Pesquisadores devem ter apoio de instituições para dedicação exclusiva à atividade final
Elton Alisson - Agência FAPESP
A Santa Casa de São Paulo se tornou nos
últimos anos de uma entidade dedicada à assistência médica e à formação
de profissionais na área da saúde em uma instituição que também realiza
pesquisa.
No próximo dia 26 de novembro, a entidade fundada há quatro séculos,
que tem o maior hospital filantrópico da América Latina e uma Faculdade
de Ciências Médicas, irá inaugurar um Instituto de Pesquisa.
O prédio, com seis andares, localizado no centro de São Paulo,
abrigará o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia das Doenças do
Papilomavírus Humano (Instituto do HPV) – um dos INCTs financiados pela
FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) no Estado de São Paulo.
O centro de pesquisa terá laboratórios de última geração em cultura
de células, virologia, histologia e bioinformática. Os laboratórios
foram construídos e contam com equipamentos adquiridos em grande parte
com recursos da FAPESP.
“É hoje a nossa ‘menina dos olhos’, que abrigará pesquisadores com
dedicação exclusiva à pesquisa e, com isso, teremos cada vez mais
projetos que devem fazer com que a Santa Casa se torne uma instituição
que realiza pesquisa de ponta”, disse Lia Mara Rossi, coordenadora da
Secretaria de Apoio à Pesquisa (SAP) da Santa Casa de São Paulo, durante
o 1º Workshop dos Escritórios de Apoio Institucional ao Pesquisador (EAIPs), realizado no dia 29 de outubro na sede da FAPESP.
O objetivo do workshop
foi apresentar e promover a troca de experiências entre os membros de
EAIPs implantados em universidades e instituições de pesquisa no Estado
de São Paulo nos últimos anos com auxílio da FAPESP, como a SAP da Santa
Casa de São Paulo.
Instituída em 2007, a SAP visa resolver aspectos administrativos
relacionados aos projetos realizados por pesquisadores da instituição
com financiamento de agências de fomento, de modo a permitir que eles
possam se dedicar exclusivamente à pesquisa.
“Disponibilizamos apoio integral ao pesquisador para a resolução dos
aspectos burocráticos e administrativos da pesquisa e participamos até,
de maneira um pouco mais ousada, da concepção da ideia dos projetos,
dando dicas na elaboração, submissão, prestação de contas e até na
publicação dos artigos em revistas científicas, porque o perfil do nosso
pesquisador é diferente do de outras instituições”, disse Rossi.
“Nossos pesquisadores são médicos assistencialistas e professores
universitários que querem, têm capacidade e potencial para fazer
pesquisa, mas não podem se dedicar integralmente a essa atividade. Por
isso, temos que auxiliá-los para que não sejam desmotivados por questões
burocráticas e administrativas”, explicou.
Para apoiar os pesquisadores da instituição, em 2009 um dos técnicos
da SAP participou de treinamento para criação de ponto de apoio da
FAPESP. Esses pontos são mantidos desde 1992 em universidades e
instituições de ensino superior e de pesquisa no Estado de São Paulo
para facilitar o relacionamento de seus pesquisadores com a Fundação.
Em 2011, parte da equipe da SAP também participou de um programa
piloto de treinamento para formação de equipes de EAIPs implantado pela
FAPESP para atender à demanda de ampliação dos pontos de apoio.
A participação da equipe da SAP no treinamento, segundo Rossi,
auxiliou principalmente na prestação de contas dos projetos realizados
pelos pesquisadores da instituição financiados por agências de fomento à
pesquisa.
“Depois que realizamos o treinamento dos escritórios de apoio, ficou
muito mais fácil fazer a prestação de contas, que era uma questão em que
tínhamos bastante dificuldade”, afirmou Rossi.
Dedicação exclusiva à pesquisa
O programa de treinamento para as equipes de EAIPs foi criado em
outubro de 2010 pela FAPESP por solicitação das universidades públicas
paulistas e de algumas instituições particulares, como a própria Santa
Casa de São Paulo.
As instituições estavam dispostas a criar EAIPs e solicitaram à
FAPESP que realizasse o treinamento de seu pessoal técnico. Em função
disso, a FAPESP criou um grupo de trabalho, com a participação de
integrantes de diversos departamentos da Fundação, para elaborar um
programa de treinamento para os técnicos dos EAIPs de modo a minimizar
as dificuldades que enfrentam no dia-a-dia na apresentação dos projetos
de pesquisa e prestação de contas à Fundação.
Os treinamentos são realizados duas vezes por mês na sede da FAPESP
para turmas compostas por até seis técnicos dos EAIPs. Durante o
treinamento, os participantes têm a oportunidade de visitar os diversos
departamentos da Fundação e dirimir dúvidas para facilitar o contato com
a instituição.
Após um ano da realização da capacitação, uma equipe da FAPESP se
reúne com os participantes nas suas respectivas instituições, com o
objetivo de conhecer de que forma tem se desenvolvido o apoio aos
pesquisadores, a adesão dos alunos e pesquisadores aos serviços
oferecidos, como estão fazendo o controle das atividades e quais as
ferramentas e sistemas que utilizam para essa finalidade.
Até hoje, já foram treinadas mais de 180 pessoas, de 55 unidades. “O
que se espera desses EAIPs é que eles colaborem com o pesquisador desde a
preparação e submissão da proposta inicial até a elaboração da
prestação de contas, entre outras questões”, disse Joaquim José de
Camargo Engler, diretor administrativo da FAPESP.
“Já para os pesquisadores, uma das vantagens da existência dos EAIPs
em suas instituições é que eles podem manter o foco em suas pesquisas”,
destacou Engler.
O gasto de tempo do pesquisador com tarefas como questões
administrativas, que inviabiliza que possam se dedicar exclusivamente à
pesquisa, é apontada por Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor
científico da FAPESP, como um dos principais obstáculos para o
desenvolvimento da ciência no Estado de São Paulo.
Para superar este obstáculo, na avaliação de Brito Cruz, é necessário
ampliar o número de EAIPs nas universidades e instituições de pesquisa
paulistas.
“Temos 55 Escritórios de Apoio Institucional ao Pesquisador
distribuídos por 55 instituições, mas há mais de 200 faculdades e
institutos no Estado de São Paulo”, comparou.
“É necessário ter esses escritórios em todas as instituições do
Estado de São Paulo e em seus departamentos para facilitar o acesso dos
pesquisadores e possibilitar que eles possam competir com seus colegas
de outras instituições no exterior, que possuem escritórios de apoio que
funcionam há décadas apoiando seus cientistas”, destacou Brito Cruz.
Brito Cruz sugeriu aos participantes do workshop investigarem o que
os escritórios de apoio aos pesquisadores de instituições estrangeiras
já fazem para que possam comparar e aprimorar as atividades realizadas
em seus EAIPs.
Apresentações de experiências
Além da apresentação da SAP da Santa Casa de São Paulo, durante o
evento também foram apresentadas experiências do Centro de Gerenciamento
de Projetos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo (USP) e do Escritório Regional de Apoio à Pesquisa e
Internacionalização (Erapi) da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
O encontro também contou com uma apresentação de Rosaly Favero
Krzyzanowski, assessora técnica da diretoria da presidência do Conselho
Técnico-Administrativo da FAPESP, sobre a Biblioteca Virtual da
Fundação.
O evento foi aberto por Celso Lafer, presidente da FAPESP. “Sempre
foi nossa convicção de que cabe às universidades e instituições de
pesquisa darem aos seus pesquisadores e docentes o apoio apropriado para
que possam cumprir bem suas funções e não ficarem sobrecarregados pelas
dificuldades inerentes ao processo de submissão e prestação de contas
de seus projetos de pesquisa”, destacou.
Mais informações: www.fapesp.br/eaip
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