Lideranças que possam transformar o Brasil
Isaac Roitman
A humanidade está em retrocesso. Presenciamos um interminável circo
de horrores – atentados, assassinatos, imigrações, guerras, crianças
morrendo por desnutrição e outras mazelas do nosso discutível mundo
civilizado.
No Brasil convivemos com uma escandalosa injustiça social e uma
corrupção explícita onde até a vergonha foi jogada pelo ralo.
Vivenciamos uma crise de valores morais e uma escassez de líderes
dispostos a superar esse momento trágico.
É preciso destacar e exaltar a importância vital do surgimento de
lideranças autênticas e genuínas para a construção de um novo tempo, que
nos faça sair da senda da desgraça a que hoje nos submetemos.
Líderes fictícios
Nossos líderes, na sua maioria, não estão à altura para superarmos as
crises que vivemos. Focados nos interesses pessoais ou de grupos, não
titubeiam diante das repercussões inadequadas de suas ações. Uma
pergunta então emerge: O poder corrompe?
O poder é, ou deveria ser, um instrumento para o bem comum.
Assim as
pessoas investidas no poder devem ser honestas e de caráter firme para
não se deixarem corromper, nem promoverem a corrupção. A corrupção e a
desonestidade não rondam apenas os escalões mais elevados do poder.
Na atual conjuntura brasileira o cidadão se vê desprotegido,
violentado e lesado nos seus direitos, ameaçado por quem o deveria
proteger. O mau exemplo das autoridades é corrosivo e induz à corrupção.
Na busca das lideranças
A liderança é um talento que precisa ser identificado e desenvolvido.
Howard Gardner define talento “por um arranjo complexo de aptidões ou
inteligências, habilidades instruídas e conhecimento, disposições de
atitudes de motivações que predispõem um indivíduo a sucessos em uma
ocupação, vocação, profissão, arte ou negócio”.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 4% das crianças e
jovens apresentam altas habilidades gerais ou específicas. No Brasil não
é fácil a identificação de crianças e jovens com talento de liderança
pois a educação brasileira é feita com um tratamento homogêneo dos
estudantes, sem reconhecer a diversidade entre eles.
Em adição, as políticas para a identificação e desenvolvimento de
talentos no Brasil são incipientes. Especialistas no campo da educação
de talentos apontam que a identificação precoce do talento é importante.
De maneira geral as escolas não dispõem de recursos e não têm um
corpo docente adequadamente preparado para prover os desafios
acadêmicos, sociais e emocionais para proporcionar o desenvolvimento das
lideranças.
Quatro dimensões são consideradas importantes para aferir o potencial
de liderança: o autodesenvolvimento, a habilidade no relacionamento
interpessoal, a visão sistêmica e senso crítico e a responsabilidade.
Essas características se manifestam e podem ser percebidas nos primeiros
anos de vida e devem ser desenvolvidas no ambiente escolar.
A tendência da aprendizagem ser baseada na discussão de temas e
resolução de problemas pode ser considerada como um cenário adequado
para o exercício do pensar e da crítica argumentativa. Uma correta visão
de um mundo civilizado e o estímulo ao conhecimento geral seriam
pré-requisitos para a formação de nossos futuros líderes.
Um ambiente de total liberdade de diálogo e de expressão de
pensamentos é absolutamente fundamental para o estímulo na formação de
lideranças. Romper com a falsa verdade de que alguém é o dono das
verdades e diminuir a importância de seu próprio “eu” também deve fazer
parte de um ambiente para a formação de novas lideranças que nos
conduzam a um novo Brasil sem desigualdades sociais, em que todos os
brasileiros e brasileiras possam realizar os seus sonhos.
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