Jadete Lampert fala na abertura do 52º COBEM
Na mesa de abertura do 52º Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM), ocorrido em Joinville (SC) nos dias 31 de Outubro a 03 de Novembro de 2014, a presidente em exercício da ABEM, Profª Jadete Lampert, proferiu este pequeno discurso que transcrevo na íntegra.
Minha
fala será breve e se remeterá a desafios, a ABEM e ao meu momento. Desafios,
que são construir processos de mudanças que devem ser permanentes com sustentabilidade
para edificar novos paradigmas na formação e na assistência em saúde.
O tema central
do congresso: "As escolas médicas como transformadoras da sociedade",
nos remete a responsabilidade social assumida pelas escolas ao comprometerem-se
com a formação de profissionais para a assistência em saúde. Vislumbra-se para
estas, um trabalho que busca a qualidade de forma intensa e determinada nos
processos de formação e de assistência em saúde. No entanto, vive-se momento
preocupante com a qualidade da formação dos profissionais médicos, dada a criação
de número elevado de escolas nunca visto neste país, (esta frase alguém
já falou!) com critérios questionados, sem perspectiva clara para adequação,
quanto a capacitação, avaliação e valorização de corpo docente, frente ao
desafio de formar profissionais médicos contemporâneos competentes para a
prestação de serviços. Por outro lado, não se pode deixar de perceber que o curso
de graduação, que tem DCNs próprias para medicina e se constitui no momento crucial
da formação para assimilar valores profissionais médicos há muito se mostra fragilizado.
A graduação deve dar formação estruturante para a continuidade de estudos nas
pós-graduações, educação continuada e educação permanente. Apesar disso, questões
como Cursos Preparatórios para Residência Médica e Ligas Acadêmicas,
concorrentes no espaço e com o tempo para dedicação ao curso de graduação estão
longe de suscitar estranheza, o que mostra situação, no mínimo, digna de um
estudo, porque nunca se viu noutro país (esta frase ninguém falou! )
Em tempo
de DCNs (MEC/CNE, 2001; 2014) a formação de profissionais generalistas, críticos
e reflexivos, humanistas, éticos trata de formar pessoas, que além do domínio da
ciência e da tecnologia se comprometam com convicções morais e espirituais, com
hábitos e atitudes cívicas que valham a pena, como a arte de ouvir, muito
importante para a democracia. A acolhida e a escuta, além da anamnese na
semiologia, trata de aprimorar a comunicação com as pessoas, e assim, proporcionar
a mais adequada atenção à saúde em distintas situações. Somos cidadãos, e como
tal comprometidos com o coletivo. A democracia não exige igualdade perfeita,
mas exige que pessoas de formações, de trajetórias, vivências e profissões distintas
se encontrando no dia-a-dia da vida, tratem do bem comum. Desafios!
A ABEM
como estratégia tem realizado congressos (nacional e regionais), publicado a RBEM,
livros e boletins informativos, Cadernos da ABEM, desenvolvido projetos que sendo
indutores de mudanças tomam o caráter permanente e participativo para melhorar
a formação médica junto com a de outros profissionais e contribuir para a maior
qualidade de vida no cuidado com a saúde do povo brasileiro. O que, ainda, é pouco.
Desafios!
Nos
últimos quatro anos buscou-se expandir a estrutura administrativa, discutindo e
aprovando novo Estatuto e Regimentos Geral e Eleitoral, que buscou fortalecer a
descentralização, (o Brasil é imenso) criando conselhos regionais de educação
médica para chegar mais perto das escolas e da Sociedade organizada, pública e
privada, que possibilite criar espaços para maior diálogo, incentivando a
construção compartilhada com análise crítica do que faz, como faz e como pode
fazer melhor, com monitoramento e avaliações de processos. Desafios!
A ABEM,
somos nós, o Brasil somos nós. Isto nos exige atuação no conjunto da sociedade.
Chegando ao final de mais uma gestão na ABEM, desejo agradecer de alma e coração
a tantos, colegas, amigos, amigas, companheiros e companheiras que estiveram
juntas e juntos estão incansáveis neste construir do dia-a-dia da educação no nosso
país. A todos aproveito este momento para agradecer o privilégio e a riqueza do
trabalho conjunto que me foi proporcionado, sem vocês a caminhada não teria
sentido. Neste evento temos eleições na ABEM, a chapa eleita tomará posse ao
final deste congresso, juntamente com os Conselhos regionais já eleitos, nas
respectivas regionais. Novas gestões para as regionais e nova gestão para a
nacional da ABEM, que adentram na
contagem dos próximos 50 anos da instituição. Tenho convicção, que a ABEM continuará
com este grupo que é de fé e de trabalho a somar esforços e a ampliar espaços
neste exercício de construir um país mais justo, tendo pela frente a prática da
cooperação, que se sobressai a da competição, com a garantia de que todos
ganham, e as escolas médicas podem, significativamente, impulsionar a
transformação desejada e construída pari passu com a Sociedade brasileira, como
nos remete o tema central deste 52º COBEM.
Obrigada
pela atenção e bom congresso para todos nós!
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