Universidades criticam novo índice do MEC
Federais dizem que comparação entre instituições grandes e pequenas distorce o resultado; UFRJ vai propor mudança
Natália Soares e Demétrio Weber
RIO e BRASÍLIA.
Um dia após o Ministério da Educação (MEC) divulgar o novo indicador que reprovou um terço das instituições de ensino superior, dirigentes de universidades públicas e privadas criticaram ontem o índice. Eles argumentam que o IGC não é capaz de refletir a qualidade de uma instituição e tampouco permite a comparação de estabelecimentos de tamanhos diferentes. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vai propor ao MEC que se faça uma diferenciação em seus critérios, de acordo com o tamanho das universidades.
- Quando este índice é aplicado a várias universidades de tamanhos e realidades diferentes, pode causar distorção. Da forma como está sendo feito, uma universidade com um curso de pós-graduação bem conceituado e cinco de graduação com boas notas, pode se sair melhor do que uma universidade com muito mais cursos - disse a pró-reitora de Graduação da UFRJ, Belkis Valdman.
A UFRJ obteve a sétima posição entre as melhores universidades do país, atrás de instituições menores como a Universidade Federal de Viçosa e a Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Para a decana do Centro de Ciências da Matemática e da Natureza, Ângela Rocha dos Santos, o ranking não aponta a real posição da universidade:
- No cenário nacional, a UFRJ certamente ocupa os primeiros lugares em qualidade. Estas avaliações em grande escala são importantes para o ministério direcionar políticas públicas, mas acho que rankings não dizem muita coisa. Estão comparando laranjas com maçãs. As universidades menores têm vantagens na comparação.
Ressalvando que são favoráveis à avaliação, reitores temem prejuízo à imagem dos centros de ensino.
- O indicador é um avanço, mas não conseguiu captar a universidade como um todo. O MEC precisa dialogar mais. Depois que divulga os resultados, não adianta fazer seminário - disse Amaro Lins, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Lins é reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que está na 22ª posição no ranking de 173 universidades. Segundo ele, a UFPE oferece mais de 80 cursos contra apenas um da Escola Brasileira de Economia e Finanças, da Fundação Getúlio Vargas, do Rio, que atingiu a nota mais alta.
- A contribuição de uma universidade com 40 cursos muito bons será mais significativa do que uma com apenas três.
"Os alunos não têm compromisso com o exame"
O presidente da Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior (Abmes), Gabriel Mário Rodrigues, disse que as instituições públicas têm melhores notas, na média, porque recebem alunos do ensino básico privado. Falando em nome do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, Rodrigues criticou o Enade, que serve de base para o novo Índice Geral de Cursos (IGC) das instituições. O IGC também considera as notas de mestrados e doutorados avaliados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
- Os alunos não têm compromisso com o exame - disse Rodrigues.
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