A SAÚDE PÚBLICA E A VERGONHA NACIONAL
Há alguns anos, a presidente Dilma Rousseff foi vítima de
grave problema de saúde. O tratamento aconteceu em centros de excelência
do país e sob a supervisão de homens e mulheres capacitados em escolas
médicas brasileiras. O povo quer acesso ao mesmo e não quer ser tratado
como cidadão de segunda categoria, tratado por médicos com formação
duvidosa e em instalações precárias.
Por isso, a Associação Médica Brasileira (AMB), a Associação
Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), o Conselho Federal de Medicina
(CFM), a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) manifestam publicamente
seu repúdio e extrema preocupação com o anúncio de "trazer de imediato
milhares de médicos do exterior", feito nesta sexta-feira (21), durante
pronunciamento em cadeia de rádio e TV.
O caminho trilhado é de alto risco e simboliza uma vergonha
nacional. Ele expõe a população, sobretudo a parcela mais vulnerável e
carente, à ação de pessoas cujos conhecimentos e competências não foram
devidamente comprovados. Além disso, tem valor inócuo, paliativo,
populista e esconde os reais problemas que afetam o Sistema Único de Saúde
(SUS).
Será que os "médicos importados"- sem qualquer critério de
avaliação ou com diplomas validados com regras duvidosas - compensarão a
falta de leitos, de medicamentos, as ambulâncias paradas por falta de
combustível, as infiltrações nas paredes e as goteiras nos hospitais? Onde
estão as medidas para dotar os serviços de infraestrutura e de recursos
humanos valorizados? Qual o destino dos R$ 17 bilhões do orçamento do
Governo Federal para a saúde que não foram aplicados como deveriam, em
2012? Porque vetaram artigos da Emenda Constitucional 29, que se tivesse
colocada em prática teria permitido uma revolução na
saúde?
Os protestos não pedem "médicos estrangeiros", mas um SUS
público, integral, gratuito, de qualidade e acessível a todos. É preciso
reconhecer que é a falta de investimentos e a gestão incompetente desse
sistema que afastam os médicos brasileiros do interior e da rede pública,
agravando o caos na assistência.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os
Governos de países com economias mais frágeis investem mais que o Brasil
no setor. Na Argentina, o percentual de aplicação fica em 66%. No Brasil,
esbarra em 47%. O apelo desesperado das ruas é por mais investimentos do
Estado em saúde. É assim que o Brasil terá a saúde e os "hospitais padrão
Fifa", exigidos pela população, e não com a "importação de
médicos".
A AMB, o CFM e a Fenam -assim como outras entidades e
instituições, os 400 mil médicos brasileiros e a população conscientes da
fragilidade da proposta de "importação" - não admitirão que se coloque em
risco o futuro de um modelo enraizado na nossa Constituição e a vida de
nossos cidadãos. Para tanto, tomarão tomas as medidas possíveis, inclusive
jurídicas, para assegurar o Estado Democrático de Direito no país, com
base na dignidade humana.
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA (AMB)
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS RESIDENTES
(ANMR)
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM)
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS (FENAM)