A importância de discutir a saúde mental de alunos e professores na escola
Evento de NOVA ESCOLA debateu a influência do clima escolar na saúde dos educadores e a relação entre a saúde mental e a identidade dos jovens
O
clima escolar é um dos fatores que influenciam a saúde mental dos
jovens e, claro, dos professores. Para garantir a qualidade do processo
de ensino e aprendizagem, é preciso antes de tudo que a escola favoreça
um ambiente harmonioso, em que o respeito e a colaboração estejam
inseridos nas práticas cotidianas. O papel dos alunos e docentes na
construção de um clima saudável foi tema de debates durante o evento Saúde Mental na Escola, promovido pela NOVA ESCOLA, com apoio do Facebook e Instagram.
Para
abordar a importância da cultura colaborativa e do diálogo entre toda a
equipe da escola, Fernando Monteiro e Bárbara Dias compartilharam a
experiência da organização Evoluir Brasil, especializada em desenvolver
conteúdos e metodologias educacionais inovadoras para o desenvolvimento
de pessoas.
Segundo Fernando, fundador e diretor-executivo da Evoluir, nenhum fator isolado determina o clima de uma escola, mas sim a interação entre vários elementos relacionados com o engajamento das pessoas, a segurança e a estrutura física da instituição. “Um ambiente que favorece relações mais respeitosas e horizontais tem uma influência direta não apenas na saúde mental de todos, mas também na aprendizagem. Em escolas em que os docentes conseguem colaborar e pensar junto, os alunos também têm um melhor desempenho”, explica.
Segundo Fernando, fundador e diretor-executivo da Evoluir, nenhum fator isolado determina o clima de uma escola, mas sim a interação entre vários elementos relacionados com o engajamento das pessoas, a segurança e a estrutura física da instituição. “Um ambiente que favorece relações mais respeitosas e horizontais tem uma influência direta não apenas na saúde mental de todos, mas também na aprendizagem. Em escolas em que os docentes conseguem colaborar e pensar junto, os alunos também têm um melhor desempenho”, explica.
Para
ele, é preciso que haja uma mudança de mentalidade que valorize a ação
coletiva entre os educadores, o que pode ser feito com base em três
campos de ação. Em primeiro lugar, na esfera pessoal – o docente precisa
desenvolver suas próprias habilidades socioemocionais para que consiga
se relacionar melhor com os colegas. Em segundo, ele deve investir em
métodos de interação com os outros, como a prática do diálogo, a escuta
ativa e a comunicação não violenta. Por fim, é necessário pensar no
campo ambiental, ou seja, compreender que todos fazem parte de um todo e
que precisam conviver em harmonia.
Bárbara
Dias, coordenadora de projetos do Evoluir, aponta que, em um momento de
polarização e discursos violentos, essas práticas são essenciais para
preservar a saúde mental dos educadores. “Embora cada escola tenha suas
especificidades, todas elas enfrentam esse dilema do convívio, do
estresse, da depressão e da angústia dos professores”, conta. Por isso,
ela acredita que é necessário trabalhar o desenvolvimento de habilidades
socioemocionais, como autoconhecimento e prática da empatia, também
entre os educadores.
Saúde mental dos jovens
Um bom clima escolar é responsabilidade coletiva e envolve também a participação dos estudantes. Ao enfrentar problemas de saúde mental e perceber que muitos alunos de sua turma pareciam tristes ou deprimidos, três alunas do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, tiveram a ideia de desenvolver um projeto científico na área de psicologia social sobre saúde mental e construção de identidade.
Criado
pelas adolescentes Alessandra Maranca, Catharina de Morais e Maria
Clara Nascentes, o projeto “O Bem-Estar do Jovem: A Busca pela Saúde
Mental a partir da Construção da Identidade Autêntica” foi realizado
dentro do programa Cientista Aprendiz, do Colégio Dante.
"Na época tínhamos 13, 14 anos. Eu era bulímica, andava hostil com as pessoas e tinha passado por situações de bullying. Quando a gente se reuniu, chegamos à conclusão de que nós três estávamos sofrendo, e também percebíamos isso ao conversar com outras pessoas. Então queríamos entender por que isso estava acontecendo", conta Alessandra.
"Na época tínhamos 13, 14 anos. Eu era bulímica, andava hostil com as pessoas e tinha passado por situações de bullying. Quando a gente se reuniu, chegamos à conclusão de que nós três estávamos sofrendo, e também percebíamos isso ao conversar com outras pessoas. Então queríamos entender por que isso estava acontecendo", conta Alessandra.
Em
uma pesquisa inicial, as jovens descobriram que existem cerca de 35
milhões de adolescentes entre 10 a 19 anos com algum transtorno de saúde
mental. “Identificamos que uma das etapas mais cruciais para que o
jovem se torne um adulto maduro é a construção da identidade, ou seja,
ter um conjunto de metas e objetivos estabelecidos. Essa questão da
identidade influencia a saúde mental, principalmente neste momento da
hipermodernidade, em que temos muitas opções e um grande poder de
escolha”, relata Maria Clara.
Após
as pesquisas, o primeiro passo foi realizar um questionário com escolas
públicas e particulares para entender a correlação entre esses fatores.
Na segunda fase, elas criaram um plano de intervenção baseado em alguns
pilares, como o fortalecimento do diálogo com o grupo, discussões sobre
padrões corporais e o princípio da identificação. “Muitas vezes, os
jovens têm mais dificuldade de falar sobre determinados assuntos com os
adultos. Por isso, pensamos que uma boa maneira de fazer isso seria
colocar os próprios jovens para falar com as turmas”, explica Catharina.
Dentro do projeto, foram escolhidos alguns líderes para guiar o trabalho nas salas de aulas e mediar rodas de conversa sobre a formação da identidade. O trabalho ainda está em andamento, mas a ideia é que possa ser replicado em outras escolas.
Dentro do projeto, foram escolhidos alguns líderes para guiar o trabalho nas salas de aulas e mediar rodas de conversa sobre a formação da identidade. O trabalho ainda está em andamento, mas a ideia é que possa ser replicado em outras escolas.
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