segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Atenção primária à saúde



Desinteresse dos Médicos pela Atenção Primária




Desde que conseguimos ter residentes de MFC (passamos 2 anos "em branco"), formamos 5 residentes. Todos estão contratados como docentes de MFC nas novas Escolas particulares e/ou supervisores do Provab/MaisMédicos. Nenhum está contratado como médico do PSF.

E este pode ser o futuro dos nossos ex-residentes. Vejamos alguns dados:

1.  O Brasil tem 5570 municípios ( IBGE, 2014);
2.  Vamos imaginar que tenhamos em breve 20.000 formandos de Medicina/ano;
3.  Considerando que tenhamos 40.000 internos ( 5º e 6º anos), rodando pela APS ( 30% da carga horária);
4. Com a diretriz de 1:1 para vagas de residência médica, teremos uns 35.000 residentes, R1 e R2 de MFC e residentes de áreas básicas durante 1 ano, rodando pela APS;
5. Todo este pessoal vai demandar alguns milhares de professores / preceptores de Medicina de Família ;
6. Numa base de 1 supervisor:10 médicos bolsistas, Provab e Mais Médicos recrutam anualmente centenas de médicos de família para a supervisão de bolsistas;
7. Numa realidade que teremos dezenas de milhares de professores/preceptores/internos/residentes na APS regidos por contratos organizativos e outros milhares de bolsistas  Provab/Mais Médicos  que não interferem na responsabilidade fiscal do município, qual será a oferta de vagas de emprego na EPS? Qual o gestor vai contratar um médico se a Escola disputa a tapa os cenários para por alunos/internos/residentes e o Ministério recruta e oferece bolsistas para suas equipes?


Considerando tudo isto, a atenção primária caminha para ser espaço de passagem; quem tiver interesse em continuar sua formação optando pela Medicina de Família e Comunidade, vai fazer residência para ser preceptor e não médico assistencialista.

E mantendo este modelo, em poucos anos não teremos mais mercado para novos médicos de família nem para preceptores na APS e vai ficar ainda mais difícil "catequizar" nossos alunos. 

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