Crise
econômica atinge pesquisas científicas e universidades no Brasil
Orçamento para pesquisas deve
cair de R$ 7,7 bilhões para R$ 5,6 bilhões.
Quem sofre são pesquisadores científicos de universidades como a UFRJ.
Quem sofre são pesquisadores científicos de universidades como a UFRJ.
Com a crise econômica e o aperto nas contas do
governo, o investimento em pesquisas científicas vem caindo a cada ano.
Segundo dados do Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação, em 2014 o orçamento para as pesquisas era de R$ 7,7 bilhões. Neste
ano, caiu para R$ 7,5 bilhões, mas a previsão para 2016 é bem pior: os recursos
devem cair para R$ 5,6 bilhões, uma redução de 25%.
UFRJ SOFRE COM ATRASOS
E não é só o corte no orçamento. O dinheiro também
demora a chegar. Na UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro), pesquisas que já duram anos estão em risco justamente
por causa do atraso no repasse das verbas.
O dinheiro para pesquisas na área de biofísica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro deveria ter sido depositado em novembro
do ano passado, mas só foi liberado há pouco mais de um mês. Os produtos
básicos para dar continuidade aos projetos já foram encomendados, mas demoram a
chegar.
O trabalho do dia a dia em um laboratório de biologia
celular está sendo prejudicado por causa da falta de material usado em
pesquisas essenciais para o desenvolvimento científico do país.
No laboratório se estuda a utilização de
células-tronco no tratamento de doenças renais e neurodegenerativas, mas já
acabou a preparação química para manter as células, por exemplo. Cada litro
custa em torno de R$ 3 mil.
“Desse jeito a gente corre um risco muito grande de
ver tudo isso que a gente conquistou nesses anos simplesmente ruir porque essa
área de pesquisa com célula tronco é uma área competitiva demais no mundo”, diz
o professor Marcelo Einicker Lamas, chefe do laboratório de biomembranas da
UFRJ.
Alguns pesquisadores já pensam em suspender as
atividades. “Vários colegas estão falando em fechar seus laboratórios. Nós
vamos ter menos pesquisadores sendo treinados hoje, daqui a 10 anos nós vamos
pagar um preço bastante alto aí em termos de atraso nas pesquisas do Brasil em
relação a outros países mais desenvolvidos”, explica o professor Sérgio
Teixeira Ferreira, chefe do laboratório de doenças degenerativas da UFRJ.
A presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência afirma que cortes estão afetando instituições por todo
país. “Está afetando a todas, sem exceção. Federal, estadual, municipal, públicas,
privadas. Onde tem ciência esse corte está chegando e afetando. Está
inviabilizando as atividades”, diz Helena Nader, presidente da SBPC.
A Capes, que é o órgão responsável pelo repasse das
verbas, afirmou que só recebeu o pedido do professor Marceli Lamas em fevereiro
deste ano.
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