitação dos docentes e projeto
pedagógico.
Por fim, a instituição que cumprir os requisitos
ganha o certificado de qualidade. As "reprovadas" terão um tempo para
corrigir as falhas e voltarão a ser avaliadas.
"Não tem caráter punitivo. As escolas vão
querer a acreditação por uma questão de qualidade e competitividade, como
acontece em outros países. Que pai que vai pagar R$ 9.000 de mensalidade em
faculdade privada que não seja certificada?", indaga Carlos Vital,
presidente do CFM.
O conselho bancará o custo inicial do sistema, de
R$ 1,2 milhão. O modelo enfrenta resistência do conselho regional médico
paulista, o maior do Brasil, com 125 mil profissionais. "É inócuo",
afirma Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp.
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