quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Ciência em crise





Crise econômica atinge pesquisas científicas e universidades no Brasil

Orçamento para pesquisas deve cair de R$ 7,7 bilhões para R$ 5,6 bilhões.
Quem sofre são pesquisadores científicos de universidades como a UFRJ.

Sandra Passarinho



Com a crise econômica e o aperto nas contas do governo, o investimento em pesquisas científicas vem caindo a cada ano.
Segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em 2014 o orçamento para as pesquisas era de R$ 7,7 bilhões. Neste ano, caiu para R$ 7,5 bilhões, mas a previsão para 2016 é bem pior: os recursos devem cair para R$ 5,6 bilhões, uma redução de 25%.

UFRJ SOFRE COM ATRASOS

E não é só o corte no orçamento. O dinheiro também demora a chegar. Na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), pesquisas que já duram anos estão em risco justamente por causa do atraso no repasse das verbas.
O dinheiro para pesquisas na área de biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro deveria ter sido depositado em novembro do ano passado, mas só foi liberado há pouco mais de um mês. Os produtos básicos para dar continuidade aos projetos já foram encomendados, mas demoram a chegar.
O trabalho do dia a dia em um laboratório de biologia celular está sendo prejudicado por causa da falta de material usado em pesquisas essenciais para o desenvolvimento científico do país.
No laboratório se estuda a utilização de células-tronco no tratamento de doenças renais e neurodegenerativas, mas já acabou a preparação química para manter as células, por exemplo. Cada litro custa em torno de R$ 3 mil.
“Desse jeito a gente corre um risco muito grande de ver tudo isso que a gente conquistou nesses anos simplesmente ruir porque essa área de pesquisa com célula tronco é uma área competitiva demais no mundo”, diz o professor Marcelo Einicker Lamas, chefe do laboratório de biomembranas da UFRJ.
Alguns pesquisadores já pensam em suspender as atividades. “Vários colegas estão falando em fechar seus laboratórios. Nós vamos ter menos pesquisadores sendo treinados hoje, daqui a 10 anos nós vamos pagar um preço bastante alto aí em termos de atraso nas pesquisas do Brasil em relação a outros países mais desenvolvidos”, explica o professor Sérgio Teixeira Ferreira, chefe do laboratório de doenças degenerativas da UFRJ.
A presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência afirma que cortes estão afetando instituições por todo país. “Está afetando a todas, sem exceção. Federal, estadual, municipal, públicas, privadas. Onde tem ciência esse corte está chegando e afetando. Está inviabilizando as atividades”, diz Helena Nader, presidente da SBPC.
A Capes, que é o órgão responsável pelo repasse das verbas, afirmou que só recebeu o pedido do professor Marceli Lamas em fevereiro deste ano.

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