Neurociência
coloca em xeque a aula tradicional
Para o professor Alexandre
Rezende, doutor em morfofisiologia do sistema nervoso, conhecer o funcionamento
do cérebro ajuda a criar melhores estratégias na sala de aula
Marina Lopes
Qual é a diferença entre assistir à televisão e
acompanhar uma aula expositiva? Há quem diga que a segunda opção exige maior
concentração, mas a verdade é que elas são praticamente iguais para o cérebro e
ambas registram baixa atividade neural. Descobertas como essa trazem apenas
mais indícios de que, pela neurociência, a aula tradicional já está com os seus
dias contados.
Para o professor Alexandre Rezende, doutor em
morfofisiologia do sistema nervoso pela Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas), a neurociência aplicada à educação ajuda a identificar problemas que
afetam a atenção ou o aprendizado de maneira geral. Se um educador sabe que um
ambiente escuro aumenta os níveis de melatonina do organismo –hormônio do sono
responsável por regular o relógio biológico, ele jamais vai apagar toda a luz
da sala para dar uma longa aula com apresentação de slides. “A neurociência
pode ser bastante eficiente no sentido de mudar as estratégias educacionais”,
defende.
Desde 2010, quando começou a se aproximar da
neuroeducação, Rezende conta que enxergou neste campo a possibilidade de criar
estratégias que atingem os alunos com mais eficiência. “É justamente fazer o
professor olhar para o aluno e não imaginar um ser inerte e passivo para
receber informações”, pontua. Quando um professor entende isso, ele começa a
rever uma série de ações recorrentes no ambiente escolar. “Alguns trabalhos
mostram claramente a falta de atenção dos alunos durante uma aula padrão”,
comenta.
A neurociência mostra que, ao se
emocionar, um aluno ou qualquer outra pessoa tem uma capacidade maior
de gravar
as informações
Apesar de não existir uma receita pronta para
transformar as práticas na sala de aula, o professor e doutor em
morfofisiologia do sistema nervoso diz que estratégias simples já podem fazer
diferença. “A neurociência mostra que, ao se emocionar, um aluno ou qualquer
outra pessoa tem uma capacidade maior de gravar as informações. Dentro da sala
de aula, é potente criar estratégias que geram emoção”, avalia.
As práticas motivacionais também podem trazer bons
resultados para a aprendizagem, principalmente em um momento de grandes
discussões sobre como atrair a atenção da nova geração. “Os alunos já não tem
muita motivação. Nós, professores, temos que assumir essa responsabilidade e
trabalhar para fazer algo diferente em sala de aula”, reflete Rezende.
E o diferente, mencionado por ele, pode estar
associado a tendências educacionais diversas, que vão desde o uso de
tecnologia até as atividades práticas de educação mão na massa. “As estratégias
são diversas e cada professor pode criar algo”, encoraja, ao mesmo tempo em que
demonstra a importância de fazer o aluno perceber porque determinada atividade
é importante.
Mas como começar a colocar as mudanças em prática?
O doutor em morfofisiologia do sistema nervoso afirma que não adianta apenas
consumir informações e partir em busca de receitas. “É preciso ter curiosidade
e vontade de criar uma nova estratégia”, aponta. Apesar desse campo de
conhecimento não estar presente em grande parte dos cursos de formação inicial
de professores, ele menciona que os professores podem buscar cursos de
especialização ou até mesmo referências sobre o assunto.
Leituras sugeridas:
1. LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos
fundamentais de neurociência. 1ª Ed. Atheneu. São Paulo, SP, 2001.
2. CONSENZA, R.; GUERRA, B.G. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. 1ª ed. Artmed. Porto Alegre, 2011.
3. PIAZZI, P. Ensinando Inteligência: manual de instruções do cérebro de seu aluno. Coleção Neuropedagogia, Volume 3, 1ª ed. Aleph LTDA. São Paulo, 2009.
4. METRING, R. Neuropsicologia e Aprendizagem: fundamentos necessários para planejamento do ensino. 1ª ed. Wak Editora. Rio de Janeiro, 2011.
5. PIAZZI, P. Aprendendo Inteligência: manual de instruções do cérebro para alunos em geral. Coleção Neuropedagogia, Volume 1, 1ª ed. Aleph LTDA. São Paulo, 2009.
6. PIAZZI, P. Estimulando Inteligência: manual de instruções do cérebro de seu filho. Coleção Neuropedagogia, Volume 2, 1ª ed. Aleph LTDA. São Paulo, 2009.
7. RELVAS, M.P. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem: As múltiplas eficiências para uma educação inclusiva. 5ª ed. Wak Editora. Rio de Janeiro, 2011.
8. SILVA, A. B. B. Mentes Inquietas: TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Ed. Revista e Ampliada. Fontanar. Rio de Janeiro, 2011.
9. SILVA, A. B. B. Mentes e Manias: TOC: Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Ed. Revista e Ampliada. Fontanar. Rio de Janeiro, 2011.
2. CONSENZA, R.; GUERRA, B.G. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. 1ª ed. Artmed. Porto Alegre, 2011.
3. PIAZZI, P. Ensinando Inteligência: manual de instruções do cérebro de seu aluno. Coleção Neuropedagogia, Volume 3, 1ª ed. Aleph LTDA. São Paulo, 2009.
4. METRING, R. Neuropsicologia e Aprendizagem: fundamentos necessários para planejamento do ensino. 1ª ed. Wak Editora. Rio de Janeiro, 2011.
5. PIAZZI, P. Aprendendo Inteligência: manual de instruções do cérebro para alunos em geral. Coleção Neuropedagogia, Volume 1, 1ª ed. Aleph LTDA. São Paulo, 2009.
6. PIAZZI, P. Estimulando Inteligência: manual de instruções do cérebro de seu filho. Coleção Neuropedagogia, Volume 2, 1ª ed. Aleph LTDA. São Paulo, 2009.
7. RELVAS, M.P. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem: As múltiplas eficiências para uma educação inclusiva. 5ª ed. Wak Editora. Rio de Janeiro, 2011.
8. SILVA, A. B. B. Mentes Inquietas: TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Ed. Revista e Ampliada. Fontanar. Rio de Janeiro, 2011.
9. SILVA, A. B. B. Mentes e Manias: TOC: Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Ed. Revista e Ampliada. Fontanar. Rio de Janeiro, 2011.
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