MEC e MCTI autorizam Capes a criar OS para contratar professores de fora
Jorge Guimarães revela que proposta será alternativa ao Regime Jurídico Único usado atualmente pelas universidades
Questionado sobre as dificuldades de atrair “cérebros” para o Brasil,
Jorge Guimarães, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes) revelou que o MEC e o MCTI autorizaram
o uso de uma Organização Social (OS) para contratar professores de
fora. A revelação foi feita durante palestra no Simpósio Internacional
sobre Excelência no Ensino Superior promovido pela Academia Brasileira
de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro. “Essa proposta está bem no começo,
mas o ministro José Henrique Paim nos autorizou a avançar nisso e
estamos trabalhando junto com a academia, o IMPA (Instituto de
Matemática Pura e Aplicada) e outros que têm mais experiência nisso”,
explicou.
“Temos agora que levantar qual é a grande demanda, quanto seria um
bom valor para começar, ver quantas pessoas gostaríamos de trazer de
fora, em que nível, etc. Daí, faremos o cálculo, na ponta do lápis e
esse será o contrato de gestão que vai ser proposto”, detalhou. Apesar
de ser ano eleitoral, Guimarães acredita que a ideia será mantida. “O
plano está bem concebido e seja qual for o governo a assumir esse será
um ponto importante, pois é uma quebra dessa dificuldade que está aí. E
essa dificuldade não é encontrada em outros países com os quais estamos
competindo. Nós temos que quebrar esse tipo de concepção, de
preconceito. Se justamente estamos mandando os estudantes para fora para
melhorar o inglês, com o Ciência Sem Fronteiras, como não podemos
trazer um professor de fora? Por que?” questionou.
De acordo com Guimarães o plano funcionaria mais ou menos assim: o
MEC ou a OS perguntaria à universidade sobre quantos setores gostaria de
potencializar e com que perfil de pessoas, valendo para estrangeiros e
brasileiros também. “Não há outra forma de contratar, mais segura, pois
seria CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]. Já o contrato que hoje as
universidades fazem no chamado Regime Jurídico Único é para 30 anos,
ninguém é mandado embora. Eu não conheço um caso assim. Então, não está
funcionando e o governo já deveria ter feito isso. Para dar um exemplo
simples, a Embrapa usa o sistema da CLT e é excelente, no IMPA como OS
quase todo mundo já é CLT. Então, o modelo está funcionando, podemos
levar isso às universidades”, afirmou.
Internacionalizar o ensino
Jorge Guimarães também falou que os desafios da universidade
brasileira para se tornar de excelência passam por três pontos:
autonomia, accountability e governança. Segundo o presidente da Capes o
termo accountability não tem tradução exata para o português, mas pode
ser entendido não apenas como prestar contas em termos quantitativos,
mas de auto-avaliação quanto ao trabalho feito, e de dar a conhecer o
que se conseguiu e de justificar aquilo em que se falhou.
Ele considera como fundamental para a universidade brasileira
internacionalizar o ensino e a pesquisa, adotando um currículo
internacional; oferecer cursos regulares em outras línguas; aumentar a
mobilidade interdisciplinar de estudantes e professores; atrair
estudantes estrangeiros; oferecer residência no Campus; estimular a
colaboração internacional em publicações; e oferecer estágio em
indústrias, entre outros aspectos.
“A partir da experiência do programa Ciência Sem Fronteiras (CsF),
achamos que é possível fazer um programa para internacionalizar nossas
universidades gradativamente”, disse. Segundo ele o CsF vai entrar numa
segunda fase, na qual as universidades serão estimuladas a participar um
pouco mais do programa. “Esse seria um caminho, pois estamos buscando o
aperfeiçoamento do programa”, afirmou.
De acordo com Guimarães, dentro desse esforço de maior participação
das universidades no CsF, a Capes vai trabalhar com cotas para as
universidades e propor coordenadores para grandes áreas temáticas
visando a orientação dos estudantes. “Esperamos com isso que as
universidades brasileiras façam seus acordos direto com as universidades
estrangeiras. Isso facilitaria muito as coisas”, detalhou.
Edna Ferreira/Jornal da Ciência
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