Médicos de Stanford adotam modelo de aula baseado em debate e trabalho em grupo
Patrícia Gomes - UOL Educação / Porvir
Charles Prober, diretor da Escola de Medicina de Stanford, está
convicto: “Está na hora de mudarmos a forma como educamos nossos
médicos”. Por isso, a instituição está incentivando seus professores,
alguns dos mais renomados do mundo em determinadas especialidades
médicas, a aposentarem a boa e velha aula expositiva teórica e passarem a
adotar o chamado "flipped classsroom", ou sala de aula invertida.
O método, que tem se tornado comum na educação básica, defende que os
alunos se dediquem aos conteúdos mais densos em casa – por meio de
leituras tradicionais, videoaulas on-line ou outros materiais
interativos – para que o momento de sala de aula fique liberado para
discussões mais aprofundadas, trabalhos em grupo ou em campo.
A iniciativa de Stanford, chamada de Smili (Stanford Medicine
Interactive Learning Iniciatives), reúne em um site informações sobre
como a geração Y aprende e que recursos os professores têm à disposição
para produzir material interativo e videoaulas. A universidade diz que a
última grande revolução na formação dos futuros médicos aconteceu em
1910 e, de lá para cá, muito pouco avançou. Em contrapartida, dizem
eles, os cuidados com a saúde passaram a demandar um trabalho muito
próximo com profissionais de diferentes áreas para resolver os problemas
dos pacientes, que têm se mostrado muito complexos para serem
resolvidos por apenas uma disciplina.
“A tentativa de tornar o ensino da medicina mais interativo faz parte
de um esforço maior para alinhar o currículo a um ambiente de
assistência médica e às novas formas pelas quais os estudantes
aprendem”, afirma a instituição pelo site da iniciativa. E sobre os
novos recursos disponíveis, as videoaulas estão entre os mais
estimulados.
“As novas tecnologias de dentro e de fora da sala de aula abriram novas
oportunidades para o ensino. A tecnologia de vídeo, por exemplo, se
tornou muito fácil de ser usada, e agora permite que professores criem
vídeos com quizzes e outras atividades interativas inseridas neles”.
Alguns vídeos serão feitos com a assistência da Khan Academy, que já
está envolvida com outros projetos de Stanford, como a Class2Go. “A
missão da Khan Academy realmente tem ressonância: educar qualquer um, em
qualquer lugar e de graça. Eu quero compartilhar o que fizermos com
mais gente possível, sem fins lucrativos.
Se isso ajudar a elevar o nível da educação, vai ser ótimo. Essa é a
nossa missão”, disse Prober ao Stanford News. Ele espera que, no futuro,
as aulas produzidas pela Escola de Medicina de Stanford possam ser
compartilhadas com outras instituições.
Nós estamos empacotando conhecimento, mas o vídeo não é o conhecimento
de verdade. Empurrar fatos para as pessoas não é ensinar. O aprendizado é
entender esses fatos em sessões interativas e ricas de aprendizagem
Com os vídeos, a universidade espera conseguir um maior engajamento dos
alunos, que podem acessar o material conforme seu ritmo de estudo. Isso
permite que estudantes com dificuldades possam retomar pontos de
interesse ou até mesmo revisar assuntos básicos quando já estiverem em
anos mais avançados. Para o professor, em vez de fazê-los repetir, ano a
ano, as mesmas explicações, ele pode selecionar uma série de vídeos com
suas melhores apresentações e torná-las disponíveis para todos os seus
alunos.
Os professores interessados em começar a experimentar o novo modelo
podem, pelo site, receber algumas dicas. Nas orientações gerais,
Stanford sugere que os vídeos sejam objetivos, tenham entre 8 e 15
minutos e sempre indiquem material complementar para quem quiser se
aprofundar em algum ponto específico. O que será mostrado na tela varia
conforme a preferência do professor – pode ser do próprio professor
explicando o tópico, a captura de imagens de tablets ou os dois. O site
já conta com alguns exemplos de cursos montados a partir dessa abordagem
mais interativa.
Apesar de incentivar as videoaulas, o diretor Prober diz que eles são
apenas o primeiro passo nesse novo aprendizado e ressalta a importância
dos momentos de interação em sala de aula: “Os vídeos não são o fim da
linha. Eles são uma forma de criar um produto útil para os estudantes”,
disse ele. “Nós estamos empacotando conhecimento, mas o vídeo não é o
conhecimento de verdade. Empurrar fatos para as pessoas não é ensinar. O
aprendizado é entender esses fatos em sessões interativas e ricas de
aprendizagem.”
Com Stanford News
Nenhum comentário:
Postar um comentário