sábado, 24 de janeiro de 2009

Abertura de Novos Cursos

22/01/2009
Para MEC, "ideia de que há excesso de faculdades no Brasil é falsa"
Bruno Aragaki


Um dia depois de o MEC (Ministério da Educação) anunciar que avaliará 21 faculdades que querem ter graduação em medicina ou direito, a secretária de Educação Superior, Maria Paula Dallari Bucci, saiu em defesa da abertura de novos cursos: "Ainda há espaço para expandir o ensino superior. A ideia de que há excesso de faculdades no Brasil é falsa", disse.

"Fila" para abrir curso
de medicina
Ijaa (InstitutoJoão Alfredo de Andrade) Juatuba (MG)
Unigran (Grande Dourados) Dourados (MS)
Immes (Inst Macapaense de Ensino Superior) Macapá (AP)
Facig (Faculdade de Ciências de Guarulhos) Guarulhos (SP)
FSM (Faculdade Santa Maria) Cajazeiras (PB)
FCHBS (Ciências Humanas, Biológicas e da Saúde) Boa Vista (RR)
Iesmig (Inst Ensino Sup de MG) Sabinópolis (MG)
FCHJT (Fac Ciências Humanas e Jurídicas) Teresina (PI)


Para a secretária, a preocupação central "não deve ser a quantidade de cursos, mas a qualidade deles". "O MEC vai assegurar a qualidade daqueles que abrirem. Estamos acabando com cursos ruins e vamos dar espaço para os bons", disse.


À frente da Secretaria de Educação Superior desde outubro de 2008, a doutora em direito Maria Paula Dallari Bucci falou por telefone ao UOL Educação. Confira trechos da entrevista:

UOL Educação - O MEC vai avaliar 21 faculdades, todas particulares, que querem dar cursos de medicina e direito. Há demanda para isso?

Maria Paula Dallari Bucci - Acredito que ainda há espaço para expandir o ensino superior no país. A ideia de que há excesso de faculdades no Brasil é falsa. A meta do PDE (Plano Nacional da Educação) é ter, até 2011, 30% dos jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior. Em 2006, o censo mostrou que só tínhamos 12%. Então ainda é preciso aumentar as vagas...

UOL Educação - Não é contraditório autorizar novos cursos pouco tempo depois de o próprio MEC ter determinado fechamento de vagas em faculdades particulares por falta de qualidade?

Dallari Bucci - Não acho. O que o MEC tem feito não é diminuir oferta, é fechar curso que não corresponde a critérios de excelência. Estamos acabando com as vagas em cursos ruins e vamos dar espaço para os bons.

UOL Educação - Quantas faculdades estão na fila esperando autorização para abrir?

Dallari Bucci - Muitas, não saberia quantas são exatamente agora. Todo mundo pede para abrir curso novo e não é proibido pedir. O MEC vai assegurar que só vão abrir cursos que tenham qualidade. O que a gente não pode aceitar mais é o aluno ficar três, quatro anos num curso e não ser aprovado na OAB, não conseguir trabalho...

UOL Educação - Mas por que essa qualidade não foi exigida para os cursos que já abriram?

Dallari Bucci - O processo de autorização de novos cursos era desorganizado, os critérios eram pouco claros. O MEC fez uma reforma do marco regulatório da Educação. Desde 2006, agora o processo está mais transparente. Há instrumentos de avaliação com critérios objetivos e rigorosos...

UOL Educação - Muitos dos cursos abertos há dez anos teriam autorização negada se fosse hoje?

Dallari Bucci - Com certeza. Mas esses cursos serão trazidos para um padrão rigorso à medida que forem reavaliados. Desde 2007, todos os cursos são avaliados de três em três anos. Nesse período, todos os cursos do Brasil serão analisados por instrumentos como o Enade (antigo provão). Quando identificamos um problema, a instituição tem prazo de até um ano para corrigi-lo, se não, terá de fechar.

UOL Educação - Nenhuma dessas instituições que querem abrir vaga é pública. Não dá a impressão de que a expansão do ensino superior ficará nas mãos da iniciativa privada?

Dallari Bucci - Não é verdade. O Reuni [plano de expansão das universidades federais] fez duplicar o número de vagas nas universidades públicas. O ensino tecnológico, que muita gente esquece que é de nível superior, teve uma expansão nunca vista antes no Brasil...

UOL Educação - O Conselho Federal de Medicina quer um exame nos moldes da OAB. Se as faculdades fossem boas, esse tipo de prova não seria dispensável?

Dallari Bucci - A obrigação do MEC é avaliar os cursos, fazer que eles formem bons profisisonais para o Brasil. A OAB e o CFM cuidam do exercício profissional, é outra questão.

UOL Educação - Nos exames da OAB, dificilmente mais da metade dos formados conseguem passar da primeira fase. Quando isso deve mudar?

Dallari Bucci - Acredito que em três ou quatro anos, quando tivermos feito a primeira varredura em todos os cursos. Mas é importante lembrar que a OAB têm os seus critérios de avaliação, que fogem ao controle do MEC.

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