Brasil negocia vinda de 6 mil médicos cubanos
Sergio Leo e Thiago Resende
O
 Brasil negocia a contratação de 6 mil médicos cubanos para levar 
atendimento a áreas carentes, informou ontem o ministro de Relações 
Exteriores, Antonio Patriota, ao receber para almoço o ministro de 
Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez. A contratação, que 
enfrenta resistências das organizações sindicais de médicos no Brasil, 
deve ser realizada por meio da Organização Pan-Americana de Saúde 
(Opas), disse Patriota.
Desde
 o ano passado, o governo, por meio do Ministério da Saúde, negocia com o
 Conselho Nacional de Medicina a possibilidade de conceder registros 
provisórios, em torno de dois anos, para médicos estrangeiros, de países
 como Cuba, Portugal e Espanha, para trabalhar em áreas isoladas no 
Brasil. A medida é defendida como uma forma de reduzir o déficit crônico
 de médicos no interior e em periferias de grandes cidades, que chega a 
146 mil.
Ontem,
 porém, o Conselho divulgou nota em que critica a medida. O CFM condenou
 "veementemente qualquer iniciativa que proporcione a entrada 
irresponsável de médicos estrangeiros e de brasileiros com diplomas de 
medicina obtidos no exterior sem sua respectiva revalidação". Medidas 
nesse sentido, segundo o CFM, são "programas políticos-eleitorais".
A
 cobertura à falta de médicos em municípios no interior foi uma das 
principais reivindicações apresentadas à presidente Dilma Rousseff no 
Encontro Nacional de Prefeitos, no fim de janeiro, em Brasília. Desde 
então, esse tema ganhou peso dentro do governo e vem sendo discutido 
entre o Palácio do Planalto e os Ministérios da Saúde e de Relações 
Exteriores.
A
 autorização para a importação da primeira leva de profissionais foi 
informada, na semana passada, pela ministra-chefe da Secretaria de 
Relações Institucionais da Presidência, Ideli Salvatti, aos 
participantes do Encontro Estadual com Novos Prefeitos e Prefeitas, no 
Piauí. Isso seria feito por decreto e atenderia o pleito da Frente 
Nacional de Prefeitos (FNP).
No
 Brasil, há 1,8 mil médicos para cada mil habitantes. Esse cálculo 
inclui o sistema de saúde público e o privado. A relação é baixa se 
comparada com os 2,7 médicos para morador do Reino Unido, cujo sistema 
de saúde é muito parecido com o brasileiro, destacou o Ministério da 
Saúde.
Um
 dos problemas de trazer médicos do exterior é a validação dos diplomas.
 Para trabalhar no Brasil é preciso que a formação do profissional da 
área médica seja aceita pelo país. Mas o governo ainda estuda como seria
 esse processo (os cubanos, que virão primeiro terão a validação 
provisória), quantos médicos viriam no total e em que momentos essa 
importação de mão de obra estrangeira ocorreria.
Países
 do Mercosul são exemplos de locais que poderiam fornecer médicos ao 
Brasil. Desde 2009 há um acordo de livre residência, que permite a 
moradia e o trabalho dentro do bloco. Na prática, isso de fato não 
funciona bem por problemas como validação de diplomas e de seguridade 
social. "Sei que há uma demanda por maior circulação de médicos desses 
países aqui, mas na prática isso não ocorre por causa das dificuldades",
 disse o presidente do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), Paulo 
Sérgio de Almeida.
A
 Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência realiza estudos para
 propor mudanças nessa área de imigração. O documento deve resultar em 
sugestões ao projeto de lei que tramita no Congresso para alterar a lei 
de imigração.
2 comentários:
Jornal da Globo
Vinda de médicos cubanos encontra oposição de Conselho Federal
CFM não aceita que eles trabalhem no país antes de fazer uma prova.
Índice de aprovação de estrangeiros é baixo, em torno de 15%.
http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2013/05/vinda-de-medicos-cubanos-encontra-oposicao-de-conselho-federal.html
Florentino Cardoso, presidente da AMB em entrevista à CBN.
http://cbn.globoradio.globo.com/programas/jornal-da-cbn-2-edicao/2013/05/14/IMPORTACAO-DE-MEDICOS-NAO-VAI-RESOLVER-DEFICIT-DE-ATENDIMENTO-NO-PAIS.htm
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