Entidades divulgam manifestação conjunta sobre o Decreto que muda as regras de formação de especialistas no Brasil |
As
entidades médicas nacionais - mobilizadas pelo Conselho Federal de
Medicina (CFM) e Associação Médica Brasileira (AMB) - divulgaram, nesta
sexta-feira (07/08), nota com posicionamento conjunto acerca do Decreto nº
8497, da Presidência da República, que muda as regras para formação de
especialistas no Brasil. No texto, os representantes da categoria
classificam a medida como uma “interferência autoritária por parte do
Poder Executivo na capacitação de médicos especialistas no País,
caracterizando-se, mais uma vez, pela ausência de diálogo com os
representantes das entidades médicas, das universidades e dos
residentes”.
Para
as entidades, o Decreto representará a transformação do Sistema Único
de Saúde (SUS) num modelo de atenção desigual, marcado pela iniquidade
ao oferecer aos seus pacientes assistência com médicos de formação
precária, com consequentes riscos para valores absolutos, como a vida e a
saúde.
Entre
outros pontos, as entidades médicas ainda afirmam que, de forma
integrada, já estão desenvolvendo todos os esforços para impedir os
efeitos deletérios deste Decreto. “A sociedade brasileira deve
permanecer atenta aos informes das entidades médicas, que agirão com
transparência e celeridade em defesa do exercício da Medicina e contra
as medidas abusivas desse Governo que comprometem a própria qualidade e
eficácia dos serviços a serem oferecidos, em especial no SUS”.
Assinam
o texto: Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina,
Federação Nacional dos Médicos, Federação Brasileira das Academias de
Medicina, Associação Nacional dos Médicos Residentes, Associação dos
Estudantes de Medicina do Brasil e Associação Brasileira das Ligas
Acadêmicas de Medicina.
Leia a íntegra da nota:
ESCLARECIMENTOS À SOCIEDADE BRASILEIRA
As
entidades médicas nacionais (Associação Médica Brasileira, Conselho
Federal de Medicina, Federação Nacional dos Médicos, Federação
Brasileira das Academias de Medicina, Associação Nacional dos Médicos
Residentes, Associação dos Estudantes de Medicina do Brasil e
Associação Brasileira das Ligas Acadêmicas de Medicina) vêm a público se
manifestar a respeito do Decreto nº 8497, da Presidência da República, o
qual, em articulação com outras medidas adotadas pelos Ministérios da
Educação e da Saúde, compromete o processo de formação e cadastramento
de médicos especialistas no Brasil.
Diante das normas, publicadas em 5 de agosto de 2015, a AMB, o CFM, a Fenam, a FBAM, a ANRM, a Ablam e Aemed-BR ressaltam que:
1)
Estas medidas representam uma interferência autoritária por parte
do Poder Executivo na capacitação de médicos especialistas no País,
caracterizando-se, mais uma vez, pela ausência de diálogo com os
representantes das entidades médicas, das universidades e dos
residentes;
2)
De forma integrada, as representações médicas já estão
desenvolvendo todos os esforços para impedir os efeitos deletérios deste
Decreto. Os quais determinam mudanças no aparelho formador de
especialistas, com destruição do padrão ouro alcançado pela Medicina do
País, após quase seis décadas de contribuições das entidades e da
academia, em detrimento do nível de excelência do atendimento oferecido
pelos médicos brasileiros, reconhecido internacionalmente;
3)
Uma análise rigorosa dessas normas está em curso com o objetivo
de identificar possíveis rumos a serem adotados na esfera judicial, com
base em suas fragilidades e inconsistências;
4)
Os riscos e os prejuízos gerados pela edição deste Decreto também
estão sendo discutidos com parlamentares federais, sensibilizando-os
para a importância de ampliar o acesso à assistência de forma adequada,
oferecendo aos cidadãos profissionais devidamente qualificados e em
condições de cuidar bem de todos os agravos da saúde;
5)
A sociedade brasileira deve permanecer atenta aos informes das
entidades médicas, que agirão com transparência e celeridade em defesa
do exercício da Medicina e contra as medidas abusivas desse Governo que
comprometem a própria qualidade e eficácia dos serviços a serem
oferecidos, em especial no Sistema Único de Saúde (SUS).
Finalmente,
as entidades médicas alertam a sociedade para os efeitos do Decreto,
recentemente publicado, que representará a transformação do SUS num
modelo de atenção desigual, marcado pela iniquidade ao oferecer aos seus
pacientes assistência com médicos de formação precária, com
consequentes riscos para valores absolutos, como a vida e a saúde.
Associação Médica Brasileira
Conselho Federal de Medicina
Federação Nacional dos Médicos
Federação Brasileira das Academias de Medicina
Associação Nacional dos Médicos Residentes
Associação dos Estudantes de Medicina do Brasil
Associação Brasileira das Ligas Acadêmicas de Medicina
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Um comentário:
CFM - A pressão das entidades médicas, com apoio de parlamentares, levou o Ministério da Saúde a assumir o compromisso público de reescrever o Decreto nº 8.497/15, publicado pela Presidência da República, em 5 de agosto. A nova versão do texto deve ser apresentada em duas semanas e será elaborada por uma comissão composta por representantes do Governo, das entidades médicas e de deputados federais.
A decisão desta quarta-feira (12) resultou de uma intensa mobilização em Brasília. Pela manhã, os presidentes do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, e de dezenas de sociedades de especialidades estiveram reunidos com líderes de bancadas e de partidos. Em encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defenderam a necessidade do Congresso intervir para evitar o avanço da medida.
“Demos um significativo passo para evitar a implantação das medidas previstas no texto original do Decreto 8497. Para tanto, contamos com o apoio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e dos deputados Luiz Henrique Mandetta e Mendonça Filho (líder do DEM), bem como da maioria das lideranças dos partidos. No entanto, devemos continuar mobilizados contra esse ato abusivo do Governo, interagindo com os parlamentares federais de nossos Estados para apontar os equívocos desse Decreto da Presidência da República. Juntos, trabalharemos de maneira firme para retirar da proposta do Governo todas as medidas que causam efeitos deletérios à assistência da população e à qualidade da formação de especialistas. Não admitiremos a deterioração do nível da Medicina do País, alcançado ao longo de décadas, com a contribuição das sociedades médicas e da academia”, ressaltou Carlos Vital.
Se em duas semanas não houver um texto de consenso sobre o tema, o Presidente da Câmara se comprometeu a colocar - em caráter de urgência - o Projeto de Decreto Legislativo (PDC 157/15) em votação. Se aprovado, ele sustará os efeitos das medidas propostas pelo Governo, cujo texto original, alvo de críticas das lideranças médicas, abre brechas para mudanças no modelo de formação de médicos especialistas no Brasil.
O PDC foi elaborado pelos deputados Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e Mendonça Filho (DEM-PE) a partir dos argumentos apresentados pelo CFM e pela AMB, além de outras entidades. “Os dispositivos [do Decreto 8.497/15] suplantam competências da Associação Médica Brasileira e das demais associações médicas, além da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), entidades legalmente constituídas que fiscalizam os cursos e certificam como especialistas os profissionais médicos. Esta patente que as medidas colocadas exorbitam, na medida em que invadem competências, razão pela qual propomos sua imediata sustação”, defenderam os parlamentares.
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