Estratégia saudável
Saúde da Família trouxe avanços, mas precisa de investimentos para melhorar
Luiz Augusto Facchini
Apesar dos problemas
diariamente destacados, o SUS, implantado em 1988, acumula sucessos na
universalização do direito constitucional à saúde. As ações ofertadas
gratuitamente pelo sistema estão entre as mais abrangentes dentre os
países com sistemas públicos, incluindo de vacinas a transplantes. E são
favorecidas pela Estratégia de Saúde da Família.
Implantada em 1994, a Saúde da Família oferta ações de promoção da saúde, exames preventivos e cuidados básicos, principalmente em áreas onde reside a população mais pobre. Em julho de 2013, totalizou 34.185 equipes distribuídas em 5.309 (95%) municípios, desde as pequenas localidades do interior até as grandes cidades, atingindo e 108.096.363 pessoas (56% da população brasileira).
A iniciativa tem sido bastante avaliada e os resultados sinalizam uma tendência de melhoria do desempenho do SUS, em praticamente todos os portes de município, à medida que aumenta a cobertura. Além disso, a proporção do gasto municipal não aumentou com o incremento da cobertura, sugerindo a eficiência da estratégia.
Os indicadores e serviços melhoraram significativamente nos últimos 20 anos no Brasil, acompanhando a expansão do SUS e da cobertura de Saúde da Família. Entre 1990 e 2012, a taxa de mortalidade infantil caiu 75%, enquanto a taxa de mortalidade de menores de 5 anos foi reduzida em 77%. Nos últimos cinco anos, as internações hospitalares por diabetes diminuíram 25% e a proporção de crianças menores de 5 anos abaixo do peso caiu 67%. O crescimento da cobertura da Saúde da Família está associado à redução da mortalidade infantil e de internações por condições sensíveis à atenção primária, ao maior acesso a consultas gratuitas e ao atendimento domiciliar, especialmente em populações mais pobres.
Várias ações foram praticamente universalizadas. Mais de 95% das mulheres recebem cuidados pré-natais e a cobertura de vacinas contra difteria, tétano e coqueluche em crianças menores de um 1 ano é superior a 95% na maioria dos municípios. Os cuidados de hipertensão e diabetes e o acesso a medicamentos para essas condições alcançam a grande maioria das pessoas com os agravos.
Ainda assim, persistem problemas de estrutura (prédios, equipamentos, registro eletrônico e acesso a internet) e de organização (coordenação do cuidado multiprofissional, especialmente de problemas crônicos) na Saúde da Família e a qualidade dos cuidados deixa a desejar. Apenas 30% das pessoas com diabetes tiveram seus pés examinados, 46% dos pacientes com pressão alta realizaram eletrocardiograma e 60% das puérperas fizeram revisão pós-parto. Investimentos em infraestrutura, coordenação e qualificação dos cuidados integrais vão ser fundamentais para melhorar não apenas a efetividade, mas também a equidade em saúde, dada sua maior presença em municípios e áreas mais pobres.
* Luiz Augusto Facchini é epidemiologista e conselheiro da Associação Brasileira de Saúde Coletiva
Implantada em 1994, a Saúde da Família oferta ações de promoção da saúde, exames preventivos e cuidados básicos, principalmente em áreas onde reside a população mais pobre. Em julho de 2013, totalizou 34.185 equipes distribuídas em 5.309 (95%) municípios, desde as pequenas localidades do interior até as grandes cidades, atingindo e 108.096.363 pessoas (56% da população brasileira).
A iniciativa tem sido bastante avaliada e os resultados sinalizam uma tendência de melhoria do desempenho do SUS, em praticamente todos os portes de município, à medida que aumenta a cobertura. Além disso, a proporção do gasto municipal não aumentou com o incremento da cobertura, sugerindo a eficiência da estratégia.
Os indicadores e serviços melhoraram significativamente nos últimos 20 anos no Brasil, acompanhando a expansão do SUS e da cobertura de Saúde da Família. Entre 1990 e 2012, a taxa de mortalidade infantil caiu 75%, enquanto a taxa de mortalidade de menores de 5 anos foi reduzida em 77%. Nos últimos cinco anos, as internações hospitalares por diabetes diminuíram 25% e a proporção de crianças menores de 5 anos abaixo do peso caiu 67%. O crescimento da cobertura da Saúde da Família está associado à redução da mortalidade infantil e de internações por condições sensíveis à atenção primária, ao maior acesso a consultas gratuitas e ao atendimento domiciliar, especialmente em populações mais pobres.
Várias ações foram praticamente universalizadas. Mais de 95% das mulheres recebem cuidados pré-natais e a cobertura de vacinas contra difteria, tétano e coqueluche em crianças menores de um 1 ano é superior a 95% na maioria dos municípios. Os cuidados de hipertensão e diabetes e o acesso a medicamentos para essas condições alcançam a grande maioria das pessoas com os agravos.
Ainda assim, persistem problemas de estrutura (prédios, equipamentos, registro eletrônico e acesso a internet) e de organização (coordenação do cuidado multiprofissional, especialmente de problemas crônicos) na Saúde da Família e a qualidade dos cuidados deixa a desejar. Apenas 30% das pessoas com diabetes tiveram seus pés examinados, 46% dos pacientes com pressão alta realizaram eletrocardiograma e 60% das puérperas fizeram revisão pós-parto. Investimentos em infraestrutura, coordenação e qualificação dos cuidados integrais vão ser fundamentais para melhorar não apenas a efetividade, mas também a equidade em saúde, dada sua maior presença em municípios e áreas mais pobres.
* Luiz Augusto Facchini é epidemiologista e conselheiro da Associação Brasileira de Saúde Coletiva
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