Nova superintendente do HUM quer resgatar credibilidade do Hospital
Planejamento é a palavra de ordem da nova gestão
Ana Paula Machado Velho
A ortopedista e docente do curso de Medicina da
Universidade Estadual de Maringá (UEM), Elisabete Mitiko Kobayashi,
tomou posse, nesta segunda-feira (18), pela manhã, e já arregaçou as
mangas para dar início oficial à administração de sua equipe, eleita
para a Gestão 2019-2022, no Hospital Universitário Regional de Maringá
(HUM).
Segundo a doutora Elisabete (foco acima), a saúde
pública no Brasil vem enfrentando graves problemas há anos e isso tem
afetado os Hospitais Universitários, como o HUM, dificultando o acesso a
essas instituições e agravando o atendimento à população. Ela lembra
que, com a crise que o Brasil enfrenta, muitos usuários deixaram os
planos de saúde privados e passaram a usar o Sistema Único de Saúde
(SUS). O impacto desta realidade vem sendo sentido no atendimento da
urgência e emergência.
“O sistema público de saúde ainda sofre por não ter
uma estrutura adequada para o atendimento global do paciente. Prova
disso é a fila de espera por consultas ambulatoriais e cirurgias
eletivas em todo o país. Esta longa fila culmina na piora do quadro do
paciente e desagua nos prontos atendimentos, seja nas UPAs ou nos
hospitais públicos, que já não conseguem atender a tão alta demanda e
vivem na mídia por incapacidade operacional. A prevenção, que ainda é o
melhor caminho para a saúde, está deficiente. Essas ações não têm sido
feitas nos ambulatórios. Se isso não funciona, há um impacto enorme nos
serviços de urgência e emergência. Juntando essa realidade com a falta
de políticas fortes no setor de prevenção à violência no trânsito e à
violência interpessoal, o cenário se agrava e vemos faltar leitos de
urgência e emergência e nas UTI”, descreve a ortopedista do HUM.
Três décadas - A nova gestora
lembra, ainda, nos seus 30 anos de existência, o HUM de Maringá pouco
cresceu em relação aos outros hospitais universitários, tornando–se o
menor do estado do Paraná. Porém, o Hospital Universitário de Maringá é
uma importante porta de entrada na região, sendo referência para os
serviços de emergência do SIATE e do SAMU. Além disso, aparece nos mapas
de atendimento como porta aberta para a demanda espontânea e através da
regulação de pacientes pela Central de Vagas do Estado. Mensalmente, o
HUM atende em torno de 6 a 7 mil pacientes no Pronto atendimento, em uma
estrutura ainda acanhada.
“Não conseguimos avançar em melhorias de
atendimento e estrutura física do nosso HUM. Precisamos urgentemente
acabar de construir o Hospital, dando andamento, principalmente, às
obras já iniciadas e, por ora, paradas por falta de recursos. O SUS é
universal e o doente recebe atendimento gratuito, porém, o leito do SUS
não é gratuito. O custeio de todos os leitos previsto no orçamento,
muitas vezes, não corresponde às despesas reais. Fazer a boa medicina
implica em custos operacionais, por vezes, maiores do que o SUS
subsidia. O custo do doente-dia deve ser preocupação dominante da
administração sem prejuízo do suprimento indispensável ao bom
atendimento ao paciente, da boa alimentação e dos necessários cuidados
médicos. Os recursos próprios do HUM, ultimamente, têm sido consumidos
por uma folha de pagamento que aumenta, a cada ano, por falta de
abertura de concursos públicos, o que impede novos investimentos ou
reposição de equipamentos e manutenção de nossa estrutura. A falta de
reposição de funcionários, seja por aposentadoria, morte ou demissões,
tem se intensificado ano a ano. Estamos evoluindo rapidamente para um
sucateamento do hospital, deixando de fazer diagnósticos por falta de
bons equipamentos e diminuindo a qualidade de atendimento final.
Necessitamos urgente de um olhar do estado para esta situação, porém,
não nos eximimos de fazer o nosso dever de casa, em tornar o atendimento
mais efetivo e eficaz”, alerta a doutora Elisabete.
Reconhecimento - Enfim, a
superintendente do HUM destaca que é preciso resgatar a credibilidade do
Hospital Universitário de Maringá junto à comunidade interna e externa.
A médica prometeu trabalhar para conquistar o verdadeiro crescimento do
Hospital, que vai além da assistência, deve atingir as áreas de ensino e
pesquisa. Kobayashi disse vai organizar o serviço internamente, abrindo
frentes de negociação e diálogo com os gestores públicos.
“O curso de medicina da UEM é um dos melhores do
Brasil, temos também alunos da graduação da enfermagem, análises
clínicas, psicologia, as residência médicas e multiprofissional,
acabamos de abrir a pós-graduação em Urgência e Emergência, temos
projetos de pesquisa de relevância clínica em andamento dentro do HUM,
um Hemocentro de primeira qualidade. Este é o HUM que a população não vê e nem a mídia mostra. Somos
formadores de profissionais para a rede de atendimento do SUS e setor
privado. Nestes 30 anos de existência do curso de medicina, colocamos
excelentes profissionais no mercado de trabalho de Maringá e região. A
qualidade da medicina, hoje praticada em Maringá, os avanços e inovações
no atendimento aconteceram com o impacto do retorno destes egressos da
UEM. Isso precisa ser reconhecido”, lembrou a superintendente.
Compromisso - Segundo a nova
gestora, o HUM se dispõe a aumentar a oferta de serviços, mas precisa
acabar a sua construção e montar uma nova estrutura de ambulatório, para
ofertar mais consultas eletivas e melhorar o local de ensino. Será
possível aumentar o número de atendimentos no momento em que o HUM
terminar o seu plano diretor e recompor o quadro de funcionários,
através de concursos pelo Estado.
“O resultado das urnas nas eleições do HUM mostrou
que os funcionários, docentes e alunos confiam na capacidade da nossa
equipe (foto acima) e nossas propostas. Mostrou a confiança em um grupo
técnico, com experiência e conhecimento em gestão administrativa, gestão
de pessoas e gestão de processos. O nosso compromisso com todos é de
uma gestão séria e competente, com transparência nas ações e mais
próxima dos que aqui trabalham. Fizemos um compromisso de estarmos
presentes e arregaçarmos as mangas todos juntos para reagirmos e
colocarmos o HUM nos trilhos novamente. A ideia é profissionalizar o
Hospital, nos próximos anos, para que a gente consiga ter uma gestão
otimizada e de qualidade. Este é o compromisso desta equipe que agora
assume a direção do HUM. A direção do Hospital se compromete a fazer uma
boa gestão e esperamos que haja a resposta dos nossos governantes”,
concluiu Elisabete Kobayashi.
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