Pesquisadora aponta artigos sobre o PMM para qualificar a tomada de decisão
A
farta evidência científica sobre o Programa Mais Médicos (PMM) deve ser
a primeira fonte de referência para o esclarecimento de dúvidas e o
aprofundamento do debate sobre os avanços e os desafios que persistem
após a iniciativa completar três anos. Para orientar os novos gestores
municipais da Saúde e formadores de opinião, em meio a extensa produção
científica sobre o tema, a pesquisadora da Plataforma de Conhecimentos sobre o PMM,
Raquel Pêgo, elaborou uma lista de artigos que responde a três eixos de
atuação do PMM: carência de médicos nas regiões prioritárias para o
Sistema Único de Saúde, a fim de reduzir as desigualdades regionais na
área da saúde; fortalecimento da prestação de serviços de atenção básica
de saúde; e aperfeiçoamento da formação médica no país. Todos os
artigos selecionados foram publicado há dois anos e estão disponíveis na Plataforma de Conhecimentos do PMM.
“Desde
o início do PMM, os artigos de opinião ocuparam um papel importante no
Brasil para a promoção de uma discussão aberta sobre uma política
pública que tinha como objetivo corrigir a distribuição desigual dos
médicos no país. Porém hoje os artigos científicos trazem muitas
evidências sobre os avanços e as possibilidades já alcançadas com a
iniciativa, mas que precisam ganhar visibilidade para que o conhecimento
chegue até o gestor, especialmente os novos gestores municipais”,
explica Raquel Pêgo.
Segundo
a pesquisadora, no ano de lançamento do PMM (2013), foi registrado na
Plataforma de Conhecimentos cerca de 20 publicações. Em 2014, já estavam
catalogadas 38, em 2015, 45 publicações e, em 2016, somaram 93
registros de artigos na Plataforma, provenientes de várias instituições
acadêmicas do país, sendo que a maior parte deles foram elaborados por
pesquisadores da área de saúde coletiva.
“A
supremacia dos artigos científicos em relação aos artigos de opinião
deveria modificar a natureza do debate. Esperaria uma diminuição dos
ataques desqualificadores, corporativistas e valorativos, que em geral
sustentam muito dos artigos de opinião, dando espaço para análises mais
fundamentadas e próximas da realidade, permitindo entender como se
comporta efetivamente o Programa”, observa Pêgo. “Um dos obstáculos que
determinados artigos de opinião levantaram e alguns recentemente
publicados continuam insistindo na possível dificuldade, apresentada
como quase intransponível, de comunicação entre os médicos estrangeiros
que não dominam o português. Questiono: esse é um obstáculo real ou
fictício? É um obstáculo somente do médico estrangeiro ou também é do
médico brasileiro? Ou, esse obstáculo pode diminuir na medida em que o
médico está disposto a escutar e se fazer entendido? Que estão dizendo
as pesquisas sobre essas questões?”, reflete a pesquisadora.
Para
cada estudo selecionado foi extraído do próprio texto os objetivos,
estratégia de investigação e resultados da pesquisa. “Os estudos que
compõem este trabalho foram divididos entre os de corte nacional e os
regionais. Os de corte nacional foram agrupados a partir das seguintes
categorias: provimento, produção de serviço, escopo de práticas,
infraestrutura, formação”, explica a pesquisadora.
Raquel
Abrantes Pêgo é doutora em Ciências Sociais, colaboradora da
OPAS-Brasil, professora visitante no Departamento de Saúde Coletiva da
Universidade de Brasília (UNB) e colaboradora da Rede de Pesquisa
Análise de Políticas de Saúde no Brasil.
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