O que faz uma universidade ser top mundial?
Rankings privilegiam instituições com reputação acadêmica e foco em pesquisa científica; lista divulgada nesta terça tem 3 universidades brasileiras entre 300 melhores.
Universidades focadas em pesquisas científicas têm maiores chances de estarem no topo de ranking (Foto: Thinkstock/BBC)
O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) lidera o ranking das melhores universidades do mundo, que tem a Universidade de São Paulo (USP) como a instituição brasileira mais bem colocada, na 132ª posição.
É o terceiro ano que a universidade americana, famosa por suas
pesquisas em ciência e tecnologia, lidera o respeitado ranking mundial
QS. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na 206ª posição, e a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na 271ª, são as outras
duas instituições brasileiras entre as 300 melhores.
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Mas o que faz uma universidade ser considerada uma das melhores do mundo?
O principal fator levado em conta no ranking QS, publicado há dez anos,
é a reputação acadêmica. Este cálculo é feito através de uma enquete
com mais de 60 mil acadêmicos (professores, pesquisadores e
palestrantes) em todo o mundo, que avaliaram instituições que não fossem
as suas próprias.
Isto significa que universidades com nomes mais estabelecidos e
respeitados têm chances de ter um desempenho melhor, disse o
diretor-gerente do QS, Ben Sowter.
O ranking analisa também as pesquisas publicadas e quantas vezes elas
foram citadas por outros pesquisadores, além da proporção do corpo
docente para estudantes.
Estes três elementos - reputação, citações e proporção de professores -
representam 80% do ranking. Há também observações sobre o grau de
internacionalização da equipe acadêmica e dos estudantes.
Diante disso, as melhores escolas provavelmente serão universidades
grandes e prestigiadas, com foco em pesquisa, que possuem respeitados
departamentos de ciências e muitas colaborações internacionais.
Eis um exemplo: as britânicas Cambridge e Imperial College empataram no
segundo lugar do ranking. Os acadêmicos destacaram as pesquisas em
ciência e tecnologia do Imperial College, que estava na quinta posição
no ano passado.
Entre os projetos da universidade está o desenvolvimento do "iKnife",
uma faca que pode alertar o cirurgião se o tecido que está sendo cortado
é cancerígeno ou não, e de uma garrafa de água comestível, que
reduziria a poluição e o desperdício causados pelas embalagens de
plástico convencionais.
Em quarto lugar no ranking está a Universidade de Harvard, a mais rica
de todo o mundo. E outras duas instituições britânicas dividem o quinto
lugar - a College London e Oxford.
Os rankings são justos?
O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) apareceu como a melhor universidade pelo 3º ano (Foto: BBC/Reprodução)
No entanto, não é difícil perceber as limitações dos rankings
universitários. Eles medem os atributos da universidade ao invés de
avaliar seus alunos e produzem uma lista dominada por um tipo específico
de instituição, a que dá ênfase a pesquisas científicas.
O resultado é que escolas pequenas, especializadas, na área de artes ou
sem foco em pesquisa, por exemplo, não aparecem com destaque,
independentemente da qualidade que têm. Além disso, a ênfase na
reputação reforçará a vantagem daquelas que já são famosas.
Por fim, os primeiros postos neste ranking são exclusivamente preenchidos com universidades em língua inglesa.
Apesar desses poréns, é difícil negar a importância que tais
classificações têm. Elas se tornaram uma parte inescapável da reputação e
imagem das universidades, ajudando-as a atrair estudantes, professores e
investimento em pesquisa.
"Os rankings, para melhor ou pior, têm sido muito influentes entre
alunos, líderes governamentais e algumas universidades em vários
países", disse Philip Altbach, diretor do Centro de Educação Superior
Internacional do Boston College.
Mas ele alerta sobre o que realmente está sendo avaliado. Instituições
que não realizam pesquisas deveriam ser comparadas em rankings
destinados a universidades focadas em pesquisas?
Ranking elogiou Imperial College, onde uma garrafa de água comestível está em desenvolvimento (Foto: BBC/Reprodução)
A União Europeia lançou neste ano um novo comparativo de universidades,
o U-Multirank. Ele dá ênfase menor à reputação das instituições e
permite que estudantes selecionem seus próprios critérios de comparação.
A ideia parte do princípio de que um aluno interessado em um curso na
área de humanas, por exemplo, não se beneficia muito de um ranking
focado em universidades com projetos de pesquisa científica.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que
lançou o pioneiro teste Pisa em escolas, também quer começar a comparar
o ensino superior.
Segundo o diretor de educação da entidade, Andreas Schleicher, há uma
demanda pública para que se avalie a qualidade das universidades. Mas ao
invés de analisar aspectos das instituições - como verbas, pessoal e
instalações - ele está interessado em saber o que os estudantes estão
aprendendo.
Propostas para um tipo diferente de classificação das universidades
deverão ser apresentadas aos governos da OCDE em breve, disse ele.
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