Revalida: com 92% reprovados, CFM cobra rigor com 'médicos de fora'
Dos 884 candidatos inscritos para a edição de 2012 do Exame Nacional de
Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições Estrangeiras
(Revalida), apenas 77 terão o direito de exercer a medicina no Brasil.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(Inep), o percentual de aprovação - de 8,71% - é inferior ao verificado
na primeira edição do exame, em 2011, quando 9,60% dos candidatos
conseguiram a revalidação.
Para o cirurgião Dalvelio Madruga, membro da Comissão de Ensino Médico
do Conselho Federal de Medicina (CFM), o resultado "desastroso" mostra a
necessidade de fiscalizar com rigor o ingresso de médicos que fazem a
graduação fora do País. "Seria leviano em afirmar que todos os médicos
formados em países da América Latina não são capacitados, mas, em geral,
a formação é muito precária e precisamos primar pela qualidade. Estamos
lidando com o bem mais sublime, que é a vida humana", afirma.
Segundo o Inep, dos 77 aprovados, 20 fizeram a graduação em Cuba, 15 na
Bolívia, 14 na Argentina, cinco no Peru e na Espanha, quatro na
Venezuela, três na Colômbia e Portugal, dois na Itália e no Paraguai e
um na Alemanha, França, Uruguai e Polônia. Segundo o presidente do
Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Renato Azevedo
Júnior, existe um temor sobre a possibilidade de flexibilização ou até
mesmo extinção do Revalida por parte governo federal.
"O problema é que há uma pressão, até mesmo por setores do governo, de
se colocar médicos em todas as localidades. Mas não é permitindo o
ingresso de gente de fora que vamos ter uma melhor distribuição dos
médicos no território. Isso só se faz com um plano de carreira
atraente", afirma o presidente do Cremesp. Consultado, o Ministério da
Educação (MEC) disse que não existe nenhuma informação sobre mudanças no
Revalida em discussão na pasta.
Azevedo Júnior ainda afirma que o Revalida não é uma prova
excessivamente rigorosa, como afirmam alguns críticos da proposta. Para o
presidente do Cremesp, o desempenho ruim é fruto da má qualidade do
ensino em países como a Bolívia e Cuba. "O ensino na Bolívia é uma
tragédia, não tem aula prática, só teoria, não tem professor suficiente
para a enorme quantidade de alunos. Em Cuba também é complicado,
primeiro porque a seleção é meio esquisita, parece que pela indicação de
políticos. Segundo, a formação é bem diferente da nossa".
O Revalida
Desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por universidades públicas, com regras próprias.
Desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por universidades públicas, com regras próprias.
Para padronizar a revalidação, o governo institui em 2010 o Revalida,
que passou a ser uma alternativa mais uniforme para o processo.
Entretanto, o teste é considerado excessivamente rigoroso. A primeira
etapa constitui uma prova objetiva, com questões de múltipla escolha, e a
segunda fase é composta de uma prova discursiva sobre a clínica médica.
Em 2012, a primeira etapa foi aplicada em outubro, e a segunda, em
dezembro.
O Inep informou que o participante aprovado no Revalida deverá procurar a universidade pública escolhida no ato da inscrição do exame. Caberá à instituição adotar as providências necessárias à revalidação do diploma.
O Inep informou que o participante aprovado no Revalida deverá procurar a universidade pública escolhida no ato da inscrição do exame. Caberá à instituição adotar as providências necessárias à revalidação do diploma.
Um comentário:
Artigo muito interessante!11 nscngti
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