quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Necessidade de médicos no Brasil

Necessidades de médicos especialistas no Brasil

[ contribuição da Profª Dra. Rosangela Ziggioti de Oliveira, Professora adjunta da UEM, leitora deste blog e grande colaboradora minha  ]

"É com grande satisfação que divulgo o estudo feito por duas pesquisadoras espanholas sobre necessidades de especialidade no Brasil. É o mais completo estudo prospectivo sobre necessidades de especialidades já realizado a partir de base de dados brasileiras. O estudo demonstra que até 2020, se as vagas de residência se mantiverem desta forma, baseado em padrões internacionais dos melhores de sistemas de saúde do mundo, haverá grande deficit em especialidades como medicina de familia e comunidade, otorrinolaringologia, endocrinologia, dermatologia e neurologia. Dentre estas especialidades, a que terá o maior déficit absoluto, em termo de número de profissionais, é a Medicina de Família e Comunidade. Por outro lado, algumas especialidades, como oftalmologia, pediatria, clinica médica e ginecologia obstetrícia terão um superávit se este modelo que temos adotado for mantido. São Paulo é um dos estados com maior tendência de superávit de especialistas enquanto na região Norte a projeção é de déficit em praticamente todas as áreas"
 
 Clique aqui para ler o estudo.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Escolas Médicas

Decisões equivocadas sobre escolas de medicina
Adib Jatene

Artigo de Adib Jatene – que foi publicado hoje (28/02/2012) na Folha de São Paulo na seção Tendência/Debates – versa sobre a reabertura de vagas nos cursos de Medicina que tinha sido fechadas por falta de condições de ensino de qualidade.

Médicos qualificados doaram o seu tempo para avaliar cursos ruins e cortar vagas; o Conselho Nacional de Educação ignorou o nosso trabalho e recriou todas

O Conselho Nacional de Educação acaba de tornar sem efeito decisões da Secretaria de Educação Superior (Sesu) do Ministério da Educação (MEC) sobre a redução de vagas em cursos de medicina.

Até 1996, o país possuía 82 faculdades de medicina, das quais 33 eram privadas (40%). Em 12 anos, entre 1996 e 2008, foram criadas 98 novas faculdades, das quais 68 privadas (70%).

Existiam ainda, sob análise do MEC, mais de 50 pedidos de autorizações de novas faculdades, praticamente todas privadas e sem infraestrutura mínima para ministrar um curso médico.

Em 2008, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) identificou 17 escolas, entre as que tinham formandos, com nota inferior a três (em uma escala de um a cinco).

Alarmado com a situação, o então ministro Fernando Haddad, após discutir o problema, concordou em recriar a Comissão de Especialistas do Ensino Médico, presidida por mim e com maioria absoluta de membros da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), inclusive com quatro ex-presidentes. Todos os membros têm ampla atuação e experiência na área.

Após uma revisão dos pré-requisitos que a entidade que deseja abrir o curso médico deveria observar, foi explicitado que, como item eliminatório, a entidade teria de possuir um complexo médico-hospitalar com pelo menos quatro leitos por vaga pretendida. Seria necessário ter também uma residência médica reconhecida pelo Ministério da Saúde e um pronto-socorro em atividade.

Alem disso, a instituição deveria possuir um complexo ambulatorial, contando tanto com unidades básicas com o Programa de Saúde da Família quanto com ambulatórios de especialidades.

Desse modo, estaria garantido o campo de treinamento e dimensionado o número de vagas. Na hipótese de a instituição não possuir complexo próprio, seria permitido um convênio, por período não inferior a dez anos, sem compartilhamento com outra instituição.

Quanto às escolas existentes cujo desempenho no Enade foi insatisfatório, decidiu-se fazer uma visita ao local com pelo menos dois membros da comissão.

Eles, após entrevistas com docentes e com discentes e visitas às instalações, avaliaram as condições para a oferta do curso e elaboraram relatórios circunstanciados.

Na impossibilidade de indicar o fechamento da escola, optaram por reduzir o número de vagas, deixando o mínimo tolerável, capaz de beneficiar não apenas os alunos, mas também a população que seria atendida pelos egressos dessas escolas.

Baseado nesse trabalho sério, de pessoas que doaram seu tempo na expectativa de melhorar o ensino médico, foi que a Sesu acolheu as indicações e reduziu o número de vagas em várias escolas médicas. Isso aconteceu depois de ampla discussão com a comissão de especialistas -que, reitero, avaliou com o maior cuidado a situação do ensino nessas entidades.

De repente, o Diário Oficial da União publica uma decisão por unanimidade do Conselho Nacional de Educação (CNE) restaurando o número de vagas previamente existentes, desconsiderando o trabalho da comissão, que levou mais de dois anos para ser executado -sem nem sequer dar uma oportunidade para nos manifestarmos.

Decisões equivocadas como essas servem para desmotivar os que ainda acreditam ser possível corrigir as iniquidades, criadas por influência empresarial ou política, e para reforçar a ideia de que não adianta lutar por dias melhores.

Mas ainda há gente neste país que acredita, mesmo com as instituições atuais e com os conselhos suscetíveis a pressões, ser possível avançar.

Decisões como a do CNE não nos farão desistir. Elas nos alimentam para continuarmos a luta, que antes de ser nossa deveria ser do CNE.

ADIB JATENE, 82, cardiologista, é professor emérito da Faculdade de Medicina USP e diretor-geral do Hospital do Coração. Foi ministro da Saúde (governos Collor e FHC)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Publicação Eletrônica


Revista Arquivos também ganha formato científico digital

            
As edições de 2011 da Revista Arquivos estão disponíveis no site do CRM-PR agora também na versão científica digital. O software utilizado é o SEER (Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas), desenvolvido pelo Public Knowledge Project da Universidade de British Columbia, no Canadá, em parceria com a Biblioteca da Universidade Simon Fraser. O sistema é utilizado mundialmente para construção e gestão de publicações eletrônicas periódicas. A Revista do Médico Residente, outra publicação do CRM-PR, também tem versão científica digital, com ISSN de revista seriada neste formato.

A Revista Arquivos pode ser acessada pelo link ou clicando no banner “Leia nossas publicações”, na página inicial do Portal do CRM-PR. Todos os artigos são incluídos separadamente e estão disponíveis para visualização e download no formato PDF.

Além disso, a íntegra da publicação no formato digital pode ser visualizada em uma seção especial do site, em formato flip, por meio do qual o leitor pode folhear as páginas da revista na tela do computador, tablet ou smartphone, além de poder enviá-la via e-mail, em formato PDF.

Gradativamente, as edições de anos anteriores da Revista Arquivos serão incluídas no sistema científico. Os arquivos digitalizados de todas as edições estão disponíveis.

Confira a edição n.º 112/2011

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Excelência universitária


La universidad que queremos (I). La excelencia no se compra, se persigue
The university we want (I). Excellence cannot be bought, it must be pursued

Arcadi Gual Sala


In recent years greater value and emphasis has been placed on the word ‘excellence’. Our society and our citizens understand that in the public institutionsresearch can only finance itself if it is excellent, that the engagement of (new) teaching staff will be based on excellence, and that there can only be teaching, care, research, administration, professionals and research projects if they are excellent. This devotion to excellence, although not made explicit, should embody a rejection of mediocrity. Amen.

Yet, all that glitters is not gold. The universal excellence that is being proposed as a standard of improvement is a fallacy and is often knowingly misrepresented by excellence lobbies that use the meaning of words to their own convenience in order to sell their product to society. But can anyone in their  right mind really be against excellence? The answer is no. Can anyone defend the idea that research or human resources, teaching staff or researchers do not need to be excellent? Can anybody defend the notion that both generating and transmitting knowledge –the two prime responsibilities of universities– do not have to pursue excellence? And the answer continues to be no, no and no. Let me put the question another way: do we want an excellent university? And the answer is yes, yes and yes. But it doesn’tlook like it, because we feel satisfied with what we have and we do not show any interest in improving the returns we get from our tax contributions.

Where is the fallacy, the deception, the prevarication? The fallacy lies in the question itself. It is a question that is neither well-posed nor well-meaning. The question as to whether we want an ‘excellent’ university is not a question –it is a something that is obvious. A university, if it is a university, has to be or has to tend towards excellence. It is inherent. Correctly formulated, the questions would be others, such as: is our university excellent, or does it strive to be? What must a university do to be excellent? Do we do the right things, from within and from outside, to have and maintain an excellent university?

My own personal and, of course, wholly subjective opinion is that in relation to our socioeconomic surroundings we have a very high quality university, with very good human resources; the efforts made by the university and the members of the university community to accomplish their mission of generating and transmitting knowledge go far beyond the level of the resources they have available to them. Yet, despite all these positive points our university is not excellent. Let’s say that between where we stand and where we want to be there is still quite a gap to cover. And at this point another relevant question pops up: how do we cross the gap between the university as it stands today and the one we want for tomorrow? Excellence cannot be bought overnight. Excellence is not a finished, standardised product that is on the market. Rather, it is the result of a collective ongoing struggle that is based on sacrifice, imagination and shared talent. It is no use signing up a top player or devoting the resources we have available to pampering what are supposed to be top players. This might be all right if it was in addition to. We may consider drastic solutions like dismissing all the human resources available and taking on only the best players to build a team of galactic superstars. Or we could let the existing universities die with the creepy-crawlies inside them so that new structures can be built with only the best teachers and researchers. We could also leave the present universities  to play a role as bettering structures (from the verb to better) so as to generate centres of excellence that are a far cry from the university or some other whim that might occur to us. But these solutions are not, and never have been, realistic or possible.

The problem of crossing the gap that separates the niversity we have from the one we want is simpler than it seems, although we must not mistake ‘simple’ for ‘without cost’. We have to do what any company that wants to improve its products or the service it offers would do, namely, draw up a quality improvement plan. If I bake bread and I want to improve it, I need better flour, a better oven and a baker who knows how to use the new flour to make better dough and who knows how to get the best out of the new oven. I also need to test, to evaluate, the bread every morning to see whether it has risen properly and whether I can make it better. Just four things –there’s nothing else to it. But I also need something that is a little more complex: I have to want to do it or, failing that, I must have the obligation to do it.

The university needs better flour and better ovens. It also needs to have trained the bakers to work with the new flour and the new ovens. And it needs someone to come round every morning to check the quality of the products (outcomes) resulting from its teaching and its research. This someone can be a result of the institution’s own willingness or may be imposed by society. The country cannot afford to devote any more resourcesto the excellence of the idle or those consumed by mediocrity. Above all, the country needs to improve the quality of all its institutions, one of the most important of which is without a doubt its universities. The path towards improving the university a little more each day is to make so many top players available to the institutions of excellence that it will no longer be necessary to bring them in rom outside. The university we want is a university that seeks improvement of a ‘proven permanent quality’. Excellence will come of itself, as a consequence of persevering in our endeavours and ensuring the best talent is used to guide them.