Melhores universidades do mundo oferecem cursos gratuitos pela internet
ALEXANDRE ARAGÃO
O professor Walter Sinnott-Armstrong, da Universidade Duke (EUA), fez
uma aposta: se um terço dos alunos que começaram a assistir a suas aulas
na semana passada chegar ao fim do curso, ele vai raspar e doar o
cabelo a uma instituição que faz perucas para pessoas com câncer.
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Baixa autoestima? Não. Apenas realismo: o curso do professor tem 166.872 estudantes. As aulas são dadas no site Coursera, que reúne 207 disciplinas de 33 universidades dos EUA, da Europa, da Ásia e do Oriente Médio --tudo de graça.
Onde quer que esteja, o aluno precisa só de um computador e de conexão
banda larga. Depois de se cadastrar, assiste às aulas em vídeo, lê
textos e resolve provas. No fim, recebe um certificado.
O Coursera é a maior, mas não a única iniciativa do tipo. Das dez
melhores universidades do mundo segundo o ranking Times Higher
Education, todas têm conteúdo gratuito on-line. Delas, seis têm
disciplinas inteiras.
O site edX.org reúne a
Universidade Harvard, o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a
Universidade da Califórnia em Berkeley e a Universidade do Texas com
esse mesmo propósito.
A ideia de boa educação superior ao alcance de todos ganhou corpo em
2012 com o conceito de Mooc, sigla que em inglês significa "cursos
abertos on-line em massa".
Também entra nesse grupo o iTunes U, iniciativa da Apple que permite
baixar, no iTunes, palestras e seminários universitários, de graça.
INDEPENDÊNCIA
"A principal diferença entre os meus alunos da universidade e os on-line é a independência", diz Sinnott-Armstrong à Folha, por telefone. "Como minha disciplina na web possui um fórum, sinto que posso sentar e apenas vê-los se ajudarem."
Estudioso da epistemologia, ramo da filosofia que investiga a origem e a natureza do conhecimento, ele oferece a disciplina Pense Novamente: Como Raciocinar e Argumentar, a maior em número de alunos no Coursera, lançado em abril.
As universidades americanas não foram as únicas a abrir seus cursos na
internet. Escolher aulas oferecidas por instituições de outras partes do
mundo é, também, uma forma de ter contato com as respectivas culturas.
A Escola Federal Politécnica de Lausanne (Suíça), presente no Coursera, oferece uma disciplina completa em francês.
Outro exemplo é a disciplina Uma Nova História para uma Nova China, oferecida em inglês pela Universidade de Hong Kong.
No iTunes U, cinco instituições lusas, incluindo a renomada Universidade
de Coimbra, têm vídeos de palestras e seminários em português.
EXATAS X HUMANAS
Nas maiores plataformas de Mooc que existem atualmente, há prevalência
de cursos das carreiras de exatas. Vários fatores podem explicar esse
fenômeno.
"Estudantes de exatas têm naturalmente mais contato com línguas
estrangeiras", diz Pollyana Mustaro, doutora em educação pela USP. Com
aulas em inglês, estar acostumado ao idioma é essencial, argumenta.
Já Sinnott-Armstrong especula três motivos para haver mais cursos de exatas.
Primeiro, alunos de áreas como ciência da computação estão mais
acostumados ao uso de tecnologia. Segundo, é mais fácil aplicar provas
on-line com respostas mensuráveis que pedir textos ao aluno, situação
comum em humanas. Terceiro, vários cursos de humanas se baseiam em
debates em sala de aula.
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